Projeto ElectroQwerty, v.1:

ElectroQwerty
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ElectroQwerty · Porto Alegre, RS
28/5/2007 · 157 · 15
 

Em nossa época, testemunhamos uma profusão sem precedentes de mídias, gerando inúmeras especulações sobre o futuro da tecnologia e suas conseqüências sobre o ambiente humano. No caso específico da prática musical, talvez uma das situações mais interessantes (e perturbadoras) geradas pela presença maciça de meios eletrônicos e computadorizados seja a relativização das distinções entre compositor-executante-ouvinte (bem como uma expansão das possíveis interações entre estes). Tal relativização está diretamente ligada ao surgimento do registro fonográfico, como podemos exemplificar a partir de uma concepção do compositor norte-americano Jonathan Kramer. Para este autor, um equipamento de reprodução (enquanto uma tecnologia que proporciona ao usuário um controle considerável sobre o contínuo sonoro) não difere significativamente de ferramentas composicionais eletrônicas. Ao contrário da partitura tradicional (um meio com base na visualidade), o registro fonográfico faculta aos compositores criar suas obras diretamente sobre um suporte definitivo, o que vem estimulando a interdisciplinaridade e permitindo que leigos desempenhem um papel que vai além da condição de ouvinte. De forma semelhante, as interfaces de softwares musicais não apresentam necessariamente grandes contrastes em relação a interfaces de programas de uso mais geral (editores de texto, navegadores, etc.), o que facilita o acesso de usuários comuns à criação musical. Assim, práticas distintas acabam por compartilhar recursos semelhantes para criação e reprodução (por exemplo, DJs e compositores de música eletroacústica), o que favorece o intercâmbio de contextos e referências (por sinal, um dos principais desafios da nossa época). Em nossa opinião, a faixa de produção habitualmente chamada de música popular apresenta características afins com o acima exposto, dada sua permeabilidade às influências mais diversas. Segundo o antropólogo Rafael José de Menezes Bastos (no artigo Músicas Latino-Americanas, Hoje: Musicalidade e Novas Fronteiras), a música popular (para ele, conseqüência direta do advento do registro fonográfico) configura uma linguagem dialógica e desterritorializada, capaz de incorporar o passado e postular o futuro, e cujas relações se dão tanto por contraste quanto por inclusão, favorecendo uma grande conversa mundial de sistemas musicais.

Em tais contextos de hibridizações sonoras, a tecnologia (seja ela qual for) já não pode ser considerada apenas enquanto ferramenta, sendo urgente perceber sua influência sobre o pensar composicional. Este quadro de redefinição de papéis vem revelando oportunidades insuspeitas de composição e interpretação. Vive-se uma época de transição, e, como é característico de tais períodos, as possibilidades ainda são emergentes, não sendo de todo perceptíveis. Para Kramer, tal transição se completará apenas quando as pessoas estiverem aptas a confrontar o impacto total da revolução tecnológica.

Em acordo com tais idéias, o projeto ElectroQwerty funciona como um laboratório com a proposta de criar obras que atuem como um recurso de sondagem do ambiente, contribuindo no processo de criação de novos referenciais e na observação de suas conseqüências (ou seja, uma atitude experimental frente a novos desafios, uma vez que as forças atuantes no atual contexto tecnológico ainda não estão de todo claras). Com ênfase no estímulo a novas percepções e cognições, é estabelecido um ambiente de criação pleno de possibilidades e de descobertas pessoais. Produtores de diversas áreas (DJs, roqueiros, programadores, músicos acadêmicos, designers, professores) configuram uma oficina voltada para a pesquisa de resultados sonoros diferenciados, onde atividades lúdicas e prática especializada se complementam (inclusive com a participação de leigos e crianças). A partir de um núcleo de coordenação (Marcelo Birck, Antônio Nunes e Luciano Flores), são propostas estéticas demonstrativas do potencial da tecnologia na experimentação de sonoridades inéditas, e que raramente se encaixam nos meios habituais de difusão e comercialização. O processo inclui áudio-games, instrumentos virtuais, algoritmos, remixes, colaboração à distância, licenciamento alternativo e interação com outras artes. Noções de finalização e autoria são incorporadas a um contexto mais amplo através de técnicas de criação coletiva, onde computadores são usados como catalisadores para um intercâmbio de práticas e recursos (pop/música eletroacústica, ruídos/freqüências, ritmos/texturas, digital/analógico, base gravada/execução ao vivo, intuição/mensuração, escrito/gravado).

Os resultados estão sendo disponibilizados no perfil do projeto no MySpace.

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Eduardo Menezes
 

asdfgh

Eduardo Menezes · Porto Alegre, RS 27/5/2007 13:09
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ElectroQwerty
 

AHAHAHAH, ótimo comentário! Temos que te convidar pras atividades do ElectroQwerty! Valeu, e muito zxcvb pra ti!

ElectroQwerty · Porto Alegre, RS 27/5/2007 13:32
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Georgia Cynara
 

0º.:ºoOº0

Georgia Cynara · Goiânia, GO 27/5/2007 16:39
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glerm
 

marcelo birck indicou, escutei, votei. simples assim.

glerm · Curitiba, PR 28/5/2007 13:38
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glerm
 

achei meu comentario inutil mas tudo bem, ja fiz o voto. chega de votos.

glerm · Curitiba, PR 28/5/2007 13:40
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Helder Dutra
 

...som batuta...e o carinha do teclado tem só 12 mesmo?

Helder Dutra · Rio de Janeiro, RJ 28/5/2007 17:04
1 pessoa achou útil · sua opinião: subir
ElectroQwerty
 

Com certeza, Helder. Mas não é exatamente um teclado, é um instrumento virtual criado para ser tocado até mesmo por pessoas sem formação musical.

ElectroQwerty · Porto Alegre, RS 28/5/2007 21:01
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diginois.com.br
 

como vcs mesmo dizem: "a fuder!!!!"

diginois.com.br · Rio de Janeiro, RJ 28/5/2007 21:28
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Lia Amancio
 

Esse instrumento virtual é que é uma incógnita. Se até o Lucas Pimenta tocou, fica a pergunta: e a gente? Toca aonde? Essa colaboração à distância já é possível ou tá apenas nos planos ainda?

Lia Amancio · Rio de Janeiro, RJ 29/5/2007 00:30
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ElectroQwerty
 

Grande Lucas, legal que curtiste. Lia, a colaboração à distância já é possível, basta a galera se manifestar, que a gente se organiza por aqui. E sim, o teclado virtual pode ser tocado por qualquer um. Estamos adaptando a interface depois das primeiras experiências, quando estiver pronta podemos mandar o arquivo. Roda em um programa chamado Pure Data

ElectroQwerty · Porto Alegre, RS 29/5/2007 09:51
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Eduardo EGS
 

Bah, muito desafiador isso aí.

Faz a gente questionar vários parâmetros musicais, sem dúvida.

Eduardo EGS · Porto Alegre, RS 29/5/2007 11:07
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Chico Gomes
 

Massa! Toda inovação e experiência é bem vinda.
Curti esse lance da interatividade musical a distância.
Boa caminhada!

Chico Gomes · Salvador, BA 29/5/2007 11:35
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Filipe Barros
 

Cara muito boa essa proposta de explorar essas novas possibilidades e flexibilizar as fronteiras da produção artítica, estava muito curioso para conhecer grupos estivessem trabahando nessa perspectiva, vou procurar e sacar mais sobre isso. Abraço.

Filipe Barros · Recife, PE 29/5/2007 16:00
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ElectroQwerty
 

Legal Filipe, se tiver qualquer informação que possa acrescentar, nos comunique. Valeu!

ElectroQwerty · Porto Alegre, RS 29/5/2007 18:50
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Carlos CXOliveira
 

Caro,
a idéia do seu projeto me animou muito! Sou músico e proto-estudioso da Internet, então me identifiquei muito com a iniciativa.
Vou mandar uma mensagem para você para passar meu contato e tal, mas já adianto umas idéias e questionamentos.

Parabenizo a iniciativa. A meu ver, a colaboração virtual só tem a acrescentar e ensinar a quem participa, seja ativa ou passivamente.

A premissa teórico-crítica de vcs é interessantíssima, mas ela não se esvazia um pouco sem uma proposta mais objetiva? (Pergunto apenas lendo o que vc postou e ouvindo a página do Myspace, então por favor perdoe qualquer erro crasso).

Já comecei a ler e vou debulhar esse sistema Pure Data, que não conhecia. =)

Abçs

Carlos CXOliveira · São Paulo, SP 28/7/2008 19:11
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Faixa na qual é utilizado um teclado virtual operado por Lucas Pimenta (12 anos)

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