Quinta: Hoje é dia do Amor

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Leca Perrechil · São Paulo, SP
17/4/2007 · 111 · 2
 

Na entrada do teatro, ficamos sabendo pelo rapaz da bilheteria: “Essa peça é a mais concorrida. Até já acabaram as reservas. Todo mundo quer ver o Gustavo peladoâ€.

Gustavo Haddad é um ator mais conhecido por suas aparições na TV. Já participou de produções da Globo, da Record e SBT, como Malhação e Chiquititas. Gustavo também está na Wikipédia.

Em “Hoje é dia do Amorâ€, Gustavo vive um michê de luxo que celebra com sua dor a Quinta-feira Santa, depois de saber que um antigo amor se suicidou na mesma data. Para isso, ele permanece no palco o tempo inteiro nu e acorrentado em uma cruz.

Para o michê, a data é o Dia do Amor porque Jesus entregou sua vida pela humanidade inteira. Assim, ele comemora a data com o maior amor possível, sendo capaz de sentir prazer durante a dor.

Escrito pelo colunista da G Magazine João Silvério Trevisan, o monólogo aborda angústias da vida pós-moderna, em que o homem vive constantemente de dor – por existir, por sentir prazer em atividades socialmente questionáveis ou por querer ter algo que não tem.

Como algumas práticas são moralmente condenáveis, os personagens precisam entrar no submundo para conquistar seus desejos e tentar suprir a própria dor, mesmo que seja com mais dor. A figura do juiz – membro socialmente respeitável – aparece como um dos clientes do michê que gosta de ser dominado por ele durante sessões sadomasoquistas. Um policial é o responsável por acorrentar o protagonista na cruz. O próprio rapaz tinha estudado para virar padre, porém, se realizou como puto. Acaba sendo um jogo inspirado na realidade, porém, com os personagens interpretando livremente os papéis que desejarem, sem amarras sociais.

Assim, se você pretende assistir à peça apenas para ver o Gustavo pelado, não assista. Porque, mesmo que consiga se satisfazer por 15 minutos, a estrutura do Espaço Satyros 1 não permite que o espectador saia no meio da peça sem passar pelo palco. Pra aqueles que não gostam de monólogos, podem exercer a metalinguagem sentindo um pouquinho de dor. Para os que gostaram do que leram, assistam. Para os que não, façam o que quiserem – sejam sadomasoquistas ou vivam nas regras da sociedade.

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Roberta Tum
 

Fiquei com vontade de assistir a peça! Parabéns pelo texto!

Roberta Tum · Palmas, TO 18/4/2007 10:29
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Leca Perrechil
 

Obrigada, Roberta!

Leca Perrechil · São Paulo, SP 18/4/2007 14:46
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