* Radiocom
O último domingo (23) é uma data histórica para Pelotas e para os movimentos sociais dessa cidade. A Rádio Comunidade FM - que,em 12 junho, completa 5 anos - dá um grande passo para disputar a hegemonia na comunicação levando suas ondas sonoras para a internet.
Agora é só clicar www.radiocom.org.br e se deliciar com a programação da Rádio Comunidade FM104.5: muita música popular brasileira de qualidade, debates, entrevistas e notÃcias. A RádioCOM é uma emissora comunitária que está posicionada sempre ao lado dos trabalhadores e junto dos movimentos sociais.
Um pouco de história
A história da RádioCOM iniciou em 1998, a partir da iniciativa de algumas pessoas e sindicatos de trabalhadores de Pelotas. Tomaram a frente do projeto o Sindicato dos Bancários de Pelotas e Região e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e Cooperativas da Alimentação, o STICAP. Estes sindicatos, ao observarem a necessidade da democratização dos meios de comunicação no Brasil e o seu papel enquanto entidades que representam os trabalhadores das suas categorias especÃficas e, mais do que isso, a luta geral dos trabalhadores na dimensão da polÃtica de caráter solidário e classista defendida pelos princÃpios dos quais ambos são signatários no âmbito da sua organização nacional através da Central Única dos Trabalhadores - CUT, definiram um calendário de encontros para iniciar a construção de uma rádio comunitária de caráter popular em Pelotas.
Desde as primeiras reuniões, ocorridas no Sindicato dos Bancários, que foi o "berço" da RádioCOM, definiu-se que seriam seguidos os princÃpios que regiam o movimento nacional de rádios comunitárias, através da sua associação: a Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (ABRAÇO).
Iniciou-se aà um processo de trocas de experiências com reuniões abertas à comunidade e que, ao longo do tempo, foram agregando mais sindicatos de trabalhadores, movimentos sociais e pessoas da comunidade.
Entre os setores que compuseram o "mosaico" inicial da experiência da RádioCOM estavam, além de representantes de diversos sindicatos, o movimento hip-hop, artesãos, músicos, ambientalistas, estudantes, curiosos, jornalistas, movimento negro, radialistas excluÃdos das rádios oficiais etc. Um dado interessante é o de que, pelo fato da iniciativa de construção da emissora haver partido de sindicatos de trabalhadores, poderia haver o risco da emissora assumir um caráter de "rádio sindical", porém desde o inÃcio o projeto orientou-se na perspectiva de um meio plural, aberto as iniciativas existentes na comunidade.
Os primeiros desafios do processo de construção da emissora eram a parte legal, o financeiro e o caráter da emissora. Os sindicatos mobilizaram-se e estabeleceram uma polÃtica de cotas para que fossem comprados os equipamentos. Paralelo a isso realizaram-se as discussões para a definição da potência da rádio, localização, modelo de gestão e conteúdo de programação.
Decidiu-se que a emissora teria como princÃpios a luta pela liberdade e democratização dos meios de comunicação, dar voz aos movimentos sociais que são geralmente excluÃdos da imprensa oficial, ter programação voltada para a informação e educação, valorizar a cultura local e popular e proporcionar a participação da sociedade na emissora.
O perÃodo de discussões para a criação da RádioCOM durou de 1998 até 2001, com reuniões e debates acerca do tipo de música que deveria e que não deveria tocar, de como seria a programação informativa, os programas etc. Em 1999, após duas assembléias gerais abertas à comunidade e divulgadas com edital público nos jornais locais, foi realizada a fundação da Associação Cultural Rádio Comunidade FM de Pelotas - RádioCOM. Logo a seguir, com a legalização da associação, deram-se os encaminhamentos de envio de documentação ao Ministério das Comunicações com pedido de liberação de um canal de Rádio Comunitária para Pelotas, o que até hoje não foi deferido.
A RádioCOM teve uma primeira experiência no ar, algo como uma pré-estréia, ao transmitir ao vivo do pátio do antigo Instituto de Ciências Humanas da UFPEL, um evento organizado pelo movimento negro de Pelotas: foi o 1º Encontro da Consciência Negra, que ocorreu no dia 18 de novembro de 2000. Os "rádiocomunitários" transferiram para o local todo o aparato de equipamentos da emissora para a realização da transmissão. O detalhe curioso é que a antena foi instalada no alto de um bambu, que foi tirado do varal de secar roupas da casa dos pais de um dos membros da rádio.
No dia 12 de junho de 2001 a Radiocom entrou no ar e, agora, também está na internet.Onde a cultura é livre!!!
Mais um passo rumo à comunicação livre e alternativa.
Parabéns a todos que estão ajudando a construir uma nova perspectiva de comunicação fora das amarras dos interesses economicos.
Avante!
Giza.
Domingo 16 de setembro de 2007, 09:40 da manhã. Ligo meu notebook e aponto meu navegador para o sitio da RádioCom - 104.5 - de Pelotas, RS. Imediatamente reconheço a voz do meu amigo Glenio Rissio e algumas memórias vão ganhando vida própria quando um sopro de frescor retira a poeira que insiste em cobri-las. Em novembro de 2006 o FPMRS - Fórum Permanente de Música do RS - foi convidado por Vitor Azubel para uma reunião com os músicos de Pelotas, no intuito de preparar a instalação de um fórum permanente de música na cidade. Designado para ir, estava eu reunido com os músicos quando - quase ao final da reunião - chega uma figura esbaforida, com olhos inquietos e um discurso prá lá de positivo. Terminado o compromisso convidou-me para uma entrevista na RádioCom, ao que imediatamente aquiesci. No caminho, enquanto conversávamos, fui descobrindo Glenio Rissio, um entusiasta da cultural local, daqueles que a entendem como forma de diminuir diferenças e reparar as mazelas do sistema. Quando cheguei à rádio Celso Krause preparava-se para colocar no ar seu programa Jam Sessions, e por aà já foram mais alguns bons momentos de conversa da boa. Voltei para Porto Alegre com a certeza de ter conhecido uma rádio especial, verdadeiramente comunitária, que conta com uma equipe abnegada, trabalhadora e exigente que põe foco na qualidade do que comunicam. Semana passada, em dois breves encontros com Glenio, conheci também o ATENTO, informativo mensal da RádioCom e a revista GENTEBOA, publicação mensal da Orgânica Comunicação que é distribuÃda gratuitamente em faculdades, cafés, cybers, bares, hotéis, eventos culturais da cidade e que também pode ser encontrada no sitio www.pelotasgenteboa.com.br.
RádioCom é um exemplo a ser imitado Brasil afora. Fiquem com meu abraço.
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