“Vê, o meu Recife se enfeitou demais/ Olha, até o rio parou de correr...â€
Ainda estou meio de ressaca, mas como prometi, vou relatar o que rolou no Carnaval aqui da Veneza Brasileira e em Olinda. Por enquanto vou falar da mega-abertura na sexta-feira e, ao longo da semana, vou postando detalhes, pois são muitos.
INDESCRITÃVEL é a palavra que mais se aproxima do espetáculo que foi a abertura do Carnaval Multicultural do Recife. Várias vezes me emocionei (eu e todo mundo!) e me arrepiei no meio da multidão que tomou a praça do Marco Zero da cidade, enfeitada com os gigantescos passistas do artista plástico Lula Cardoso Ayres, num cenário maravilhoso e que tornou a noite inesquecÃvel. Vou abrir aqui um parêntese para elogiar a decoração de bom gosto das pontes e dos pólos com motivos inspirados na obra de Lula (o artista!), que foi um dos homenageados do Carnaval 2007.
Continuando: gente de tudo quanto é lugar, turistas visivelmente deslumbrados vieram saudar os 500 batuqueiros das 15 nações de maracatu de baque virado sob o comando do maior dos percussionistas brasileiros, o grande Naná Vasconcelos, que por sua vez vieram saudar a majestade da festa, o Frevo. O baticum das alfaias ecoou por todo o Recife Antigo e um show pirotécnico se encarregou de deixar a festa mais linda do que estava. Acho que teve mais fogos que no reveillon e tanto quanto no aniversário do frevo, no dia 9!
Mas o melhor ainda estava por vir, porque eis que surge sob um pálio de maracatu, uma extasiada Maria Bethânia pedindo licença ao povo da nossa terra e o mestre Naná para cantar. Nem preciso dizer que o Recife inteiro presente se rendeu a essa gentileza da cantora baiana, que estava vestida tal qual aquela capa do disco Pássaro Proibido. Cantou músicas de candomblé com babalorixás e ialorixás da cidade, e massageou mais ainda o ego pernambucano cantando A Festa (“Belo é o Recife pegando fogo/ Na pisada do maracatu.â€). Lógico que ela deixou para o final, pra delÃrio da galera, o Frevo n° 1 do Recife (“Ô, Ô, Ô, Ô, Saudade/ Saudade tão grande/ Saudade que sinto do Clube das Pás/ Do Vassouras/ Passistas trançando tesouras/ Nas ruas repletas de lá...â€), cantando ao lado de uma orquestra de pau-e-corda e de um afinadÃssimo Coral Edgard Moraes. Muita gente reclamou que o investimento foi muito alto pra ela cantar apenas cinco músicas. Eu particularmente gostei, porque havia ainda muitas atrações.
Depois entrou a sensacional Orquestra Popular da Bomba do Hemetério, com o não menos sensacional Maestro Forró e deram um show à parte, com todas as mesuras e “coletes†que tinham direito. O povo simplesmente não acreditava no que via: uma orquestra de frevo juntando coco-de-roda com jazz da Louisiana e sambada de maracatu rural aos acordes do frevo-de-rua! E quando a orquestra e os maracatus entoaram juntos o “Evoé, Hino do Carnaval de Pernambucoâ€, então foi pra morrer!
Logo após subiram na passarela mais dois cortejos (foram três contando com o de maracatus), um com os tradiconais blocos lÃricos e outro trazendo os centenários clubes e troças de rua, como Vassourinhas e Lenhadores, mostrando porque o Recife é a capital do frevo. Arrebentaram! Claudionor Germano, o mais popular intérprete de frevo daqui, fez "frever" a praça com o hino do Batutas de São José ("Eu quero entrar na folia, meu bem/ Você sabe lá o que é isso...").
Qualquer criatura dava-se por satisfeita se o show acabasse por ali, mas não o pernambucano. E pra fechar com chave de ouro, aparece tocando a sua indefectÃvel rabeca, o multiartista Antônio Carlos Nóbrega, acompanhado da Orquestra de Frevo do Maestro Spok (que arrasou na festa do aniversário do frevo). O paraibano Chico César deu uma canja cantando o frevo-de-bloco Evocação n° 1 de Nelson Ferreira (“Felinto, Pedro Salgado, Guilherme, Fenelon/ Cadê seus blocos famosos..â€). E Nóbrega com aquele seu didatismo contou a história do frevo em passos e música encerrando o show. Ufa!
Fui pra casa em êxtase, dormir para o Galo da Madrugada no outro dia. Mas esse assunto vai ficar para o próximo.
O texto que você acabou de ler faz parte de uma série sugerida e organizada pela comunidade do Overmundo. A proposta é construir um panorama do Carnaval do Brasil, sob a ótica de colaboradores espalhados por todo o paÃs. Para ler mais relatos sobre o assunto busque pela tag carnaval-2007, no sistema de busca do Overmundo.
Bom texto sobre nosso carnaval.
Já deu uma olhada no que escrevi tb?
http://www.overmundo.com.br/overblog/relato-de-um-foliao-dos-dias-da-folia-no-recife
Deu vontade de ter estado aÃ.
Abraço e parabéns pela narração.
Sem comentários.... Li na sequencia, depois do texto de Jamerson, o seu. Descrições do melhor carnaval do Brasil tomam a pagina principal do Overmundo... isso eh muito bommmm
Raquel Gonçalves - Grupo TR.E.M.A. · Fortaleza, CE 25/2/2007 00:13ah.. vale lembrar que deu para me fazer inveja na primeira parte do texto, pq eu cheguei no marco zero a Bethânia tinha acabado de sair do palco. Daà em diante presenciei tudo e senti toda essa vibração!! hehe bjão
Raquel Gonçalves - Grupo TR.E.M.A. · Fortaleza, CE 25/2/2007 00:15
Aê galera,
Valeu pelos comentários! Ano q vem começa tudo de novo.
Um abraço
rapaz! vc descreveu muuito bem a abertura do carná Recifense. vc é roteirista de cinema? abraço, rosa
Rosa Campello · Recife, PE 4/3/2007 03:02
Oi Rosa,
Imagina, sou um mero colaborador overmúndico. Vc tava lá, né? Acho q sentiu a mesma emoção.
Um grande abraço
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