Minha primeira experiência escolar foi absolutamente desastrosa. Corria o ano de 1951 e meus pais moravam na casa de meus avós numa pequena rua do bairro da Água Branca, em São Paulo, A rua chamava-se Melo Palheta em homenagem, foi o que me disseram, ao homem que trouxe a primeira muda de café para o Brasil. Aliás, ainda se chama. Fica a um quarteirão do Parque da Água Branca, parque estadual dedicado à Zootecnia e um local de lazer extremamente agradável a dois minutos (de carro) do centro de São Paulo (final do Minhocão, hoje em dia).
Neste parque funcionou uma ?Escola de Aplicação ao ar livre? (é o que diz um caderno escolar do meu irmão, datado de 1952). Não me perguntem, porque não vou saber responder, a qual instituição de ensino normal ela estava vinculada. O fato é que meu irmão mais velho foi protagonista de um episódio que minha mãe sempre contava. Aliás, só agora me dou conta, que a mesma orientadora educacional citada na minha colaboração ?A Escola era Risonha e Franca: Reminiscências? era quem tinha a mesma função (acredito eu que fosse a mesma) na Escola de Aplicação supra citada. Meu irmão, dos 4 para os cinco anos era uma criança de tipo mignom, menor que os meninos da idade dele e, quando minha mãe quis matriculá-lo na escolinha houve resistência por parte desta mulher, que se chamava Eli ou Hely. O fato é que foi aplicado um teste psicológico e meu irmão classificou-se em primeiro lugar, superando, inclusive, meninos mais velhos que ele.
Quando cheguei à idade em que meu irmão tinha entrado no prézinho (quatro anos) minha mãe me deu a mão e me levou para dentro de uma sala de aula da tal pré-escola. Sei lá, acho que não tinha entendido muito bem que chegara a hora da separação da saia da mãe, e, principalmente, dos cuidados da avó. O fato é que me vi perdido na sala de aulas e até apavorado. Não sei quantos dias durou aquele pesadelo, só me lembro de dois fatos: a professora chamava meu nome e eu nada respondia, e aí um coleguinha, meu primeiro real instrutor escolar, se chegou a mim e disse ? ?Quando ela disser teu nome diga ? Presente?. Esta é uma das coisas que me lembro. A outra é que, quando me soltei um pouquinho comecei a brincar dando voltas em redor de uma das mesinhas (eram mesas quadradas para quatro crianças cada). A professora me pôs de castigo e nisso eu pirei, chorando muito e tudo.
Desde então, o que já era um sacrifício virou um martírio para mim não sei precisar por quantos dias mais.
Uma tarde meu pai estava deitado na cama deles e minha mãe estava trabalhando. Deitei perto dele (minha mãe foi quem me contou os detalhes da conversa com o meu pai) e disse:? ?Papí (era como nós o chamávamos e, a ela Mamí) não conte nada pra Mamí, mas a professora me pôs de castigo na escola? ? isto já cheio de lágrimas nos olhos ??e eu não quero mais voltar lá (ou coisa que o valha)?; enfim, desabafei um peso que estava carregando. Bom, resumindo; é claro que meu pai falou com a minha mãe e ela virou uma fera, ou quase, indo tomar satisfações com a professora e me desobrigando daquela tão cruel experiência.
Não fui pré-escolar por muito mais do que dez dias. Mas, pensando hoje, eu não sei dizer se meus pais agiram corretamente dando mão forte à minha revolta. Afinal, no mesmo período ainda havia escolas que ainda adotavam castigos físicos e o meu castigo não chegou nem perto disto, isto é, não sei dizer se não fui mimado em excesso. Talvez
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EM TEMPO: UM ACHADO (no Google)
Grupo Escolar Pedro Voss.
Engenheiro: E. R. Carvalho Mange, 1952
Crédito: Extraído da revista Habitat nº 9, 1952, p. 5
?A ESCOLA NOVA?
Em 1948, São Paulo tinha 48 mil crianças sem escola. O plano do Convênio Escolar pretendia que em 1954, no ano do IV Centenário, nenhuma criança estivesse sem vaga.
Nas escolas construídas nesse momento vemos uma complementaridade entre a postura educacional e o edifício escolar. A organização do Programa de Necessidades da escola definia um novo resultado. As escolas construídas na época não eram apenas um conjunto de salas. Dentro do prédio da escola tínhamos ambientes com funções de ensino, de recreação e de administração. Seriam essas as três ?zonas da escola?.
Na zona de ensino localizavam-se as salas de aula, o museu escolar, a biblioteca infantil e a ginástica programada. Na zona de recreação ficavam o galpão para recreio coberto, o cinema educativo e um palco para dramatizações. Na última zona, a da administração, estavam as salas da diretoria e da secretaria, o arquivo, o depósito de material escolar, a sala de professores, a biblioteca didática e o almoxarifado, além da assistência escolar, que abrangia o aspecto médico, dentário, social e de nutrição.
O texto acima, acompanhado da foto do grupo escolar exposta ao lado, foi extraído do site São Paulo 450 anos
Querida Bruna:
Obrigado pela visita e pelos elogios. Você é linda!
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho
OI Joca, coloquei aqui um recado e agora estou vendo que ele não foi.
O texto está ótimo e as fotos super lindas. O projeto pegou e está indo de vento em popa. Eu só fico lendo, me deliciando com esse tema que junta história e escola (quer algo melhor pra mim?) e não escrevo mais nada até porque, como já disse, não encontro minhas fotos.
Gostei demais do texto da Cris, cujo link estou incluindo aqui para quem quiser ler mais de "reminiscências-de-escola" - projeto que o Joca lançou aqui no overmundo. E também este link para o texto do Aldo.
Beijos
Queridos Ize e Joca,
Ize, querida, agradecida pelos elogios e dicas. Joca, meu querido editor, você precisa deixar bem claro para alguns coordenadores do site porque escolheram o Overblog para postarmos nossas reminiscências...É aquela velha discussão...Falar de Educação e Saúde só cabe no Banco de Cultura?
O próprio Hermano aprovou a idéia, será então, falta de comunicação?
Joca, parabéns por mais este entusiasmado texto (tão bem ilustrado) pra o projeto comum, que você nos propõe. Um grande abraço.
Joana Eleutério · Brasília, DF 13/9/2007 18:22
Grande Joca!
Tua idéia floresceu como a imagem da Joana logo acima. Muito legal!
Deixo aqui, com satisfação, meu voto e meu abraço,
Aldo
Votado, aplaudido, abraçado com carinho de todos que têm saudades ..."da aurora de nossas vidas, das nossas infâncias queridas, dos tempos que não voltam mais..."
BJOCA
Oi Joca, volto pra dizer que votei e que estou feliz com os primeiros textos. O único senão, além da lentidão do overmundo já desde ontem (que atrapalha muito a navegação), é que quando a gente procura pela tag "reminiscências de escola", o resultado da busca é nulo. Isso não pode dificultar que a gente ache os possíveis colaboradores? A idéia da tag comum não era exatamente esta? Acho que vou consultar os administradores sobre isso.
Beijo grande e Parabéns!!!
OI, joca,
gostei do convite, gostei do seu texto e já estou lendo os outros que vc indicou. Esse projeto é uma maravilha, gosto demais dos textos de memória, as fotografias são lindas. O que houve com vc ou com o fotógrafo, que te apagou na foto?
Já estou escrevendo as minhas reminiscências.
Abçs de Betha.
Joca, meu anjo andarilho,
desculpe-me, mas ando tão cheio de trabalho aqui na agência que mal estou tendo tempo de entrar e ler algo no Over. Pelo que vejo, sua idéia emplacou. Continuo devendo meu texto. Este seu está, como sempre, maravilhoso. As fotos também. Votei com prazer. Ainda tenho que ler os dos outros overmanos e overminas, o que farei tão logo consiga um tempinho.
Um abraço.
Mãozinhas nos corações, cantando o Hino Nacional, que sabíamos de cor mesmo sem entender o significado de tantas palavras...Mas é uma declaração de amor a este País tão lindo, que me emociona e até hoje choro...Acreditava num futuro melhor...
BJS
CRIS
Eu já tinha lido, Joca, foi um dos textos que me deu vontade de escrever um também, ou seja, pode-se chamá-lo de "texto inspirador". A foto é sensacional demais, o seu incômodo com a escola era tão grande, que você não saiu na foto, saiu fora de foco. Perfeito, metáfora pura.
DaniCast · São Paulo, SP 14/9/2007 13:53
Então, Andarilho, quantas reminiscências!
Esse nosso olhar sobre o passado revela tantas coisas...
Ma o mais importante é que seja útil no presente!
Abraço!
Joca, querido.
Custei mas agora li com atenção, com amor, e votei!
Estou tentando tirar o atraso, causado por várias semanas de trabalheira brava - que me afastaram daqui!
Que ótimo texto! Que contribuição maravilhosa para o nosso já tão desejado filho comum (o Reminiscências...)
Abração,
Baduh
Querido Baduh: Sinceramente se alguém me mandar escolher entre os três textos que escrevi para as reminicências, antes dele mandar eu já escolhi este. Porque foi a voto no momento em que o texto da crispinga estava, mui justamente, bombando, acabou passando quase despercebido. Coisas do ovemundo.
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho
Queridos amigos:
vejam que legal o e-mail que acabo de receber!
Caro Sr. Joca Oeiras
Me chamo, Andre Dalben e sou aluno de mestrado da Faculdade de Educação Física da Unicamp, e dentre os assuntos que abordo em minha dissertação inclue a Escola de Aplicação ao Ar Livre de São Paulo.
Ao pesquisar por curiosidade no google encontrei seu texto "Reminiscência escolar: os primórdios", no site "Overmundo".
Muito da documentação desta instituição escolar se perdeu com o tempo. Com minhas pesquisas pude levantar algumas informações, como por exemplo que ela era ligada a Escola Superior de Educação Física de SP. Ela foi a única escola do Brasil com o caráter de "ao ar livre".
Gostaria de saber do senhor se teria algum material dessa escola. Tudo que possa remeter a ela ja será de grande auxilio. Como fotos (pode-se inferir, por exemplo, quantos alunos por turma, sexo, idade, etc), caderno (o que era ensinado, etc.). Caso possa me ajudar com algum tipo de documento, peço que me responda a este e-mail.
Aguardo resposta.
Abraço
Andre
beijos e abraços
do Joca Oeiras,o anjo andarilho
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