Respeitável público

Marcelo Cabral
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Marcelo Cabral · Maceió, AL
28/10/2006 · 195 · 29
 

Ouvi muitas pessoas comentarem que, se tivessem dinheiro, pegariam um avião e iriam assistir ao Cirque du Soleil ou O Fantasma da Opera. Uma outra menor quantidade de gente realmente pegou esse avião e foi ver esses espetáculos, que devem ser lindos, um deleite pros sentidos, imagino. Nunca assisti, talvez se eu já estivesse por lá no sudeste, ou se houvesse eventualmente apresentações de graça em algum lugar do sertão por aqui por perto, como fez o pianista Arthur Moreira Lima em turnê pelas cidades ribeirinhas do Rio São Francisco, aí, talvez eu fosse.

Sabe por que talvez? Confesso, não sou muito fã de circo nem de opera, e me espanta, pelo que conversei com gente das duas áreas aqui em Maceió, que os admiradores dessas manifestações artísticas aparentemente não acompanhem as produções circenses e de música vocal, pra pegarmos esses dois exemplos, aqui em Alagoas.

Claro que vale a pena conhecer o novo através de espetáculos de grande porte, despertando ou não posteriormente um interesse maior por essas modalidades artísticas. Espero deixar claro que não tenho nada contra esses, como estou chamando aqui, eventos pop, mainstream, ou como queiram. O ponto que quero chegar não é a produção e a realização desses belíssimos espetáculos (pelo que aparece na TV), a questão é: Por que o pessoal de Maceió (ou outra capital) que vai com a família inteira ver o Cirque du Soleil ou O Fantasma da Opera em São Paulo nunca foi no Circo Pirulito com seus filhos? Que existe desde que eu era criança na capital alagoana, entre outros tantos circos que sobrevivem e persistem por aqui. Ou aquele belo coral da sua cidade que às vezes se apresenta de graça, na praça, pra ninguém.

Público: 0 (em quantidade e nota).

Não iria entrevistar aqui alguém que não leva seus filhos no Circo Pirulito. Primeiro, porque já sei as respostas: “Tem violência ali, o pessoal é esquisito, não tem segurança”. Segundo, porque ninguém ia querer ser a pessoa que cria toda essa áurea de maldade em cima do pobre Circo Pirulito, exatamente porque o Circo Pirulito é assim, pobre.

Pra reforçar o preconceito, o dono de um desses tantos circos periféricos de Maceió foi assassinado há pouco tempo atrás, e o povo adora transformar exceção em regra, sobretudo em cidades pequenas, vira lenda. Uma pena.

Circo-escola Guerreiros da Vila

Fui visitar o pessoal do Ponto de Cultura Circo-Escola Guerreiros da Vila, projeto desenvolvido pelo Centro de Educação Ambiental São Bartolomeu - Ceasb, que trabalha com as crianças e jovens da comunidade de catadores de materiais recicláveis da Vila Emater, mais conhecida em Maceió como Favela do Lixão.

No Circo-Escola a garotada recebe aulas de música, capoeira, artes circenses, oficinas de fotografia, de hip hop, entre outras atividades. Assisti à aula da professora de artes circenses, Fernanda Fassanaro, e dá gosto de ver a alegria dos meninos e meninas. Creio que qualquer criança e adolescente prefere passar as tardes sobre pernas-de-pau e fazendo acrobacias em vez de catar lixo. Admiro muito a profissão dos catadores de materiais recicláveis que é fundamental nas gestões municipais de resíduos sólidos, e acredito que a comunidade da Vila Emater também concorda que catar não é trabalho pra criança.

Além desta parte lúdica e essencial das aulas de circo na vida desses meninos, o ideal é que esta formação em artes circenses sirva também para o mercado de trabalho e geração de renda, no circo, não nos sinais de trânsito das grandes cidades do país.

O Circo-Escola dispõe de alguns recursos para manter seu trabalho, claro que toda ajuda é bem-vinda, mas carecem de visibilidade para suas ações e não possuem muito espaço na cidade para apresentarem seus produtos culturais nas áreas de música, artes circenses, fotografia, etc.

No entanto, quando o Circo Marcos Frota vem aqui, a prefeitura disponibiliza um espaço privilegiado no estacionamento do Bairro de Jaraguá, e enche de gente, lotado. Acho que não preciso repetir que não tenho nada contra o Marcos Frota, ou o Cirque du Soleil. Minha critica é clara e direta ao respeitável público e ao poder público também, nos estados e municípios, na administração de seus bens culturais.

Por que o Circo Pirulito de Maceió fica com os terrenos baldios?

“Complexo de inferioridade”

Fica essa impressão de “complexo de inferioridade”, como comentou Gal Monteiro, cantora coralista e assessora de imprensa do Ponto de Cultura Coretfal, um grupo coral que realiza trabalhos de educação musical na comunidade próxima a sede do ponto, no Centro, e promove o projeto Encantando a Vida junto ao Lar da Menina, no bairro da Gruta.

Gal fala disso, de uma mania em vangloriar o que vem de fora, (não que deva desmerecer) sem valorizar as produções locais ou sequer se interessar em conhecer.

O Coretfal já foi muito aplaudido em todo o Brasil e fora dele, já cantaram em várias partes do mundo e o grupo encabeça o Encoral, evento internacional de música vocal em Alagoas, mas ainda admitem que seja difícil receber o reconhecimento público aqui no estado. Recentemente, com muito esforço, conseguiram ajudar o jovem tenor Felipe de Oliveira a estudar canto da Escócia, onde ele recebeu uma bolsa de estudos.

O Circo Pirulito

Voltando pro circo. Como eu mesmo nunca fui ao Circo Pirulito, Antigo Circo Birinho, resolvi procurar por ele nos cantos da cidade. Difícil, já que programação dos circos não consta em nenhuma agenda cultural de Maceió. Encontrei o Pirulito no Bairro do Feitosa, graças à dica da professora Fernanda, do Circo-Escola Guerreiros da Vila.

A noite começou com um concurso de dança da própria criançada do bairro, como disse o mestre do picadeiro: “O Circo Pirulito é um espaço democrático que abrimos para os talentos locais”, e a meninada arriscava uns passos bem invocados de hip hop, ao som de um rap em inglês seguido de um funk batidão. Um pequenino na frente cantava o play-back na moral.

Depois de outras coreografias ao som da banda Magníficos, anunciaram uma atração, uma beleza feminina, “gostosa e popozuda”. Aí pensei “eita, lá vem baixaria”. Então ela entrou no picadeiro, Catarina Bundchen Venâncio Perez, a macaca.
Até que a danada fazia uns truques legais, mas parecia com cara de quem já anda meio a fim de se aposentar dessa vida de circo, pobre Catarina.

Na seqüência vieram os palhaços, e depois o meu preferido, o mágico, nesse caso, o “Mágico Misterioso”, que era muito bom! Incrível o ilusionismo, desperta algo de muito curioso e infantil, em mim pelo menos. Uns belos de uns truques ele fez, não entendi nada e fiquei de boca aberta.

Antes do espetáculo conversei com o Senhor Birinho, palhaço que dava nome ao circo anos atrás, e que hoje leva o nome do seu filho, o Palhaço Pirulito, candidato a deputado federal por Alagoas nas eleições desse ano.

Muitos filhos e netos e sobrinhos, uma criançada mesmo, acompanham Vovô Birinho e o Palhaço Pirulito pelos bairros de Maceió e fico imaginando uma infância dessas.

De fato, descobri duas coisas sobre o Circo Pirulito, a primeira é que eles não precisam muito mesmo da classe média, já que a noite de sábado estava lotada de gente, muita gente mesmo. A segunda coisa é que, realmente, não é o maior espetáculo da terra, apesar de divertido, mas poderia ser bem melhor se o circo tivesse acesso a cursos de formação, se a imprensa divulgasse a programação, se o pessoal das artes cênicas interagisse com esses circos, trocando informações. Acho que o Circo Pirulito teria um espetáculo mais bacana e tão divertido quanto é hoje.

Parece que vivemos em um sistema de castas, e existe um abismo gigante entre elas. O intercambio entre classes sociais/bairros/comunidades dentro das capitais é tão importante quanto uma outra questão muito discutida ultimamente aqui no Overmundo, e muito pertinente, sobre a invisibilidade cultural das cidades do interior do Brasil. Percebo que temos também vários interiores dentro das capitais, que sofrem com a mesma invisibilidade, o que impede o próprio desenvolvimento cultural e artístico dessas produções periféricas, a expansão dos seus públicos, e o mais importante, sua sustentabilidade.

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apple
 

Marcelo,

Animais em circo?! Vou chamar o Preto Velho para você...

apple · Juiz de Fora, MG 27/10/2006 23:27
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Marcelo Cabral
 

Olá Cris, pessoalmente sou contra utilizar animais em circo, lembro de uma campanha bem legal que vi um tempo atrás, “circo legal é circo sem animal”, concordo totalmente.

Bom comentário, mas não entendi porque foi direcionado a mim (já que não sou dono de circo), de qualquer forma é uma observação pertinente, e como coloquei no texto, acho que Catarina anda meio cansada.
Mais um tema pra formação desses profissionais circenses: Educação ambiental. Bem lembrado.

Marcelo Cabral · Maceió, AL 27/10/2006 23:56
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Letícia Lins
 

Acho que o texto nem quis focar essa de animais em circo e Catarina anda meio cansada, rs.
Infelizmente nem todos são contra animais, mas acredito que a maioria é.
Quanto ao circo do Marcos Frota nem adianta indignação, sempre vai ter um privéligeo em cima dos outros circos, a globo está por trás, já em relação ao Cirque du Soleil, acredito que fizeram sua prória fama, e não apenas por não usar animais em seus espetáculos.

Letícia Lins · São Bernardo do Campo, SP 28/10/2006 00:22
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apple
 

Marcelo,

Gostei muito do seu texto. O foco, logicamente, que não foi animal no animal no circo. Só dei uma "pincelada" nesse item...

Ocorre um desprestígio do circo junto aos intelectuais e 'a classe média e alta, diria...

Particularmente, gostava quando criança. Agora acho meio pastelão... Entretanto levaria uma criança para assistir desde que não houvesse uso de animais.

Tenho a impressão de que os trabalhadores de circo são meio sofridos, tristes, ... têm uma relação forte de sobrevivência com o circo. Não é tanto gostar, é mais precisar do trabalho. O quê você acha?

Lembro da história que um professor meu contou. Passou-se na França com anões. Faziam "lançamento" de anão para ganhar dinheiro. Acho deprimente! O mercado de trabalho é muito desfavorável para um anão e esse foi um meio que anões encontraram para sobreviver. Todavia, não gostaria de ver... E você?

apple · Juiz de Fora, MG 28/10/2006 07:50
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Marcelo Cabral
 

Letícia, o Circo Marcos Frota não me deixa indignado, veja bem, a Prefeitura de Maceió/Órgão de Cultura que não disponibiliza um espaço igualitário pras atrações locais e pras atrações de fora me deixa indignado, nada contra o circo do cara.
Essa cultura de desprezar as produções locais em detrimento do que vem de fora (e parece ser automaticamente melhor só por isso, ser de fora), esse é o foco.
Porque as pessoas não conhecem nem consomem seus próprios produtos culturais locais? Circo e música vocal foram exemplos, poderia ser o cara que pegou um avião pra ver o show dos Stones no Rio, mas nunca fez questão de conhecer a cena rock da sua cidade, e ainda reclama que lá não tem nada. Esse é o mote.

Cris, de fato, historicamente, e na literatura, os circos sempre abrigaram pessoas com condições especiais para exibir isso ao público, transformando-os em atrações, é uma pena, mas tem sido alternativa de emprego pra anões, pessoas que sofrem de hipertricose crônica (lembram da família lobisomem em um circo no México?), e isso é mais triste pelo fato desse pessoal não conseguir emprego em outros lugares. Podemos ver sob dois pontos de vista, o circo que explora a condição dessas pessoas ou o circo que abriga quem não teria acolhida em nenhum outro local? Ou os dois? Não sei. Que acham?
...E não Cris, não gostaria de assistir a um arremesso de anões.

Marcelo Cabral · Maceió, AL 28/10/2006 14:50
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Marcelo Cabral
 

Sobre o Cirque du Soleil, eles desenvolvem o Programa Circo do Mundo no Brasil, um projeto social com jovens em situação de risco que envolve 22 instituições do país.

Marcelo Cabral · Maceió, AL 28/10/2006 16:23
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Gus Acioli
 

Caro Marcelo Cabral,

O seu texto é um documento. Com toda a certeza você está prestando um serviço fundamental a cultura do seu estado. Alagoano que sou vejo daqui de São Paulo que você está fazendo um excelente trabalho como divulgar cultural. Neste texto sobre o circo vc deixa claro que o seu comprometimento é com a cultura. Talvez falte mais isso no estado. Será que as secretarias de cultura estão acompanhando este belo trabalho?

Gus Acioli · São Paulo, SP 28/10/2006 19:04
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Letícia Lins
 

indignado é jeito de falar...entendi seu texto e gostei dele.

Letícia Lins · São Bernardo do Campo, SP 29/10/2006 00:27
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Luisa Pitanga
 

Grande texto! Obrigada, Marcelo! Acho mais que justo usar o espaço do Overmundo para levantar a discussão sobre a visibilidade/ invisibilidade de grupos culturais populares que não dispõem da grande mídia como meio de divulgação e criam suas próprias estratégias de sobrevivência dentro/fora do mercado. Quem pode, consome Phanton of the Opera e Cirque du Soleil. Sou mais o Circo Pirulito.

Luisa Pitanga · Rio de Janeiro, RJ 29/10/2006 01:31
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Ana Cullen
 

Eu fiquei morrendo de vontade de ir ver o Cirque du Soleil, mas também fiquei morrendo de vontade de ir ver um circo que tá aqui na cidade, nada famoso... Eu acho que se perdeu muito do hábito de se ir ao circo, quando eu era criança fui uma vez só! Como se perdeu o hábito de ver e valorizar inúmeros espetáculos! Adorei o texto! Que o Overmundo cresça muito e esse grupo gigantesco de qualidade que está aqui se mobilize pela cultura e troque indignações, informações, inquietações, para que fiquemos todos atentos!
Todo mundo perde com esses abismos...
Abraços!
Acho que me empolguei, mas esse texto mexeu comigo.

Ana Cullen · Brasília, DF 29/10/2006 11:04
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Fábio Fernandes
 

Texto bom é texto que mexe com a gente - apesar de às vezes também gerar um certo ruído que incomoda além do necessário.
Mexeu comigo também esse texto, Marcelo. Nunca gostei muito de circo, pra ser franco. Quando o Cirque du Soleil veio pra SP, a mídia falou tanto que me peguei com vontade de ir. Mas aí pensei: pomba, mas eu não curto circo, por que é que eu vou? E aí não fui (e não me arrependi).
Concordo com a Ana: acho da maior importância comunicar indignidades e indignações, para que fiquemos atentos e, com o tempo, possamos mudar alguma coisa na política e na mentalidade culturais do Brasil. A política levará mais tempo, mas o Overmundo já está mostrando que a mentalidade do brasileiro vem mudando (e para melhor).

Fábio Fernandes · São Paulo, SP 29/10/2006 12:43
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Tati Magalhães
 

Opa, Marcelo! muito legal o texto!
Realmente, acho que teu texto dá pano pra manga porque coloca diversas questões em jogo. Me pegou por exemplo uma coisa que percebia há um tempo: a ação pode ser a mesma, mas a visão sobre um fato muda de acordo não somente com a imagem que construímos dele, mas com a identificação-negação do outro. Deixa eu me explicar melhor dando uns exemplos:
Tem um senhor que trabalhava comigo numa assessoria de comunicação e era fissurado por aqueles programas policiais de porta de cadeia. Cada vez que aparecia um "bandido" (incriminado pela TV antes que pela justiça) ele falava:
- olha, o maloqueiro, delinquente, safado, todo cheio de tatuagem!
e eu:
- Seu fulano, eu tenho duas tatuagens...
- mas com você é diferente, minha filha...
Ou então quando a turma do colégio ia pedir alimentos pra doação (tarefa clássica de gincana) e pensava que somente o fato de usarmos uniforme de escola particular nos credenciava a conseguir uma quantidade de comida que um pedinte nunca conseguiria, apesar de sua necessidade ser muito "na cara".
Ou quando as meninas se apresentam com seus fogos e fitas, e chamam a atenção, e se saíssem com um chapéu muita gente ajudaria, mas quando é a criança no sinal é maloqueragem (usando uma gíria bem local). Não que ache maravilhoso crianças no sinal fazendo malabarismos, o que quero é mesmo chamar a atenção para quanto esta questão de visibilidade/invisibilidade me parece ter a ver com a questão que vc coloca, de castas sociais: ignorar é negar a existência de que essas diferenças são profundas, não pelo espetáculo que se apresenta, mas na desigualdade social que está mais embaixo...
Bom, é uma opinião, e claro que precisava ser bem mais aprofundada, até porque existe o movimento contrário, de pessoas que mesmo sendo de classe média, classe alta que buscam as diversões, digamos, antes restritas à periferia. Mas isso é outra história, e deu, e dá, pano pra muita reflexão, artigo, texto, tese...
Abraços!

Tati Magalhães · Maceió, AL 29/10/2006 19:04
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Lu*Si*Ha*Na
 

Adorei o texto, muito boa a discussão e concordo com a crítica à alienação local!
Ps: Ah, eu já fui no Circo pirulito. Devia ter meus 9 anos, o circo passava pela jatiúca e estava no terreno baldio ao lado do meu antigo condomínio... Recordo de ter me divertido um monte, morrido de rir com as palhaçadas programadas e as nem tão programadas assim - as limitações do espetáculo faziam parte do lado cômico da noite - e até lamentava o preço, muito barato, na época em torno de R$0,50 centavos, que ao invés de servir como incentivo era tomado como motivo de zombação e depreciação do circo... Ê 'ser humanozinho' ... complicada essa essência nossa!

Lu*Si*Ha*Na · Maceió, AL 29/10/2006 23:53
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apple
 

Ih! Fui demais ao circo quando era criança... Meu pai adorava ver e me levar quando chegava circo em BH.

Também ia demais a teatro, cinema, ...

Contavam-me sobre história nacional e mundial. Escutava discos de Chico Buarque, por exemplo, com uma tia que explicava sobre a ditadura.

Via filmes de guerra com essa tia que ia falando sobre a Segunda Guerra Mundial...

Passeava, viajava um pouco... Tive um mínimo de oportunidades culturais, acho...

apple · Juiz de Fora, MG 30/10/2006 00:24
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Letícia Lins
 

Eu qdo pqna fui ao circo do Sérgio Malandro, pois é...
Mas eu queria mesmo era ver o Jaspion... Era a última apresentação que por sinal não vi, cansei de esperar e dormir no colo do meu pai, acordei no carro, com um algodão doce na mão(tdo amassetado) e na outra, uma espécie de boneco de palhaço, tem a foto, é hilária.

Letícia Lins · São Bernardo do Campo, SP 30/10/2006 01:29
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Polica
 

eu odeio circo.. Palhaço então não sei pq. Acho que deveria procurar uma terapia com urgência, deve ser algum trauma de infância...Mas sem dúvida nenhuma esse lado que vc mostra é fantástico...Como o Gus falou acima, seu texto é um documento mesmo!A partir dele as discussões são inúmeras, o social, as ações a serem pensadas agora, ao fim deste período de eleições...

Polica · Congonhas, MG 30/10/2006 10:29
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Daianne Fernandes
 

Marcelo...

Muito legal o teu texto e, a discussão que ele levanta. Pra contar um exemplo local. Aqui em Palmas, no distrito de Taquaruçú tem um pequeno circo, talvez até mais simples do que o do palhaço pirulito, mas quase sem apoio local nenhum. No entanto no mê spassado um dos anexos do "Beto Carrero" estve por aqui, e o que vem de fora, apesar de possuir um espetáculo pouco superior ao local, é agraciado pelos moradores.
Assim como acontece em diversas outras áreas nesta cidade. O "de fora" sempre é visto como melhor que "o local". Isso entristece e desmotiva, as vezes, quem é daqui. É como se o fato de ser tocantinense, desqualificasse o produto. E isso é triste. Por isso admiro tanto a cultura nordestina.. pela força e o valor que tem, inclusive, em seu próprio território.
Talvez aqui, as coisas sejam um pouco mais complicadas porque o Estado é novo.. está se descobrindo. Já apoio a arte e cultura local, mas o cidadão tocantinense ainda precisa conhece-lo.
Um exemplo, é o cantor Genésio Tocantins... "se farinha fosse" sempre foi cantada por aqui.. mas só ganhou as "bocas ", depois de aparecer no Faustão.
Talvez essa seja uma mudança lenta mesmo.. ou não.

Daianne Fernandes · Palmas, TO 30/10/2006 12:32
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Marcelo Cabral
 

Obrigado a todos pelos comentários, uma prosa rica mesmo.
Muito bons os seus exemplos Daianne, é bem isso que você falou. Alguém teria outros exemplos parecidos na sua própria cidade pra relatar?
Abraços.

Marcelo Cabral · Maceió, AL 30/10/2006 13:18
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Rafa oliva
 

e se houvesse espaço pra toda e qualquer manifestação artística, haveria quem apreciasse?

creio que seja muita estrela pra pouca constelação

penso que é do interior que ainda há de surgir gênios. lá a globalização, esta que é um mau pra toda e qualquer inovação, chegou, mas não com muita força.

Rafa oliva · Aracaju, SE 30/10/2006 14:57
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Guilherme Mattoso
 

circo não é lugar de animal e ponto. mas o foco do texto nem é esse... achei bem legal o texto e esse é o quadro de tantos outros circos "marginalizados" país afora... não é uma exclusividade alagoana.

Guilherme Mattoso · Niterói, RJ 30/10/2006 15:16
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Oona Castro
 

Oi Marcelo, muito legal! Queria destacar um trecho do seu texto: "a primeira é que eles não precisam muito mesmo da classe média". Eu me pergunto sempre: quem perde com o fato de a classe média ignorar a cultura popular? O povo, a classe média, ambos ou toda a sociedade? Não quero naturalizar o processo de elitização de determinados espetáculos nem a produção, investimento e lobby por trás deles. Mas quero problematizar por que consideramos que uma arte, ou cultura, só é valorizada quando a classe média lhe dedica atenção.
O que me parece mais complicado é o investimento pesado do Estado e da iniciativa privada em poucos espetáculos, por vezes estrangeiros (nada contra os gringos, a questão é o dinheiro público e a cultura nacional) que ainda cobram os tubos pelo ingresso. É como se fosse um pagamento duplo: incentivo com o dinheiro público e a cobrança pela entrada, com recorte para a elite com alto poder aquisitivo. Enquanto isso, a cultura popular não recebe investimentos, porque ninguém as considera importantes, ou acham que o "retorno" não vai ser bom. E aí? Como incentivar a cultura popular para o povo (e não pra classe média)?

Oona Castro · Rio de Janeiro, RJ 30/10/2006 17:05
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Marcelo Cabral
 

Olá Oona, tudo certo? Pertinente seu comentário, mas não só de investimentos os espetáculos e artistas vivem, a questão é que a classe media tem grana pra gastar e gasta (bem caro) pra assistir espetáculos que já receberam patrocínio público, complicado né? Nesse aspecto concordo com você. beijo

Marcelo Cabral · Maceió, AL 30/10/2006 21:14
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apple
 

Ah! O foco não foi animal, mas foi bom falar para que o pessoal ficasse discutindo... falando que o foco foi aquele outro e acham isso ou aquilo... Hahaha... Boa "tacada" minha, acho...

apple · Juiz de Fora, MG 31/10/2006 07:07
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Erika Morais
 

É fato que os incentivos aos pequenos circos são praticamente inexistentes. O movimento de circo-escolas cresce a cada dia e realiza trabalhos maravilhosos, principalmente com crianças das periferias, como o que a querida Nandinha Fassanaro participa, porém, dificilmente se relacionam com os pequenos circos. Há pouca reciclagem para os pequenos, o que existe é a transmissão do conhecimento familiar circense, mas quão rica não seria esta troca?
A estrutura dos circos pequenos é péssima, como sempre morei em bairros periféricos em Maceió, sempre tinha um “circo de lona furada”, como também são chamados, perto de casa. As condições de higiene também são precárias, tornando mais que uma preocupação cultural, uma questão ambiental e de saúde pública.
Beijos.

Erika Morais · São Paulo, SP 31/10/2006 13:59
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Marcelo Cabral
 

Oi Erika, o Circo Pirulito tava bem limpinho, beijo.

Marcelo Cabral · Maceió, AL 31/10/2006 14:12
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Erika Morais
 

Que bom Marcelo, porque meu último circo "vizinho" tinha problemas com saneamento básico, já que as lonas são armadas em terrenos baldios.
Aproveitando: preciso falar com você, vou te mandar um e-mail agora.

Erika Morais · São Paulo, SP 31/10/2006 15:54
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Fábio Fernandes
 

Sem querer ser polêmico, pessoal...
Eu sou contra maus tratos aos animais, mas vocês percebem que esse papo de "circo não é lugar de animal" é coisa do século XXI, não é não? Nem todo circo do século XX maltratava animais (mas esta é outra história, na qual não vou entrar agora pra não provocar a ira de ninguém).

Fábio Fernandes · São Paulo, SP 2/11/2006 15:50
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apple
 

Fábio,

Vou polemizar só um pouquinho. Hahaha...

Animal deve, em princípio, estar na natureza. Todavia, existem diferenças no trato com os animais, com certeza...

Você acha que o Parque do Beto Carrero, por exemplo, tem as mesmas condições financeiras para tratar animais que um circo mambembe? E as condições de segurança? São iguais?

Alimentar grandes animais é oneroso. Daí, as notícias sobre feras famintas, desnutridas, ...

Agora cachorro... Vai devolver para a natureza? Não tem condição...não vai sobreviver.

apple · Juiz de Fora, MG 2/11/2006 20:48
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Fábio Fernandes
 

nem cachorro nem canário-belga.
Melros às vezes se encaixam nessa catiguria. ;-)

Fábio Fernandes · São Paulo, SP 2/11/2006 23:45
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