As estradas fechadas pelos galhos de árvores, esticados como arcos de uma festa junina, não impediriam a chegada de um caminhão baú levando mais luz ao sertão nordestino. Os facões estavam a postos para desbravar os galhos que, se por um lado representavam uma estrada se fechando sobre nós, por outro gritava ao mundo que o sertão é vivo, se expande sobre tudo e todos. E assim Ãamos todos, no desejo de vivenciar aquele dia único: uma sessão de cinema ao ar livre, com direito a trilha sonora dos bichos e ao escuro da noite estrelada sertaneja. Chegando ao cenário da futura sala de cinema itinerante, montando-se a estrutura, tendo-se as cadeiras enfileiradas, saÃmos em direção ao público. Andamos uns três quilômetros e encontramos uma casa. O ator principal do filme, o tropeiro Alcindo, desce do carro, cumprimenta os moradores e anuncia a novidade: é dia de cinema na Vazante. E de casa em casa o convite era feito. Andamos 4 leguas, de acordo com o tropeiro, e chegamos na cidade de Conceição da Crioulas. O tropeiro e sua tropa de reveladores saem pela cidade, convidando a todos. Somos recebidos com grande simpatia e acolhimento, com direito a cafezinho, canjica, sorrisos e abraços calorosos. Trabalho feito. É hora de voltar e esperar. Ansioso, o filho do tropeiro, diretor do filme, espera na boca da estrada a platéia que estava por chegar. E aos poucos eles vão aparecendo na estrada escura. "Vai pra onde", pergunta ele. E alguém do grupo responde "Eu vô pro cinema". E assim continuam chegando, vindo a pé, de carro, cavalo ou moto. Iniciada a sessão, é hora de distribuir a pipoca. Os olhos pregados no telão emocionavam a todos. O tropeiro sentado na platéia se vê espelhado no telão; a esposa do tropeiro assistia pela janela da casa grande e não desgrudava do seu saquinho de pipoca; o diretor do filme aproveitava aqueles minutos de realização de um sonho ao lado de sua esposa; todos da produção esbanjavam disposição, simpatia e satisfação que jamais serão esquecidos; o fotógrafo capturava os segundos indizÃveis em imagens e a neta do tropeiro, esta que vos fala, contemplava este cenário único que em nós permanecerá vivo, eternamente. E assim a noite se fez. Não houve estrada, poeira ou distância que atrapalhasse uma das noites mais luminosas que o sertão de Pernambuco já viu.
O projeto Revelando os Brasis, em 2005, propiciou a 40 cidadãos, sem experiência na área do áudio-visual, a produção de vÃdeos que falassem um pouco da cultura/vivências/histórias dos pequenos municÃpios do nosso PaÃs. Meu pai foi um daqueles que tiveram a oportunidade de produzir um vÃdeo em seu municÃpio - Carnaubeira da Penha - PE. Em seu filme, ele retrata a história dos Tropeiros, homens que transportavam alimentos no lombo de jumentos. Se por um lado o filme é universal pois remonta a história de trabalhadores que configuraram o transporte de gêneros alimentÃcios no sertão nordestino, por outro é uma história particular: do meu pai sobre o meu avô. O pequeno relato que seguiu reviveu um pouco da experiência emocionante da exibição do filme no terreiro da casa do Tropeiro.
Olá minha querida companheira Robertaaaaaa!!!!! Q otimo texto o seu, é maravilhoso poder ler novamente. Vc narra de uma forma espetacular, prendendo o leitor no meio de suas doces palavras. PARABENSSSSSSSSSS e claro pelo sr Arthu pelo maravilhoso video q acredito q tenha inspirado e muito este lindo texto.
Beijos e fortes abraços soliários unidos a muita saudade
Ratao Diniz
Que texto emocionante, Roberta. Bárbaro, tô com uma pontinha de inveja (boa, viu?) de não ter participado de noite tão mágica. Parabéns pela sensibilidade de toda a famÃlia. Abraço!
Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ 28/6/2007 13:45
Não vou repetir os comentários anteriores. Parabéns, Roberta. E uma dica: em "Os facões estavam apostos...", mudar para "a postos".
Abraços!
Henrique,
acredita que revisei um milhão de vezes e não vi esse errinho!!!
Obrigada pela correção!
Abraços!
Oi Rô.....
amei tudo, a parte então que se fala:" é dia de cinema na VAZANTE... e " Vai pra onde? " ..." eu vô pro cinema ", arretado!!!!
gostaria muito de estar lá com vcs, e também fazer parte desse marco histórico...
deve ter sido muito legal!!!!
Padrinho está de parabéns, fala pra ele q eu sou super fã dele....
.... ahh, todo mundo tá comentando do texto, também vou comentar :
"Ficou massa, conseguiu prender bem a atenção de quem está lendo, nesse caso "eu" ...quase chorei só de imaginar tudo isso acontecendo lá, queria ver a expressão de madrinha vó ...."
muito massa, adorei!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
beijos.....
@driana sá.
Sou gaúcho, radicado em São Paulo, e cada vez mais tenho a certeza que é necessária a descentralização e a busca do registro de nossas raÃzes! Fiquei encantando com o trabalho audiovisual realizado na sua terra, no trabalho do seu pai e no seu texto, repleto de sentimento e consciência social. É sempre bom lembrar-se desta outra faceta da arte: a sua potencialidade de transformação não só no ato de fruÃ-la, como também no ato de fazê-la... e quando isto acontece em lugares repletos de poesia e pouco prováveis de serem explorados, sentimos o gostinho prazeroso da "deseletização" cultural. Um abraço sincero.
Dico da Fonseca · Porto Alegre, RS 1/7/2007 08:29
Parabéns !!! Roberta,
O Brasil precisa (re) conhecer o Brasil.
Vida longa ao projeto Revelando Brasis e a todos aqueles que investem suas energias nele.
Abraço
Roberta, gostei muito do seu texto, principalmente pela importância que tem a memória dos mais experientes em nossa vida.
Parabéns e abraços de Betha.
Texto lindo! Sinto a mesma inveja (sadia) de qualquer um que queria estar por aqueles que estiveram. Brasil grande e longe esse teu. Pena que essa distância seja tão difÃcil de ser encurtada. Parabéns ao seu pai. Mande um abraço para ele! E parabéns a você pelo presente que nos dá. Abraço.
Labes, Marcelo · Blumenau, SC 3/7/2007 01:22
Falar da cultura do nosso paÃs é sempre importante.
Gostei de saber!!!
Muito bacana. Que trabalho bonito. Excelente contribuição.
FILIPE MAMEDE · Natal, RN 3/7/2007 08:29
Roberta, minha Mana querida, seu texto é emocionante, lindo...
senti um aperto no coração e uma saudade danada daqueles dias inesquecÃveis neste poético sertão. Parabéns a todos que fazem esta linda história. Beijos.
Eu também fui, um trecho de moto outro a cavalo logo a pé quebrando galhos e bebendo as palavras certeiras de sua concisão e poesia. Parabéns, Roberta! Eita famÃlia abençoada! Ai, que a cada dia me apaixono mais pelo Brasilzão revelado!
Rinaldo Santos Teixeira · Campo Belo, MG 7/7/2007 13:18
Querida Roberta!
Que texto emocionante, você foi muito feliz neste momento. Temos que agradecer a Deus por termos pessoas assim como você em nossa famÃlia, aliás todos ai estão de parabéns pelo trabalho realizado!
Beijos do padrinho, madrinha e primos Darly e Danilo!
Oi Roberta!! Assisti Tropeiros anteontem, em Monsenhor Gil, aqui no PiauÃ, ao lado do seu Artur!!! Virei fã dele, hehehe. Adorei teu texto, lindo, e adorei o filme!
Me manda teu email que eu te passo umas fotos do seu Artur!
beijos
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