Arquitetura Kitsch.
O kitsch foi um ramo do modernismo brasileiro, um "estilo" arquitetônico comum na década de 60/70 produzido geralmente por leigos, inspirados na arquitetura moderna buscavam dar ares arrojados para edificações simples através de inovações plásticas nas fachadas. Surgiam aqueles mosaicos em forma de raios, "Vs se cruzando", desenhos angulares, etc., normalmente em azulejo amarelo e preto. Ficou conhecido popularmente de "estilo raio-que-o-parta".
Em Belém há muitos exemplares dessa arquitetura.
Na minha opinião é errado pensar que arquitetura é somente produto de arquitetos.
Arquitetura é tudo aquilo que serve de abrigo ao homem, da mais simples maloca de palha ao mais luxuoso arranha-céu. Tudo é arquitetura. A maior parte da arquitetura brasileira é produzida sem arquitetos. Esboçar na areia uma planta ou uma fachada é fazer arquitetura. Numa terra em que bons arquitetos são considerados precipitadamente pela maioria como "artigo de luxo" nasce uma arquitetura muito especial.
A casa da foto, não sei se é produto de arquiteto, engenheiro, etc... mas ilustra o que considero como a tÃpica arquitetura urbana brasileira. Não a critico! pelo contrário, na verdade para mim ela é um Ãcone do valor que representa. Ela não seria um Neo Kitsch?
Caraca! Que beleza de fachada!
Aquilo são azulejos?
Saiu um livro "Arquitetura Kitsch - surburbana e rural" do Lauro Cavalcanti há alguns anos...
Vale a pena outras imagens se você conseguir, Hermógenes.
Abraço!
oba! vou procurar esse livro... Acho esse estilo algo tão brasileiro... :P tem coisas inccrÃveis que o povo faz. Vou fotografá-las
Hermógenes · Belém, PA 5/2/2007 12:28Caros, eu me pergunto depois olhando essa foto... será que o dono dela se ofenderia em vê-la aqui? Fiquei curioso sobre isso e comecei a questionar minha ética como arquiteto em analisar projetos de fachadas de outras pessoas. Isso é correto ou errado?
Hermógenes · Belém, PA 6/2/2007 01:48Sempre tive essa curiosidade...à s vezes acho que o 'espaço visual público' deveria ser mais importante do que a propriedade privada (não sou arquiteto, que me perdoem se estiver dizendo uma besteira)...queria saber também. abç
Rica P · São Paulo, SP 6/2/2007 10:04Se o dono da casa visse este seu post, acho que não encararia como má-fé... DifÃcil saber, mas, em todo caso, acho qeu você deixa claro que admira esse tipo de arquitetura. Ele poderia até achar meio invasivo você fotografar e comentar o estilo da casa dele, mas não há nada de errado nisso, ao meu ver. Mas se você passou a se sentir mal, pense aà se vale a pena manter (na edição você pode deletar). Eu acho que vale manter sim!
Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ 6/2/2007 16:43Não achei a casa Kitsch não. Na verdade, acho que ela tem uma coisa meio árabe, oriental, e é muito original pra ser considerada Kitsch. Legal você comentar e se interessar por esse estilo popular brasileiro. Falta um olhar, digamos, mais profissional (ou mais acadêmico) sobre esse estilo tão nosso.
Ilhandarilha · Vitória, ES 7/2/2007 23:04
Post interessante, deu vontade de ler mais sobre o tema. Fechando com o Egeu, no começo dos anos 80 uma editora carioca lançou um livro sobre a arquitetura kitsch dos motéis do Rio de Janeiro. Uma pérola que, até onde sei, está esgotada, mas deveria ser republicada.
InteressantÃssima fachada, Hermógenes. A Zona Norte do Rio de Janeiro está cheia desse tipo de casa, construÃda geralmente por imigrantes portugueses entre os anos 1960 e 1980. Vale um estudo mais aprofundado.
muito trash! medonha a fachada!!! mas deliciosamente charmosa... rsrsrsrs. é verdade: isso é bem tÃpico no brasil todo.
Guilherme Mattoso · Niterói, RJ 8/2/2007 10:26
Pois é! o tema é incrÃvel e pouco explorado, penso em desenvolver meu mestrado e quem sabe coisa posterior sobre essa tÃpica arquitetura brasileira. Tenho um grande fascÃnio sobre esse tema, as observo muito.
Paulo Mendes da Rocha e Niemeyer que me perdoem, mesmo com todo o respeito e admiração que tenho por eles, mas essa sim é a a tÃpica arquitetura brasileira ehehehhehe
Começo a desenvolver um blog (pretendo escrevê-lo em inglês já que minha meta é alcançar público de fora também) com fotos e estudos sobre essa arquitetura vernacular.
Assim que tiver algo mais definido (logo logo) posto aqui. colaboradores pelo Brasil a fora seriam muito bem vindos o que acham?
Hermógenes,
Puxando pela memória acho que existem pelo menos uns 3 livros sobre o assunto (no Brasil) e mais algumas teses academicas. Vale a pena pesquisar bem nos Bancos de dados das unversidades. O assunto sempre teve interessados.
Veja também um website chamado "Vivercidades" (ponto.org ponto br).
É nele que achei a resenha de uma exposição sobre o kitsch no MASP em 2001 com 1.500 pecas recolhidas por Olney Kruze ao longo de 40 anos.
Cruzando kitsch + arquitetura + brega acho que virá muito coisa pela internet. O pessoal do design se interessa pelo tema.
Abraço!
Se eu fosse o dono da casa, ficaria orgulhoso.
Aà Hermógenes, não custa nada você dizer pra ele que você colocou no site... duvido muito que ele reclame ou te processe. Todas as notas que eu publico aqui eu aviso as pessoas que entrevistei e é incrÃvel ver como elas se emocionam.
Fico aqui pensando... já pensou se o cara comprou esses azulejos sob protestos iniciais da esposa e dos filhos só para aproveitar uma promoção, e o resultado foi este? Uma fachada originalÃssima para gente do paÃs inteiro admirar em um site?
Relaxa amigo!
E obrigado por mostrá-la pra gente.
Aqui em Manaus, tem uma casa que a fachada são as formas de um carro. Um patrimônio!
Meu caro amigo!!! Vc como sempre arrebentando com seus comentários e, mais que isso, suas inquietações. Não vejo nenhum problema de ética na sua análise (tentei imaginar que eu seria a dona da casa e autora do projeto de paginação da fachada). Desde que vi a foto já registrei várias outras edificações que seguem essa mesma composição de fachada utilizando essas lajotas. Acho que vale a pena coletá-las. Acho que cabe também uma discussão mais ampla, identificando o Kitsch em Belém, principalmente quanto à apreensão da arquitetura erudita pela vernacular. Posso contribuir lhe emprestando o livro que o Egeu indicou em seu 1o. comentário e depois podemos discutir sobre o assunto. Um grande abraço.
Ana Braga · Belém, PA 16/2/2007 20:35Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
Você conhece a Revista Overmundo? Baixe já no seu iPad ou em formato PDF -- é grátis!
+conheça agora
No Overmixter você encontra samples, vocais e remixes em licenças livres. Confira os mais votados, ou envie seu próprio remix!