Sábado de feriado, 9h da manhã e se encontraram na Casa do Conde, aproximadamente 100 pessoas para a Oficina de Jornalismo Cultural da Teia 2007, que duraria dois dias. Estavam presentes profissionais, professores e estudantes de jornalismo, agentes e produtores culturais, além de curiosos, educadores e convidados da organização. Ninguém parecia saber muito bem o que aconteceria. Nos convites e divulgações da oficina, nenhuma programação foi detalhada. As únicas informações dadas foram (1) que a Oficina aconteceria para montar uma agência de notícias que cobriria a Teia 2007; (2) a pauta discutiria jornalismo cultural, produção colaborativa de conteúdo, web 2.0, software livre, direitos autorais flexíveis e afins; e (3) a lista de "provocadores" convidados ia desde o blogueiro mais bem sucedido do Brasil até membros do MinC.
Provocadores parece bem a palavra certa. Ao invés de colocar palestrantes e especialistas contando o que é jornalismo colaborativo, o Instituto Pensarte se associou à Papagallis, que propôs dinâmicas de grupo para discutir e estimular a consciência, o pensar e o produzir coletivos (foram adicionados convidados que atuaram como provocadores junto ao público).
Essa atividade se repetiu três vezes: cada hora respondendo a uma pergunta diferente: Porque estamos aqui?, O que é jornalismo cultural independente?, Para quem fazer jornalismo cultural independente?. Funcionou assim: cada cinco pessoas se reuniam em uma mesa forrada de papel e eram incentivadas a discutir a pergunta da vez e a registrar no papel, como quisessem, conclusões ou dúvidas sobre o assunto (veja fotos e repare nas toalhas das mesas - e no meu infográfico!). Passados vinte minutos, quatro dessas pessoas se dirigiam a mesas diferentes e aconteciam mais vinte minutos de debate. Depois de três ou quatro trocas, as pequenas mesas saíam de cena e se formavam os aquários, uma maneira de discutir com um grupo grande que garante a participação de todos, sem aquela gritaria que costuma-se ver por aí.
VOZ DE TODOS
Sem a centralização do microfone, todos acabam tendo voz e, ao invés de chegar a uma conclusão ou de engolir uma verdade, chegam-se a várias conclusões, encontram-se várias verdades e várias idéias são instigadas.
As principais idéias que se infiltraram na minha mente:
Bacana, Mi. Todo mundo é um potencial produtor de discurso, e o jornalismo colaborativo está aí para mostrar o argumento na prática. Pena que a idéia ainda enfrenta resistências tão conservadoras com em algumas faculdades de comunicação - até entre alguns estudantes destas faculdades, talvez pelo medo de "vão roubar meu emprego".
Saulo Frauches · Rio de Janeiro, RJ 9/11/2007 12:49Beleza, Mi! Que mundo bacana esse onde todos têm voz e podem cobrir os eventos que gostam, até mesmo se for para fazer críticas construtivas. Todo mundo ganha!
Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ 9/11/2007 13:08
Saulo, e quem ficar fora dessa onda de colaboração vai acabar sobrando mesmo, mas por culpa própria, néam?! ;)
Helena, precisamos utilizar mais essa voz, que todo mundo tem MESMO, você não acha?
Ah, e eu acrescentei bastante coisa desde a leitura de vocês, vale a pena ler de novo! ;)
bem q algo desse tipo poderia ser estendido ao blogcamp mg
Jorge Rocha · Belo Horizonte, MG 12/11/2007 02:03Jorge, o modelo que eles propõe para a "desconferência" é legal, mas precisa de mais de um espaço. Quem quiser falar sobre alguma coisa, escreve no papel e distribui na grade (rolam várias atividades simultâneas), aí o público escolhe pra qual ir e tem liberdade total de mudar de grupo quando bem entender!
Mi [de Camila] Cortielha · Belo Horizonte, MG 12/11/2007 03:41
Ha!
Eu participei da oficina de jornalismo cultural independente!
Experiência única.
Gostei da colaboração. No papel é bom veremos na prática!
Higor Assis · São Paulo, SP 12/11/2007 12:03
legal, Mi.
colaboração é a palavra mais forte.
atuo há 5 anos como editor de um programa de jornalismo cultural na TVErs, o Estação Cultural. a realidade do nosso trabalho é um mix de coisas "pautadas" e "criadas", com enfoque regional sem deixar de olhar para o que está rolando no mundo. a questão é a busca de um equilíbrio.
parabéns à Teia!
baita abraço, dMart.
Mi, tua cobertura está de parabéns, aprendi muito!
Alê Barreto · Rio de Janeiro, RJ 12/11/2007 22:57Muito legal. Só senti falta de uma preocupação nesse texto. Eu diria que é URGENTE a transferência de valores desse jornalismo para a mídia tradicional hoje. Somente assim você projeta guetos e cultura alternativa de forma decente para uma larga escala de público. Apesar de que a proliferação da mídia alternativa e de fenômenos colaborativos como o You Tube tomam de conta também.
Felipe Gurgel · Fortaleza, CE 13/11/2007 01:53
Excelente contribuição e um encontro pra lá de necessário. O jornalismo independente agradece. Mi, olha só, a última edição do LADO (R), uma fanzine, para o qual colaboro, ficou pronta. Se você quiser divulgar por aí, posso mandar uns exemplares pra vc.
Um abraço.
Legal esse exercício de dinâmica, bem estimulador. E o Jornalismo é isso mesmo, só que tenho uma idéia tambéma leantar sobre o Jornalismo em geral´; nós temos que ter a consciência que não somos mais portadores de conhecimentos ocultos, hehehe! A notícia, o fato, não é mais novo, nunca é. Temos que saber que não somos mais porta vozes da luz. Não estamos trazendo a público o desconhecido, só assim podemos fazer - ao meu entender - um jornalismo interessante e muito mais "antenado" e coerente...
Alexandre Grecco · Fortaleza, CE 13/11/2007 17:49
Votado Mi,
Parabéns pela divulgação!!!
Bom seria se eventos desse tipo se estendessem por todos os cursos de Jornalismo do país, ainda falta consciência.
Nanda Dreier · Chapecó, SC 19/8/2008 09:23Isso aí, legal encontrar este conteúdo , estamos em uma oficina de conteúdo colaborativo e a matéria trouxe boas contribuições para nossas discussões. Nunca é tarde para contribuir!
Carol Assis · São Paulo, SP 19/8/2008 09:26
Que bela idéia vocês tiveram, caras! Uma tema tão aberto e presente, no jornalismo atual, como esse merece mesmo ser debatido de forma racional e coletiva.
Concordo plenamente quanto a idéia de ter matérias feitas por pessoas que estão fora do ramo jornalístico, mas talvez faz-se necessário um olhar profissional sobre as matérias. Não pela questão estética, mas pela questão de relevância das notícias publicadas.
Continuem com o trabalho, quem sabe assim poderemos trazer um pouco das boas idéias do jornalismo colaborativo on-line, para os meios convencionais. Melhorando - muito - a qualidade da notícia entregue à população.
Parabéns!
Acredito que o Jornalismo Cultural, seja um bom caminho para novas discussões e uma inovação na busca de opiniões e interpretações. Além disso, o conhecimento adquirido fora de um padrão tradicional, leva a busca de novos pontos culturais a serem descobertos através da internet.
É interessante o modo como foi executada a Oficina de Jornalismo Cultural. A idéia de sair do modo "teórico", buscando um trabalho em equipe e eliminando um palestrante, faz com que as pessoas produzam mais através da própria prática.
Discordo do ponto de vista em que o autor cita que não existe necessidade de jornalista para prática do Jornalismo Cultural. Pois o próprio nome diz "Jornalismo Cultural", jornalismo associa-se a jornalita. Caso contrário, o termo deveria ser apenas "texto cultural", ou "produção cultural".
No decorrer do tópico o autor cita um ponto que lembrei logo que lí o inicio do parágrafo. Pois caso esse jornalismo seja práticado por não-jornalistas, aonde ficará a credibilidade? Aí só podemos deixar um ponto de interrogação mesmo. O que esperamos é que com o tempo, as pessoas não avalíem que o próprio Jornalismo Informativo possa ser feito por não-jornalistas, baseando-se na tal da democracia da informação.
Creio que cada um pode transmitir suas opiniões em forma colaborativa em blogs, etc. Mas a partir do momento que transmite informação, deve-se apenas ao jornalista o papel de informante.
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