TROPA DE ELITE, OSSO DURO DE ROER....

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Cópias do "Tropa" apreendidas pela polícia no camelódromo da Uruguaiana no Rio
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Leo Lima · Rio de Janeiro, RJ
20/8/2007 · 461 · 49
 

TROPA DE ELITE, OSSO DURO DE ROER, PEGA UM PEGA GERAL, TAMBÉM VAI PEGAR VOCÊ!

Ontem, na esquina de casa, um camelô estendia seus murais com capas de DVDs mal impressas. Passei por ele sem me importar, era apenas mais um desses caras que atrapalham o nosso caminho pelas calçadas. Continuei rumo à sessão das 19h no Espaço de Cinema em Botafogo.

Trinta passos adiante parei e lembrei do recente caso Tropa de Elite: o filme tinha vazado no pirata, e desde o início da semana estava sendo vendido nas ruas do Rio. Titubeei um pouco, podia perder a sessão no cinema, mas acabei voltando para conferir os títulos que o camelô oferecia.

Cheguei devagar, olhando meio de longe, um pouco constrangido, confesso. Ainda sou dessas pessoas que têm um certo pudor em ficar ali, cara a cara com o pirata. Logo encontrei dois títulos nacionais: Xuxa Gêmeas e Ó paí ó. Perguntei se ele tinha Tropa de Elite, o rapaz branquelo, com cara de rapper zona sul, boné e bermudão Billabong respondeu:

- Com certeza! Tem sim.

Quis saber mais sobre o filme, como se só tivesse ouvido falar através do burburinho das ruas:

- Ah, esse não é o filme que teve os armamentos roubados no Chapéu Mangueira?
- É esse mesmo. É com o Olavo da novela.
- Que Olavo?
- O Wagner, Wagner Moura.
- Ah legal, então é esse mesmo. Quanto é?
- É cinco.
- E a qualidade é boa?
- É sim, é DVD mesmo, não é VCD não. Mídia roxinha!
- Tá completo ne? Não falta cena não!?
- Completo!
- Beleza então, se a qualidade não for boa eu volto aqui amanhã e troco.
- Tranqüilo, tá garantido.

E tava mesmo. A qualidade realmente era perfeita, som e imagem de primeira, cartelas e intertítulos em inglês! Só faltaram os créditos finais.

Nessa, o camelo parou pra olhar uma conversa meio estranha que seu companheiro de banca travava com um sujeito meio cara de PM à paisana. Ficou ali, meio de esguelha, prestando atenção, e eu, ao lado, esperando o produto. Parecia que a conversa alheia fechava alguma combinação. Cutuquei:

- E aê, tem o Tropa de Elite ou não? – perguntei de novo, querendo sair logo pro cinema.
- Tem sim. Sai um Tropa aí – disse o branquelo pro chapa.

O comparsa foi lá numa bolsa preta e pegou lá um plástico com uma folha mal impressa que trazia Tropa de Elite escrito com uma fonte meio “Linha Direta†e umas fotos não identificáveis que deviam reproduzir cenas do filme. Dentro vinha o DVD da “mídia roxinhaâ€, abri pra constatar. Me entregou logo dizendo:

- Também tem aquele ali, com o Lázaro Ramos, “Ó pái óâ€.
- Ó Paí ó, to ligado, esse eu já vi – o que não era verdade, só para não estender mais a transação.
- Também tem o Caixa Dois, sabe qual é?
- Sei sim, mas hoje só quero o Tropa mesmo – já quase íntimo do filme do Padilha.

Paguei e fui pro cinema pensando na tamanha facilidade com que aquele filme tinha parado nas minhas mãos por 5 pratas, menos que um big mac...no esforço que devia ter sido fazer tudo aquilo: levantar a história com os Bopes, roteirizar em zilhões de tratamentos, reservar o espaço na agenda de caras como Tulé Peak (diretor de arte), Braulio Mantovani (roteirista) e Daniel Rezende (montador) – não por acaso, o mesmo trio ternura por trás de Cidade de Deus –, e além disso, aprovar o projeto, captar, produzir, filmar, ter as filmagens paralisadas pelo roubo de todo o armamento cenográfico, artefatos que protagonizam o filme do início ao fim, e ainda finalizar, negociar a comercialização, traçar uma estratégia de marketing, etc. Uma trabalheira danada. E depois de tudo isso, ver um pedaço mutilado do seu “filho†de 3 anos parar na mão de geral por 5 real (a versão que circula é que a cópia vendida pelos ambulantes é o segundo corte do filme, que já estaria na 16ª versão da montagem).

É um caso inédito para o cinema brasileiro, e talvez para a Polícia também. Um filme que desperta tal interesse do público, de forma tão espontânea, que ganha as ruas pela via da ilegalidade antes do seu lançamento nos cinemas, numa avassaladora “não-ação†de marketing viral, ou numa curiosa referência àquilo mesmo de que trata sua história. O vazamento da cópia já está sendo investigado pela própria Polícia. Haja metalinguagem cinematográfica!

Resta saber como isso vai repercutir daqui pra frente. Vai ser bom ou não? Quem pode ter certeza sobre o que o diretor José Padilha diz à Folha de S. Paulo: “que ninguém sabe o efeito que as vendas piratas terão sobre a bilheteria do filme, mas acredita na chance de não haver prejuízo à performance da venda de ingressos, já que, analisa, o público do DVD pirata é um e o dos cinemas, outro.†Ou será que o boca a boca vai fazer o filme estourar? Vai virar reportagem do Fantástico? Ganhar as páginas policiais dos jornais mais uma vez?

Mídia espontânea ou um baita furo pirata, ninguém pode dizer ainda. O que dá pra comentar do lado de cá é que o filme é brilhantemente aterrador. Um thriller que combina a crueza esquemática de Notícias de uma guerra particular e a cinematografia exuberante de Cidade de Deus. Esse é só o começo de uma grande História que vem por aí. Em breve, num cinema perto de você.

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Helena Aragão
 

Bacana, Leo. Mas é algo tão inédito assim para o cinema brasileiro, você tem certeza?

Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ 17/8/2007 11:30
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Leo Lima
 

Helena, o que acontece normalmente com todos os filmes, não só os brasileiros, é que eles aparecem no camelô logo depois de lançados no cinema através da técnica pirata do "camcording", ou seja, a alguém filma uma projeção do filme numa sala de exibição com uma câmera digital e joga o arquivo na rede. Daí os piratas tiram sua "master" e saem replicando. Esse "método" também vale pros filmes que estréiam nos EUA e chegam por aqui no pirata antes do lançamento nos cinemas brasileiros. O ineditismo fica por conta do filme ainda não ter estreado nos cinemas e uma cópia ter vazado a ponto de atingir as ruas, numa onda de boca a boca que ainda vai dar o que falar. Posso não ter total certeza, mas pelo que tenho acompanhado do nosso cinema nos últimos anos, isso nunca aconteceu a um filme brasileiro.

Leo Lima · Rio de Janeiro, RJ 17/8/2007 12:19
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Helena Aragão
 

Legal, Leo. Não perguntei com desconfiança não, foi apenas para ter certeza. Porque se fala tanto em pirataria e camelôs que achava que de repente já podia ter acontecido antes. Que coisa, né! Sempre dá curiosidade de saber como isso pode ter vazado desse jeito!
Excelente te ver por aqui, tomara que seja o primeiro de muitos textos! :)

Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ 17/8/2007 12:43
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Paula_Martini
 

Oi, Leo, tudo bom contigo?

Gostei do seu texto, gostei da pauta. Coincidentemente, dia desses conversava com um dos atores do filme e ele chamou a atenção para o intervalo de tempo entre sua ida ao estúdio para dublagem de algumas cenas (procedimento usual da edição de som para trechos inaudíveis) e seu "achado" nas calçadas -- em versão já com o trecho dublado. Menos de dez dias para a cópia vazar, virar matriz, ser copiada massivamente, distribuída em rede, comprada e assistida.

Reprodução não-autorizada (ao estilo download no limewire), ou pirataria profissional e muito bem organizada? Acho que concordamos ao achar fundamental essa diferenciação para que o guarda-chuva "pirataria" não englobe práticas tão distintas.

E, na minha opinião, o José Padilha tem toda razão (será que a distribuidora Universal acha o mesmo?). São públicos diferentes, sim, pelo menos na questão cinema x dvd. Basta perguntar à clientela do camelô-rapper-zona-sul há quantos anos eles não pisam numa sala de exibição. No mesmo sentido, parece furada a argumentação da indústria de que as vendas de discos, dvds, etc, são inibidas pela pirataria (esta, convenientemente, em sua mais ampla e controversa acepção): por acaso todo mundo que compra um cd por R$ 5 poderia pagar R$ 30 pelo mesmo produto? Ou simplesmente não teria acesso e pronto?

E por aí vai. Bom te ver por aqui, volte sempre.

Paula_Martini · Rio de Janeiro, RJ 17/8/2007 14:38
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Thiago Camelo
 

Fala Leo! Cara, eu acho muito instigante o modo como esses filmes são filmados no cinema: sem platéia, com a câmera no enquadramento certo, áudio no volume certinho... Outro dia, vi um já com a legenda (na tela do cinema) em português do Brasil. Sinal que a filmagem foi feita nestas terras de cá. Me pareceu, sei lá, posso estar errado, mas me pareceu que há claramente um esquema entre "alguém" do cinema e o pirateiro. É curioso, porque aparentemente ninguém sabe ao certo como funciona a "cadeia produtiva" da pirataria.

Thiago Camelo · Rio de Janeiro, RJ 17/8/2007 15:41
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Leo Lima
 

Ae, Thiago, Paula e Helena, cercado de overmigos!

Essa "cadeia produtiva" da pirataria já é bem conhecida. No Brasil, as coisas funcionam à base da denúncia. E têm funcionado muito bem. Lá fora tem grana alta investida para traçar "o caminho do pirata". Alguns estúdios norte-americanos já distribuem cópias de filmes com marcas indeléveis e invisíveis. Ou seja, quando um filme é "camcordeado" e vai parar na internet ou no pirata da URU, eles já conseguem identificar a partir de qual cópia aquela filmagem matriz foi feita. Aí é só cruzar os dados e saber para qual exibidores aquela cópia foi distribuída. A exibição digital vai permitir ainda outros controles um pouco mais sofisticados. Mas a guerra tecnológica vai durar muito tempo ainda, eu acho. Para cada milhão de dólar gasto em códigos, DRMs, codecs, criptografias, sistemas e dispositivos de segurança anti-cópia e afins, vai existir um milhar de "crackers" disputando quem consegue quebrar o código primeiro. No fim, lá no fim mesmo, vence a tecnologia, pq escapa pelas brechas da rede que nem água infiltrada nas paredes. Cada vez mais, novos tempos. Laissez faire, laissez passe, laissez copier!

Leo Lima · Rio de Janeiro, RJ 17/8/2007 16:40
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Leo Lima
 

Falei aí em cima de pirataria, mas esqueci de concluir. A bola levantada em relação ao vazamento desse Tropa de Elite não tem muito a ver com pirataria, copyright e DRMs, ainda não. Por enquanto, o mote é um filme brasileiro que dialoga de forma tão direta com o público, que se transforma num acontecimento no mercado de rua espontaneamente. Isso é o que interessa...e principalmente, interessa saber como essa história vai se desenrolar, ainda mais quando se fala de um filme que tem alto potencial para criar polêmicas, pois toca em assuntos pra lá de desgastados que ainda não foram resolvidos por nós.

Leo Lima · Rio de Janeiro, RJ 17/8/2007 16:58
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Ciço Pereira
 

lanço aqui uma campanha... para que os textos do léo deixem de ser bissextos!

Ciço Pereira · Rio de Janeiro, RJ 17/8/2007 20:59
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Mariana Albanese
 

Interessante ao extremo!

Mariana Albanese · São Paulo, SP 19/8/2007 17:39
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Helena Aragão
 

Apoiado, Ciço!

Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ 20/8/2007 13:44
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Frederico Moinho
 

O Leo pode ate' ser bi, mas e' um amigão.

Frederico Moinho · Rio de Janeiro, RJ 20/8/2007 14:43
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Mansur
 

Isso parece até premeditado.
À ver...
O texto tá ótimo, fiquei com vontade de ir lá agora.
Um abraço

Mansur · Rio de Janeiro, RJ 21/8/2007 12:35
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André Teixeira
 

... ou numa esquina perto de vc!!!

Caro Léo, GRANDE texto!!!

Trabalhei até janeiro deste ano em vídeo locadora. Desde 1993, alternando uma ou outra saída. Os esquemas de pirataria de longa data vem arrebentando não só as locadoras (que cada vez mais deixam de comprar filmes de uma forma mais selecionada em detrimento aos evidentemente COMERCIAIS) mas toda a cadeia produtiva do cinema.

O que piora a situação é o fato de termos uma FORTE legislação anti-pirataria, NÃO cumprida em sua maior parte. De 2005 até fevereiro desse ano estive em: Maceió, Arapiraca, Recife, João Pessoa e Campina Grande, e digo: é o mesmo esquema nessas cidades. Não fui a outras nesse meio tempo, mas tenho quase certeza de que é idêntica situação: as DIVERSAS autoridades que fazem parte da JUSTIÇA, passeiam ao largo de esquinas, avenidas, alamedas, ruas, becos e afins, e (quase) nada fazem!!!

Não tenho números para lhes apresentar e não quero ser leviano em apontar falhas de um Sistema especificando culpa para X ou Y ou Z. São TODOS culpados!!! Eu, inclusive. A inação também é motivadora de culpa. Tento ao escrever este, um pouco me redimir desse peso, que paira também sobre todos que baixam filmes, músicas e afins, sem pagar direitos autorais.

Vou procurar saber sobre como processar a União, alegando perda de lucro (lucro cessante).

Gostaria de ver, em cada Fórum, ações desse tipo, colocando no banco dos réus a União, e, subsidiariamente, o Estado e o Município.

Utopia?!!! Espero que não...

Reitero os votos para ler mais textos do Sr. nestas Overpages,

GRANDE abraço!!!
A.

André Teixeira · Aracaju, SE 21/8/2007 13:21
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Jotacêrj
 

Amigos,outro dia ouvi a seguinte conversa telefônica numa calçada do centro do Rio de Janeiro:

PM:
"fulano",sou eu,(PM ?).Sabe aquele filme...o tropa de elite...Tá saindo por quanto?...Me arruma uma cópia...pô falaram que você tem o contato do camera?!...

Jotacêrj · Rio de Janeiro, RJ 21/8/2007 14:41
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carol de trancinhas
 

Que coincidência rs eu acabei de assistir um DVD pirata desse filme...eu fiquei chocada rs se o treinamento do BOPE for realmente daquele jeito...sinistro......Léo, parabéns pelo texto.Adorei.

carol de trancinhas · Brasília, DF 21/8/2007 15:41
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Leo Lima
 

Ciço e Mariana, Frederico, Mansur e André, Jotacê e Carol,
Obrigado pela participação e pelo interesse.
Abraço a todos, prazer em conhecê-los!

Leo Lima · Rio de Janeiro, RJ 21/8/2007 16:10
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Bernardo Carvalho
 

chegando atrasado: leo, texto maneiro, muito atual. eu só acrescentaria que assisti "ó paí ó" em dvd antes de chegar ao cinema e em copia perfeita, isto eh, nao era filmada da tela... o que complica um pouquinho o esquema da pirataria...

agora, uma pergunta a levar em conta num pais como o nosso: sera mesmo que o produtor, que sabe perfeitamente o quanto os esquemas de pirataria podem prejudicar seu filme, nao teria uma inclinacao matreira por piratear, ele mesmo, seu proprio filme? no mundo do mercado fonografico isso acontece certamente...

Bernardo Carvalho · Rio de Janeiro, RJ 21/8/2007 16:47
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Claudia Puget
 

Versão Pirata !!!
adorei a "cobertura" na esquina de Botafogo.
(vai somar voto assim, lá em casa... merecido,merecido)

Claudia Puget · Muqui, ES 21/8/2007 16:57
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Mansur
 

Pois é, fico a pensar sobre a questão que o Bernardo coloca...mas a incógnita permanece e vai permanecer, porque se o produtor o fez, nunca vai dizer...

Mansur · Rio de Janeiro, RJ 21/8/2007 17:08
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Ciço Pereira
 

nada mau... na home do site.
pode parecer oportunismo, mas apoio o que disse o companheiro moinho e lanço a campanha: que o leo deixo bissextismo pra lá e dê mais as caras pelas esquinas de alhures...
parabéns!

Ciço Pereira · Rio de Janeiro, RJ 21/8/2007 20:32
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Esso A.
 

boa discussão.
apoiado. votado.

Esso A. · Natal, RN 22/8/2007 11:19
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Tiago Araujo Melo
 

pode dia estar a 2 dois contos, eu não compraria, nao por causa da pirataria. mas pq qq filme tenho q ver antes no cinema. depois eu mesmo baixo na internet pra meu deleite solitario. nada demais. acho que nao afetaria a bilheteria. pago 4 reais pra entar no cinema, entao a economia seria quase nenhuma

Tiago Araujo Melo · Aracaju, SE 22/8/2007 11:20
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FILIPE MAMEDE
 

Olá Léo, gostei muito da maneira como você conduziu o texto e abordou o tema; a pirataria é sempre um tema relevante. Sobre a celeuma que a temática suscita, acredito ser um reflexo dos preços altos, sejam eles do cinema, teatro, música enfim... A arte ficou pra quem afinal... Se não fosse o kitsch, a quinta sinfonia de Beethoven não estaria como toque polifônico do celular de qualquer um no meio da multidão...

Um abraço.

FILIPE MAMEDE · Natal, RN 22/8/2007 12:53
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Egeu Laus
 

Ao lado de "Noticias de Uma guerra Particular" o filme "Tropa de Elite" talvez contribua para dar uma outra visão do mundo que a grande maioria só enxerga na seção de crimes dos noticiários de TV e algumas manchetes de jornais nas bancas.

Egeu Laus · Rio de Janeiro, RJ 22/8/2007 16:27
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Andréa Cals
 

Galera, me perdoem, não quero ser polenta nem nada. Mas trabalho com cinema. Não sou santa, mas não dá para comprar pirata de um filme. Muito menos um filme que sequer foi lançado, é muita sacanagem. Isso é algo que todo mundo deve pensar e expandir inclusive para outras mídias. A gente reclama, exige vergonha na cara dos políticos, mas a correção deve começar em casa. Pirataria não dá.
inté.

Andréa Cals · Rio de Janeiro, RJ 22/8/2007 23:25
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joao xavi
 

A questão aqui vai além da pirataria como normalmente acontece.
Até onde sei o filme está sofrendo embargos pelo ministério público, partindo dai acho que neste caso existe um tipo de pirataria que cabe como um ato político mesmo.
Uma pirataria que vai além de copiar a obra e comercializar em formato inferior e mais barato. Mas uma pirataria subversiva que, pela via da ilegalidade, faz o mundo ter acesso a um conteúdo importante que nos esta sendo negado pela lei.

joao xavi · São João de Meriti, RJ 23/8/2007 00:46
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Andréa Cals
 

Desconheço esse embargo. O diretor está anunciando aos 4 ventos qu esta cópia chegou roubada, como outra qualquer. Aliás, pela primeira vez vejo alguém querer ir tão a fundo na questão, e prezo por isto. Acho que aqui, o político é não comprar o filme.

Andréa Cals · Rio de Janeiro, RJ 23/8/2007 06:04
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Ilhandarilha
 

Apoio totalmente a Andréa! Embora tenha amado a matéria do Léo e entendido bem o sentido da sua compra.
Vi Ó Paí, ó num camelô no Rio. Tinha acabado de ver no cinema e deu uma coceirinha de comprar a 5 pilas. Mas pensei em toda a produção do filme e no tempo que a Monique levou pra conseguir montar e lançar nos cinemas e o dvd ficou lá na banca.
Por outro lado, acho que diretores e produtores e cinema e música têm que começar a pensar em novas estratégias de vendas. Parece que a pirataria veio pra ficar e eu mesmo baixo muita coisa pra ver o ouvir na rede. Está na hora de se pensar em adaptação às novas formas de distribuição e venda, não?

Ilhandarilha · Vitória, ES 23/8/2007 09:39
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Mansur
 

A discussão toda acaba dando grande visibilidade ao filme e pode até ocorrer que o filme tenha uma bilheteria melhor por conta da pirataria. Que fique claro: NÃO sou a favor da pirataria.
Mas cinema é caro. É caro pra uma população que em sua maioria está suando pra comprar feijão. A pirataria acaba respondendo a essa demanda reprimida. Novas formas de distribuição e barateamento do produto final são fundamentais para o democrático acesso ao bem cultural.
É pano pra manga...

Mansur · Rio de Janeiro, RJ 23/8/2007 11:10
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Diegobs
 

E ae galera, prazer... Só queri lançar uma idéia social sobre o tema... Vocês não acham que talvez a pirataria aja como um braço da distribuição de renda no país ? Pq enquanto o diretor José Padilha continua rodando por aí com o seu conversível importado do ano, o camelô-rapper-zona sul não luta apenas para saciar a sua fome e a de seus 8 filhos pequenos ??? Talvez seja como diria Juliano VP, em Abusado: É o lado certo da vida errada ??? Isso sem citar o fator de inclusão cultural gerado pela pirataria, como é bem lembrado pela Paula... É a injustiça social que se ramifica nas entranhas da sociedade brasileira !!!
Só para constar: Não sou a favor da pirataria e sim da melhor distribuição de renda...

Diegobs · Garça, SP 24/8/2007 15:58
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Andréa Cals
 

Caramba! No dia que se achar que roubo é distribuição de renda, a gente tá perdido...

Andréa Cals · Rio de Janeiro, RJ 24/8/2007 16:28
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Mario C.
 

Pô, cinema é caro mas nem tanto, né?
Aqui em BH tem shopping em que a inteira é R$ 8,00 durante a semana. Só R$ 3 mais caro que o dvd podrão do camelô.
Acho que os R$ 14 que cobram nos fins de semana realmente podem ficar caro pra uma parcela grande da população, mas isso está longe de ser culpa do filme em si, e sim das salas de cinema.
Também acredito que a pirataria atende a uma demanda reprimida dos consumidores de baixa renda, mas a linha que separa distribuição e acesso à cultura para as classes D e E e a pura falta de vergonha na cara de quem não querer pagar pelo trabalho do outro é MUITO tênue.
Como o Mansur disse, é pano pra manga.
Diegobs, acho que ninguém é contra a distribuição de renda. O X da questão é que piratear não ajuda em nada nisso. A pessoa pode ter conseguido ver um filme, mas continua bem pobre.

Mario C. · Belo Horizonte, MG 25/8/2007 05:53
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Léo Franco
 

Primeiro gostaria de dar os parabéns pelo texto do xará.
Agora sobre pirataria eu estou sentindo na pele, tenho videolocadora e a pirataria está acabando com o meu ramo, enquanto pago em média r$100,00 por um filme original em lançamento RENTAL, os pirateiros vendem 4 por r$10,00, isso é muito difícil de suportar. Neste último sábado mesmo 25/08 se eu tivesse o “TROPA DE ELITEâ€, teria batido todos os meus recordes de locação, de cada 5 clientes que entraram na loja 4 pediram o filme para locar, e olha que eu sou de cidade do interior do Espírito Santo com 10.000h, que fica a mais ou menos uns 150km de Vitória e aqui todos já querem o filme.
Um abraço.
E só o futuro dirá como este e muitos outros casos de pirataria serão resolvidos.

Léo Franco · Jerônimo Monteiro, ES 29/8/2007 12:22
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Leo Lima
 

xará, obrigado pela participação! Seu depoimento é uma GRANDE pista para as perguntas do penúltimo parágrafo. O interesse por "Tropa" só cresce. Vamos ver se esse interesse se sustenta até a estréia em salas! Será que o brasileiro vai querer pagar a entrada de R$16 / R$20 pra assistir um filme que está no pirata por R$5 com 3 meses de antecedência? No meu caso, posso adiantar: EU VOU! No fim de semana de estréia estarei lá com meu ingresso na mão. Abraço!

Leo Lima · Rio de Janeiro, RJ 29/8/2007 14:25
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Natacha Maranhão
 

Aí!! Virou reportagem do Fantástico, não foi?

Natacha Maranhão · Teresina, PI 24/9/2007 19:19
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Mansur
 

O filme ganhou grande projeção com essa pirataria. Parece até que foi proposital, enfim...
abraços

Mansur · Rio de Janeiro, RJ 24/9/2007 19:31
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baduh
 

Eita discussão enriquecedora, com múltiplas vertentes de opinião!
Coisa muito boa, Leo! Você escreveu o artigo de maneira instigante (e acabou instigando mesmo!) rs rs
Sendo assim, nem desejo entrar no meandro moral da questão, mas sim aplaudir quem esgrime idéias, com inteligência, este povo todo aí acima deste meu post...
Parabéns, excelente.
Baduh

baduh · Rio de Janeiro, RJ 25/9/2007 07:15
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taie
 

Essa discussão ainda vai longe "e agora o pessoal vai ao cinema para assistir ou não?" .
Assisti ao filme ontem e particulamente não é isso que vai me fazer deixar de conferir a versão oficil no cinema. Uma grande obra de arte que mostra realmente aquilo que ninguem pode e quer mostrar. digno de oscar. Essa pré estreia pirata, na minha opinião, serviu como divulgação do grande sucesso que esse filme é. É muito commum encontrar pessoas falando "vc viu o tropa de elite?? muito bom!!" e isso so disperta o interesse para mais gente ir atrás do filme. mas muita gente nao vai comprar a versao pirata so pra matar a curiosidade, o filme ta quase em cartaz, muita gente vai ver, inclusive eu, novamente.

taie · Campo Grande, MS 26/9/2007 09:50
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Malu Xavier
 

Acabei de ver Tropa de Elite(pirata), velho. Para a minha SURPRESA, o filme é bom. Normalmente esses filmes de favela carioca são LIXOS, verdadeiros COCÔS; tipo Cidade de Deus mesmo. Enfim, o filme é realmente bom né?!! Tão bom que assim que terminou eu e meu pai decidimos que VALE A PENA pagar pra ver de novo quando sair no Cinema. Não sei se muita gente pensou assim; mas que vale, vale.
E que bom que o cinema brasileiro produziu algo realmente bom que vai ao popular. Porque convenhamos, Cidade de Deus, Carandiru, Dois filhos de Francisco e mais uns quinhentos; até minha cachorra faz um filme melhor que esses, logo depois de fazer um gol no Rogério Ceni.

Malu Xavier · Olinda, PE 4/10/2007 00:14
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Jornalista81
 

A verdade é que o filme pirata fez com que o original estourasse no cinema. E o diretor ainda reclamou!
Depois de uma lida na entrevista que eu fiz com José Roberto Torero
http://www.overmundo.com.br/overblog/torero-e-o-cinema

Jornalista81 · Brasília, DF 28/10/2007 11:27
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Flávio Herculano
 

Como muitos, também fiz minha leitura do filme sensação.

Tá na fila de votação.
http://www.overmundo.com.br/overblog/tropa-de-elite-um-choque-de-ousadia

Leo, seu texto tá ótimo.

Flávio Herculano · Palmas, TO 7/11/2007 19:05
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Paulo Apolonio
 

O filme pirata por um lado prejudica os artista e produtores, mas por outro ajuda e muito, como se fosse uma boa assessoria de imprensa.
Um exemplo da parte boa da pirataria: A Banda de pagode de maior sucesso da bahia começou a ser conhecida no mercado através dos CDs piratas.
Não estou defendendo a pirataria, só estou colocando um ponto bom desse mal que assola o nosso pais.

Paulo Apolonio · Salvador, BA 9/11/2007 01:25
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Valéria Geremia
 

Gostei do seu texto e da polêmica levantada. E quero participar! Minha idéia é de que a "pirataria" é uma forma de democratizar os filmes. Tropa de Elite parece, inclusive, ter sido divulgado pela "pirataria" (não intencionalmente). E pergunto: será que não estamos precisando é mudar a forma como vemos esse mercado diferenciado ? Sei que algumas pessoas podem se revoltar com a idéia, pois sentem estar sendo prejudicadas por isso. Quem sabe podemos colocar algumas regras nessa "democratização", em vez de querer proibi-la e considerá-la ilegal. Enfim, só quero propor reflexões mais a longo prazo...
Abraço a todos.

Valéria Geremia · Fortaleza, CE 30/12/2007 01:41
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Liliam Freitas
 

Bom texto, expõe de uma maneira sem julgamento a pirataria, Leo! Ao meu ver, o filme não seria o mesmo sem ela, e a discussão se o filme perde com ela é vazia, bobeira.
Jeorge Segundo escreveu bem sobre isso!
Até o próximo texto!

Liliam Freitas · São Luís, MA 19/1/2008 17:33
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Roberto Girard
 

Pirataria é crime.
Quem compra filme pirata é conivente com o crime.
O poder Municipal e Estadual que não atua nas ruas reprimindo a pirataria é conivente com o crime.
Não compro nada que seja pirata. O famoso jeitinho brasileiro de levar vantagem em tudo é que produz essa falsa idéia de que a pirataria contribue em alguma coisa. Não somente é crime como cria uma cultura de impunidade para as novas gerações, que a cada dia, em nossa sociedade vem se alicerçando e sedimentando nas mais diversas atividades do entretenimento e da cultura. Aguardo o filme no cinema mais próximo.
Sds
Roberto Girard

Roberto Girard · Rio de Janeiro, RJ 20/2/2008 17:16
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Nathália Leme
 

Aqui nesse blog foi levantada uma questão interessante, o quê vcs acham?
http://mtv.uol.com.br/blogosfera/chuva_acida/2008/02/20/morte-e-patrimonio

Nathália Leme · São Paulo, SP 21/2/2008 08:16
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drigo
 

Leo, acho que você está certo. Parece mesmo haver um esquema entre exibidor e o comerciante pirata.

Talvez este negócio seja tramado entre o projeccionista e o "pirateiro". Pelo perfeito enquadramento, me parece que a câmera é instalada em um ponto central, junto à cabine de projeção.

Um fato curioso é que os filmes que já passaram na TV não são cogitados para o Oscar. No caso do Tropa, mesmo com a ampla divulgação do escândalo de pirataria, que foi ainda pior do que se tivesse passado na televisão, o filme chegará lá para concorrer em categorias principais.

Nathália, nosso deputado Flávio Bolsonaro provavelmente bateu com a cabeça ao propor um absurdo destes. Ele provavelmente não sabe até hoje qual é o exato papel de um Deputado Federal.

drigo · Belo Horizonte, MG 21/9/2008 16:07
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Vilorblue
 

Bom texto amigo.
Se quiser entender um pouco mais sobre, tropas de elite e criminalização da pobreza, vc pode ler um texto meu, publicado no Overmundo.
Como demonstraram Claudia Koroll e Mike Davis. A escala planetária do fenômeno de implantação de um verdadeiro estado policial-penal, cujo objetivo é controlar as populações trabalhadoras e os territórios onde habitam.

Seu texto é bom, falta apenas entrar no cerne da questão, isso é; Estamos a passos da implantação de um estado fascista mundial totalitário..

Link do texto se quiser ler:
http://www.overmundo.com.br/banco/tropo-de-litro

Abraço.

Vilorblue · Colombo, PR 20/10/2010 19:46
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Rodrigo Siqueira O.
 

Já não bastasse no primeiro filme, foi uma vergonha! by Ser Univertário

Rodrigo Siqueira O. · São Paulo, SP 9/5/2011 14:05
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