O texto a seguir é a apresentação escrita por mim para a coletânea de contos pós-apocalÃpticos Fome, segundo livro do publicitário paulistano Tibor Moricz, um escritor de ficção cientÃfica a quem já entrevistei e de quem já resenhei o livro anterior aqui mesmo, para o Overmundo, no projeto Ponto de Convergência .
O lançamento da obra será no dia 4 de dezembro no Bardo Batata, rua Bela Cintra, 1333 - Jardins, São Paulo. O livro já se encontra em pré-venda no site da Tarja Livros, que vem a ser a editora que mais tem investido na produção nacional de literatura fantástica. Com vocês, o prefácio de Fome:
Nas páginas seguintes, você terá a oportunidade de testemunhar a morte de, pelo menos, dois mitos. Um deles é a tradição bem-comportada da Ficção CientÃfica brasileira, uma vez que o bom-mocismo desse gênero da literatura nacional raramente encontrou quem o desafiasse ao longo dos anos. Já nas linhas iniciais do primeiro dos quinze contos, Tibor Moricz trucida tal padrão estabelecido ao ir muito além do que fez, por exemplo, lá no inÃcio da década de noventa, o pioneiro e decano André Carneiro em sua singular utopia sexual Amorquia.
O paulistano descendente de húngaros (mais especificamente, sobrinho-neto de um dos maiores escritores e dramaturgos daquele paÃs, Zsigmond Móricz) criou nesta coletânea uma distopia nada ambÃgua. Se em seu romance de estréia, SÃndrome de Cérbero, ele fez uso de um tema clássico da FC mundial – a viagem no tempo – para analisar a angustiada relação de um filho com o pai ausente, aqui o autor volta a trabalhar com um cenário bastante conhecido, o do futuro pós-apocalÃptico, mas com resultados bem mais cruentos.
Em Fome, o Caos e o Abismo de Nietzsche abusam, torturam e canibalizam um segundo mito, o do Bom Selvagem de Rousseau. A civilização acabou, os governos não existem mais, as relações familiares e as religiões ou se extinguiram ou surgem apenas como caricaturas farsescas. O que move os poucos sobreviventes é a urgência em atender à quela necessidade fÃsica que dá nome à obra. A fome, em suas diferentes e variadas manifestações, é a protagonista onipresente.
“Não eram tempos para analogiasâ€. Dessa maneira se define o mundo descrito a seguir, em um dos primeiros contos. Mais à frente, em outro texto, retoma-se o assunto. “Um tempo onde a comida não existia. Um tempo onde a água pura não existia. Onde a sobrevivência suplantava tudo. Mas um tempo, sobretudo, onde todos, sejam caça ou caçador, sabiam que a vida é uma questão de sonho e decepçãoâ€. É nesse tempo e nesse lugar que você está entrando agora, no espaço da Entropia. Não é bem o caso de dar as boas vindas, mas a verdade é que você está prestes a conhecer a distópica entropia de Tibor Moricz.
Vire a página por vontade própria.
Quer dizer que é uma FC do mal? Interessante... Espero poder ir ao lançamento e conferir todos os outros contos.
"Um tempo onde" deve ser de propósito, imagino. Afinal é um tempo que é um lugar.
Virar a página por vontade própria, neste caso, é um verdadeiro desafio e uma ótima provocação. Quem leu O Caçador sabe o que quero dizer.
Parabéns por mais um livro, Tibor.
É bem do mal...
Pois é, acho que o recurso de transformar tempo em lugar foi proposital, afinal o revisor foi um cara exigente, o Saint-Clair.
"O caçador" é mesmo uma boa amostra do que os outros 14 contos têm...
Brigado pelo voto e pelo comentário, Ludi
Li o caçador e preciso dizer aqui o mesmo que disse lá na comu: que filho da puta! Ser assassino tudo bem, mas estuprador? Bom, mas ele teve o que mereceu. Vamos ver que outros tipos de filhadaputagem e punições os outros contos trazem.
Parabéns e grande abraço, Tibor!
Tem bastante filhadaputice no livro, Aurisson. Posso garantir.
Valeu pelo voto e pelo comentário.
Votado! Bela resenha seu capeta. O Tibor leva jeito para escrever sobre filhos da puta. Vou pedir para fazer minha biografia.
Clinton Davisson · Macaé, RJ 26/11/2008 08:15
Wow! Isso só me deixou com água na boca a respeito do livro! Eu sou a favor de que a FC deve ir aos seus extremos, tanto no extremo utópico e benevolente quanto no distópico e cruel.
E o Romeu leva jeito para atiçar o interesse por um livro, gostei da apresentação! :)
Me sinto, sei lá, meio que "mãe" dessa criança. Rsrsrsrs.
Saint-Clair · Rio de Janeiro, RJ 26/11/2008 09:21Mãe? Depois não reclama, Saint. :D
Adriana Rodrigues · Barbacena, MG 26/11/2008 11:09
Hehehe, o Saint tá mais pra madrasta malvada :)
Brigado, Clinton, Gi, Satan e Adriana.
Extremos é o que há.
Oi, Graça
Acho que você clicou no enviar antes de digitar o comentário. Mas valeu a visita.
Parabéns e sucesso cara.
Fiquei curioso para ver o cenário apocaliptico. Os trabalhos da Tarja tem sido muito bons. Tenho certeza de que o seu também o é.
[]´s
Parabéns Tibor e sucesso com o novo livro!
Rober Pinheiro · São Paulo, SP 26/11/2008 20:34
Pensei que não ia, mas foi.
Abraço e obrigado a todos que leram, comentaram e votaram.
Próxima resenha: Despertar, livro do Beraldo que se passa no universo do game Taikodom.
Oba, Romeu! Excelente te ver de volta por aqui divulgando a FC brasileira!
Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ 27/11/2008 14:38Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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