Desde o ano passado, tendo conhecido o site "Verdes Trigos", tornei-me leitora assÃdua e passei a admirar o trabalho de seu criador, Henrique Chagas. Generoso com todos que o procuram, terminamos estreitando contato.
O site tem como principal razão de ser fomentar o hábito da leitura, divulgando conteúdos culturais, especialmente literários.
Nesta entrevista no Overmundo vamos conhecer um pouco mais sobre Henrique e seu trabalho.
Nascido em Cruzália, interior de São Paulo, ele e os seis irmãos eram conhecidos como os filhos do "Zé Terra", o homem que vendia vassouras. "Meu pai foi vÃtima da tuberculose e não podia trabalhar na roça, então fabricava vassouras." Assim, eles iam descalços até a escola. Trinta anos depois de ter saÃdo de lá, ele participou da comemoração dos 60 anos da Escola Joaquim Gonçalves de Oliveira, à qual fez uma doação de cerca de 200 livros, mostrando aos jovens um exemplo vivo de perseverança.
- Henrique, você mantém o site "Verdes Trigos", aliás, sÃtio cultural, como você costuma chamar, há quase 9 anos. O que levou um advogado a dedicar-se a essa empreitada? Dá para conciliar essa atividade profissional e a militância cultural?
Henrique Chagas - “Verdes Trigos†já faz parte do meu modo de ser, é o meu Tibet, onde eu me encontro e busco refúgio seguro para minha mente e refrigério para o espÃrito, pois minha atividade profissional principal é altamente estressante. Durante o dia, me debruço sobre os casos que me são colocados e estes me esgotam, no entanto, à noite, após uma hora de academia e o jantar, me refugio nos meus verdejantes campos de trigo. É aà que minhas idéias, meu pensamento, minha inteligência se encontram para militar culturalmente. Assim, como estava a dizer, todas as noites, todas as manhãs, antes de ir ao trabalho, e nos finais de semana, reservo tempo para o “Verdes Trigosâ€. A filosofia do sÃtio “Verdes Trigos†é no sentido de que as boas idéias, bons pensamentos e os bens culturais devem ser disponibilizados socialmente, até mesmo como forma de entretenimento; é por isso que invisto tempo e dinheiro no meu sÃtio, cujo retorno cultural me é altamente satisfatório. No “VerdesTrigos†o advogado Henrique Chagas não se apresenta, mas advoga uma causa que lhe é muito particular: que a maior riqueza está no conhecimento, no aprendizado, na grande herança que recebi de meu pai (o desejo de sempre aprender).
- De onde veio o nome "Verdes Trigos"? Você é um fã explÃcito de Van Gogh, não?
Henrique - Sim, sou fã explÃcito de Vincent Van Gogh. Talvez seja tão louco quanto ele, pois somente alguém com tenacidade e persistência mantém um sÃtio cultural, que envolve tempo e altos custos, por quase uma década sem qualquer retorno financeiro. Por outro lado, o retorno é altamente prazeroso. Lima Trindade, do Verbo21, em recente entrevista, disse que escreve porque não sabe desenhar; então eu que não sei desenhar e muito menos pintar, também escrevo e faço o “Verdes Trigosâ€, uma obra que tem a pretensão de ser uma homenagem ao grande Van Gogh. Em 1998, ao criar a marca, eu desejava um nome que expressasse a minha filosofia pessoal, que representasse um arquétipo milenar de esperança na humanidade e que ainda contivesse algo da minha experiência pessoal. Como apaixonado por Gogh, em especial pelo “The Green Wheat Fieldsâ€, o associei aos verdes trigos da minha infância, como descrevo na apresentação do sÃtio e a ele dei uma conotação quase que mÃstica, pois representa a esperança de um mundo melhor, que se conquista pela solidariedade, tolerância e pelo repartir do conhecimento. Muitos acham que “Verdes Trigos†é um sÃtio religioso; e é mesmo, embora não tenha nada de religião, ao contrário, é por demais profano. Como para mim, esta distinção não existe, “Verdes Trigos†é muito sagrado para mim. Do trigo se faz o pão. Foi pela cultura, pelo conhecimento e pelo estudo que conquistei um pequeno espaço neste mundo, por isso procuro contribuir com a cultura e com aqueles que sentem fome de conhecimento, cultura e saber.
-Você saberia dizer qual é o perfil dos visitantes do seu site?
Henrique - Não tenho um sistema de pesquisas qualitativas de visitação do sÃtio, entretanto pelo Google Analysis, concluo, pelas palavras mais buscadas, pela origem das visitas, que o sÃtio tem um público altamente qualificado, em geral profissionais e estudantes; e ele (o sÃtio) corresponde à s necessidades dos nossos visitantes, pois há uma lealdade e fidelidade superior a 40%, o que julgamos excelente. Tem-se uma audiência média superior a 100.000 visitas únicas/mês.
- O que explica o destaque do “Verdes Trigos� Você acha que é um fruto natural dos mais de 8 anos na rede ou há algum fator que colabore para isso?
Henrique - Creio que o destaque do “Verdes Trigos†decorre muito da persistência, da disciplina que empreendemos na sua condução. Certa vez, quando me apresentei ao escritor Moacyr Scliar, no Salão do Livro em Belo Horizonte, ele imediatamente me disse: “não pare nuncaâ€. Nossa, é uma honra para mim: um imortal da ABL, além de saber da nossa existência, ainda pedir para que continuemos. Respondi, com voz emocionada, que jamais abandonarei o “Verdes Trigosâ€. Ele também se mantém como fruto natural destes anos de rede, mas é especialmente fruto da colaboração dos nossos amigos, dos nossos visitantes, de todos aqueles que nos apóiam de uma forma ou de outra. Evidentemente, o fato de ser um sÃtio com conteúdo especÃfico colabora muito para o seu destaque nos sistemas de busca, aumentando assim a visitação.
- Como você seleciona o que será publicado no "Verdes Trigos"? Essa é uma tarefa de uma equipe ou de um homem só?
Henrique - Primeiro, somente publico aquilo que se coaduna com a filosofia empreendida no "VerdesTrigos", que vende esperança e a possibilidade de um mundo mais feliz, mais próspero e mais harmônico. Aceitamos e instigamos a polêmica, jamais aceitamos idéias intolerantes, racistas e que desrespeitam o nosso leitor. Essa é a nossa polÃtica. Em segundo lugar, tem muito do nosso gosto pessoal também. Coincidências e subjetividades, claro! Ah, o "Verdes Trigos" é feito por uma equipe de uma só pessoa. Fazemos tudo, desde a programação à publicação. Eventualmente, quando juntamos alguns trocados, contratamos algum trabalho especÃfico, por exemplo, software para gerenciamento de banners, e-mails ou para publicação. Claro, contamos com a imensa colaboração dos escritores, dos colunistas e das editoras, que sempre nos encaminham material, livros etc.
- Como você vê o panorama cultural no Brasil hoje?
Henrique - O panorama cultural no Brasil é vasto e muito rico. Vejamos o caso da literatura, virou moda toda cidade ter a sua feira literária ou até mesmo um festival internacional, como é o caso de Parati. É uma festa onde os leitores podem encontrar o seu autor e este os seus leitores. Volta-se à tradição oral da literatura, quando antes da escrita os autores recitavam oralmente suas histórias, hoje o autor comparece à s feiras para dizer sua obra. Entretanto, a grande dificuldade do autor, romancista ou poeta, é conseguir publicar sua obra. As editoras buscam atender à s exigências do mercado (esse “ser†invisÃvel que dita as regras) e os iniciantes ou de localidades longÃnquas dos grandes centros somente conseguem publicar utilizando-se de seus próprios recursos. Ainda bem, com o advento da internet, que se pode publicar de forma menos onerosa e com grande alcance através dos propalados blogs ou nas comunidades da internet.
- Especialmente sobre os lançamentos literários nacionais mais recentes, imagino que seja difÃcil apontar destaques, mas o que mexeu mais com sua sensibilidade?
Henrique - É mesmo muito difÃcil apontar os destaques. Participei do júri do Prêmio Portugal Telecom de Literatura 2007, em sua etapa inicial, e tive enorme dificuldade para votar em cinco obras. Queria apontar cinqüenta, mas para escolher cinco delas, perdi o sono com medo de ter sido injusto com aqueles que não escolhi. Fiquei muito feliz porque dois dos meus cinco indicados estão na segunda fase esperando os votos do júri intermediário. Torço por eles. Respondendo a sua pergunta de forma explÃcita, quero destacar um lançamento, cujos exemplares estão chegando à s livrarias neste mês de julho/2007, que tive o privilégio de fazer a sua orelha. Trata-se de Hierosgamos, diário de uma sedução. Acho fantástico o tratamento que a autora, Noga Sklar, dá à busca pelo amor através da sedução virtual. Descreve a história de um casal que se conhece pela internet, e, em quarenta e dois dias conversam pela rede, se conhecem e namoram. Ao final se encontram, se casam e vivem felizes.
- Você participou de uma antologia internacional, em 2004.
Henrique - A antologia "Roda Mundo, Roda Gigante" foi uma homenagem à obra do Chico Buarque. Vários autores escreveram trabalhos inspirados na obra do Chico. Eu publiquei um ensaio sobre a "Participação PolÃtica", muito frequente na obra do Chico. A Antologia pode ser adquirida na Livraria Cultura.
- Através do "Verdes Trigos" você tem recolhido doações de livros, que são entregues a bibliotecas e outras instituições. Como é isso?
Henrique - Estou agora preparando uma partida de livros para a "Casa do Pequeno Trabalhador", uma instituição de Presidente Prudente/SP, onde estamos montando uma biblioteca. Creio que estaremos fornecendo nos próximos dias uns 300 exemplares.
- Por fim, que futuro você imagina para a cultura no mundo da Internet? Que papel teria o Overmundo?
Henrique - A literatura ganhou mais um instrumento de suporte. Com o surgimento da escrita, o avanço cultural foi estupendo; com a internet, o avanço está sendo fantástico, qualquer pessoa pode criar o seu espaço virtual, promover a publicação de sua arte, colocá-la ao alcance de um número infinito de pessoas. Doutro lado, temos acesso a uma infinidade de informação, que muitas vezes sequer sabemos tratá-las e dar-lhes o devido valor. Verdade também que muita coisa boa fica perdida nos escaninhos virtuais e por outro lado muita coisa ruim, como tudo na vida, está à disposição de qualquer um. O Overmundo coloca ao nosso alcance obras culturais interessantes e valorosas, como o poder de cada um dizer o que pensa e que valor dá à obra e naturalmente a boa literatura e os bons textos, tanto no conteúdo quanto na forma, vão se destacando. O Overmundo tem um papel agregador e valorativo neste panorama cultural.
Muito obrigada, Henrique. Um grande abraço.
Aproveitando os recursos da internet, incluo o link para uma breve entrevista com Henrique, divulgada no YouTube. É uma oportunidade para ouvÃ-lo falando sobre o hábito da leitura.
Henrique Chagas está escrevendo um livro para breve, mas este é um assunto para outra entrevista...
Oi querida,
Cada vez maiz talentoza...Lembrei-me dos campos de trigo dourados de Van Gogh! Deve ter sido uma emoção e tanto esta entrevista!
Vou lê-la com bastante calma depois...
Esta antologia, "Roda Mundo, Roda Gigante", têm alguma analogia à canção do Chico?
Bjs
Cris
Oi, Cris,
Boa sua pergunta. Vou perguntar ao Henrique, pois o que sei é que é uma antologia internacional de 2004...
Bjs
Ccorrales.
Parabéns pela entrevista e iniciativa. A foto ta legal também.
CÃntia Parabéns!
Que bela e instrutiva entrevista. Bom trabalho!
Grande abraço!
Olá amiga CCorral,
Que bela entrevista você fez amiga! Eu achei muito interessante este teu trabalho. Meus sinceros aplausos e beijos.
Carlos Magno.
Oi CÃntia,
que bela estréia como entrevistadora aqui no Overmundo. Parabéns!
Muito interessante essa iniciativa do Henrique Chagas. Confesso que desconhecia completamente o Verdes Trigos. Só fiquei com um gostinho de quero mais na apresentação desse site cultural - ele é dedicado exclusivamente à literatura?
Beijo,
Tetê.
Higor, Robert, Carlos Magno,
Obrigada pela leitura.
Abs
Tetê,
Inclui uma frase no inÃcio para deixar mais clara a proposta do Verdes Trigos. Obrigada pelo comentário e pelo e-mail. Graças à sua atenção e revisão minuciosa consegui corrigir a tempo detalhes que haviam passado desapercebidos.
Bjs
A fotografia que você usou é muito boa. Excelente casamento com o texto. A entrevista é ótima. Que iniciativa não é mesmo? A cultura agradece CÃntia. Um abraço.
FILIPE MAMEDE · Natal, RN 17/7/2007 08:53
F i l i p e,
O Henrique utiliza bastante essa fotografia. Acho que caracteriza bem mesmo.
Gde abraço
CÃntia (CCorrales) ,
Grato pelo convite para estar aqui contigo e o Henrique Chagas, um homem do bem pelo descrito.
Reconfortante, estimulante, prazeiroso saber por ti e por Henrique que não somos o personagem de Sclyar em O exército de um homem só.
Sermos únicos em cada blog nosso, e muitos nesse Overmundo, significa que a leitura, a lÃngua nossa e a cultura de toda uma gente não vai para as calendas, viverá e muito bem, por muito.
Parabéns!
Cris,
tua pergunta já fora respondida na entrevista pelo Henrique
A antologia "Roda Mundo, Roda Gigante" foi uma homenagem à obra do Chico Buarque. Vários autores escreveram trabalhos inspirados na obra do Chico. Eu publiquei um ensaio sobre a "Participação PolÃtica", muito frequente na obra do Chico. A Antologia pode ser adquirida na Livraria Cultura.
Caro Adroaldo,
Obrigada pela visita. Boa lembrança do Sclyar.
Em relação à pergunta da Cris, na verdade foi ela quem me motivou a completar a entrevista. Falei com o Henrique e ele esclareceu sobre a antologia. A Cris foi, de certa forma, co-autora de uma das perguntas.
Grande abraço
Ler qualquer notÃcia sobre Henrique Chagas será sempre um prazer. Ele é um grande divulgador da nossa cultura. Não é fácil manter um site como o Verdes Trigos no ar. Só mesmo um homem persistente como o Henrique para faze-lo.
Ótima entrevista.
Sds...Elaine
Perdão, Cris, foi para o bem.
Agradecido CÃntia.
Em edição, tudo, mas tudo mesmo é possÃvel.
Até a crÃtica chegar após a superação da tese pela antÃtese e esta estar caduca antes de nascer.
Se aprende sempre, todo o dia.
CÃntia, apresento-lhe meus sinceros agradecimentos pela entrevista, pela apresentação do sÃtio VerdesTrigos ao OverMundo. Honra-me estar entre vocês todos e agradeço todas manifestações neste apareço, muito generosas e gentis comigo. Agradeço a todos e torço pelos votos necessários à publicação. Abraços. Henrique
Verdes Trigos · Presidente Prudente, SP 18/7/2007 14:35
Querida CÃntia:
Diga ao Henrique que os meus já estão lá. E que escrevi, tempos atrás, aqui mesmo no overmundo, sobre os sapatos de van Gogh. E que também adoro o Gonzagão.
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho
ahn, o que? Ninguém falou nada do Gonzagão? Mas isto não importa: tenho certeza de que todos aqui adoram o Lua, a começar pela dupla dinâmica, CÃntia e Henrique.
Joca, é mesmo, lembro que foi uma das primeiras coisas que li aqui no Overmundo, e que gerou uma polêmica com uma moça que agora anda sumida.
Na sua primeira frase ficou faltando uma palavra. Seria 'votos'? Obrigada pela presença. Bjs
Querida CÃntia
Votos, com certeza. E me referia ao comentário do Henrique que torcia pelos votos necessários à publicação.
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho
Seu amigo é muito gentil...Adorei as fotos, a entrevista...Parabéns!
Cris
Esse Joca e seu humor inimitável!
Quem é a dupla dinâmica CÃntia e Henrique????
BJOCA!
Cris, obrigado pelas referências generosas,
beijos
Henrique
Cá estamos, CÃNTIA
com o fito de parabenizar-te por esta entrevista supimpa.
*****
O trigo à altura do peito / a barba
verde / nadando sob céu
sem volume / fios de memória, lios e mais lios de fervor
sobre o Tempo e o Espaço,
o Homem se espanta e se encanta de que o façam de tal
estirpe / as mãos e o coração.
*****
Um abraço
Darlan
é muito bom ler sobre os projetos e pessoas que admiramos. nada de intermediários fazendo resenhas puxasacantes ou ensaios acadêmicos. só a boa e velha entrevista.
Mão Branca · BrasÃlia, DF 19/7/2007 09:25
CCORRALES,
parabéns pelo belo trabalho, gostei demais de conhecer esse trabalho maravilhoso.Como é bom divulgar essas maravilhas.
Abraços...
Obrigada a todos pelos comentários e votação.
Abraços
CÃntia
CÃntia,
parabéns pela entrevista que, além de bem feita, contribui ainda mais para a divulgação literária na internet. Não conhecia o Verdes Trigos nem o Henrique, mas graças ao seu texto já fiz uma breve visita ao site, a qual repetirei com mais vagar para conhecer melhor o trabalho deste exército brancalêonico na luta pela duvulgação da literatura e de seus autores. Uma beleza. Parabéns.
Bjs
Realmente fico curioso pelos seus elogios ao livro da Noga. Uma primeira versão deste livro foi recusada por mim, na época da Paradoxo, e sei que ela mudou o livro por conta disso. Mas ele ficou tão bom assim? Ele tinha um sério problema de estrutura.
Fora isso, acho seu trabalho no Verdes Trigos notável, pela persistência e constância.
Henriqueeeeeee!
Calaminhaaaaaa
(fala pra ele CCorales,
se ele não nos ouvir daqui),
deixa o Delfin morrer de curiosidade ou comprar o livro pra satisfazer-se.
E sem desconto de feira.
Não conta nada pra ele não, Henrique.
Ah! Ah! Ah!
Paradoxo é isso aÃ, Delfin.
Bom pra uns, pra outros ruim
Leitores que o digam,
UnÃ-vos,
nada tendes a perder senão editores.
É o fim!
Já estou amando a Noga, sem t~e-la visto.
Apenas por tua apresentação Henrique, na nos trigos verdes.
-------
Agora bem mais sério:
Delfin,
O que é mesmo um problema sério de estrutura numa ficção?
Foi um problema mesmo sério, reconhecido inclusive pela autora, e que, segundo soube por ela, foi sanado. Acontece em primeiras versões de livros e é natural. Mas, enfim, você pareceu bem irônica no seu comentário. Não sei se vale a pena me extender, quando a pergunta ao Henrique foi séria.
Delfin · São Paulo, SP 20/7/2007 00:56
Delfin,
Percebestes, então, o que pretendi em meu comentário que citou a tua curiosidade pelo que resultou a obra que recusastes recomendando reparo em defeitos de estrutura, penso.
Jamais pensei que não fosse séria a tua pergunta.
De outra forma não estarÃamos aqui tu e eu.
É que dissestes, como se eu e todos os demais soubéssemos das circunstâncias:
"Uma primeira versão deste livro foi recusada por mim, na época da Paradoxo, e sei que ela mudou o livro por conta disso. Mas ele ficou tão bom assim? Ele tinha um sério problema de estrutura."
Tua dúvida central, para mim, não era uma pergunta de forma, e me parecia de conteúdo: "Mas ele ficou tão bom assim?"
Então ri, sim.
Fui irônica, sim.
Porque, Delfin, além de ironia ser um estilo, sem ser deboche nem desrespeito, considero que o leitor pode ser mais crÃtico que a maioria dos editores obrigados a lerem quilômetros de textos, profissionalmente, muitas e muitas vezes sem qualquer afeição a estilos e, portanto, sem gosto ou prazer algum.
Aà fiz uma brincadeira: lêem de graça, no original e não deixam outros pagarem para ler, porque o livro não será publicado.
Como o da Noga o foi, recomendei a compra e brinquei com o Henrique que, convenhamos, nem o conheço, se te conhece não o sei, se o conheces bom pra vocês essa conversa pessoal assistida por nós aqui.
Henrique, por certo, não seguirá as peraltices de uma jovenzinha de Porto Alegre, certo?
Estender-se, muita vez, vale a pena.
Mas é com s, não com x.
Té.
mais um maluco lutando bravamente a favor da cultura.
vida longa aos malucos.
o verdes trigos já está nos meus favoritos.
Nivaldo, André,
Que bom que a entrevista ajudou a conhecerem (ou lembrarem) o Verdes Trigos.
Abs
Cintia, parabéns pela entrevista. Também sou fã do Henrique e me orgulho de ser colaboradora do Verdes Trigos. Nossa parceria surgiu espontaneamente, por puro interesse em boa literatura. Tendo publicado por lá, a convite dele, 2 ou 3 crônicas, me arrisquei a submeter a ele meu livro pronto para o prelo. Henrique gostou, escreveu a orelha, e vem aliviando com seu apoio delicioso - baseado, graças a Deus, em puro parecer literário - a minha ansiedade de romancista estreante. Me surpreendi, e me senti honrada, com a indicação do Hierosgamos aqui no Overmundo. Quanto ao comentário de Delfin, achei gratuito: ele não leu a versão final do livro. O que ele disse é verdade sim... foi dos primeiros a avaliar o texto... em sua primeira versão que sim, graças ao comentário dele, e posteriormente a resenhas favoráveis publicadas no Globo e à opinião de muita gente boa, foi tomando a forma que tem hoje. Normal. Imaginem se todo autor recusado for alvo de comentário dos editores que um dia o recusaram... não haveria Jane Austen, não haveria Joyce, não haveria Henry Miller e tantos outros, não haveria sequer, pra manter a pauta do dia, J.K. Rowling e a saga bilionária de Harry Potter. E como disse muito bem a Juliaura, agora é com o leitor. Aproveitem. Boa ou ruim, a experiência do Hierosgamos parece ser mesmo inesquecÃvel, não é, Delfin?
Noga Lubicz Sklar · Rio de Janeiro, RJ 20/7/2007 17:23
Ah! Noga
Amei tu mais ainda agora aqui, benvinda.
Nem ainda te via, nem te lia e já te amava de um jeito que amo o Adroaldo, por exemplo, que aà em cima comentou o Verdes Trigos (que eu tô alugando aqui despudoramente).
Fiz uma entrevista com p Adro aqui pro overmundo (a primeira da minha vida, eu não vou esquecer disso até poder contar pra meus netos daqui uns 50 anos, querendo ler, tá lá no meu perfil).
Como disse antes, penso que editor tem lá seus compromisso, suas tarefas, seus afazeres, suas obrigações.
Leitor têm prazer em ler!
Viva os escritores que escrevem pra pessoas que lêem. Viva tu, então.
Se vender, é lucro.
É bem ao contrário de livrinho bonito esse, autor bem de vida, de fama já regional ou nacional.
Se global, então, edita qualquer (perdão, perdão!) merda na hora e vão vender pela TV.
Na feira do livro da rébis aqui no ano passado, receita de guisado e arroz com luingüiça foi o mais vendido.
E não é metáfora nem figura de palavra.
É receita de comida mesmo, de um autor que tá todo o dia, dois horários de muitos minutos na TV.
Aà eu edito também!
Literatura vende.
Comércio de livros vende mais.
Exagerei de novo!
Eu tento economizar, não me corrijo.
Também, ninguém é obrigada a ler, é só passar adiante.
Beijin, Noga, CÃntia e Henrique.
Noga, seja bem-vinda ao Overmundo, vasto mundo. Que bom que apreciou a entrevista. Tinha um palpite de que o Henrique (que não sei se já se inteirou dos últimos posts) escolheria seu livro, pois ele entusiasmou-se tanto que até criou uma comunidade no Orkut.
Bem, o Verdes Trigos também serviu para conhecer sua obra, que fiquei curiosa em ler.
Noga, Juli, Delfin
Abraços
Querida Juliaura:
Acho super legal esta sua capacidade de polemizar, mais do que isto, de criar, do nada, uma polêmica. Fico, no entanto, preocupado com a maneira que vc crucifica as pessoas.
Conheço muito bem a CÃntia, acho mesmo que temos,eu e ela, uma empatia muito grande.Os outros personagens desta história, na qual estou entrando gratuitamente, pouco conheço.
Foi neste exato momento que me perguntei: porque, afinal, resolvi encararar esta parada?
Olha Juliaura, e você também, Noga, a quem não conheço como de resto muitÃssimo pouco, quase nada conheço, o Denis. Mas não acho, viu Juliaura, que alguém cuja a profissão seja a de editor deixe de ser, antes de mais nada, um se humano sensÃvel. Não estou aqui para defender o Denis, mas, sinceramente, se for para fuzilá-lo em Praça Pública, desculpe minha querida Juliaura, mas você vai me encontrar, mais uma vez, do outro lado, defendendo-o, aà sim, incondicionalmente. Porque não acho nem um mÃnimo justo julgar um pessoa pela cor da pele, a opção sexual, e muito menos, meu Deus, se esta moda pega, pela profissão, não apenas exercida, como assumida. Pelo tanto que observei da intervenção do Denis, se gratuidade houve, não menos sinceridade ocorreu e não consigo ver sentido algum em expo-lo à execração pública.
desculpem a intromissão, mas não consigo compactuarcom uma tão flagrante injustica!
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho
Bom, não foi gratuito o comentário porque, fora o problema de estrutura, eu não gostei muito mesmo do livro. Por isso a pergunta dele ter ficado tão melhor. Não foi pejorativo nem pra pisar em nada, quem me conhece sabe disso. Eu detestaria começar mais uma seqüência desastrosa de maus entendidos com a Noga (mesmo porque, da última vez, ela insinuou que eu era nazista e foi uma troca de e-mails particulares relativamente extensa para ela entender algo que ela ignorava, que foi a importância dos judeus no mercado norte-americano de quadrinhos dos anos 30/40 – toda a polêmica foi no no mÃnimo e apenas porque eu usei a palavra judeu, que parece até um termo proibido à s vezes, mas o que vou fazer se é a palavra certa?). Ainda mais quando as pessoas não conhecem o background tratado aqui. Eu tenho um gosto por histórias bem peculiar e me interesso muito por abordagens diferenciadas de temas recorrentes e, no caso da versão que li do livro da Noga (reafirmo, a primeira, nunca disse que foi de outro jeito), eu não senti essa força inovadora na narrativa. Reitero: este é o motivo sobre a pergunta da melhora.
Todo mundo que escreve passa por isso. Comigo, por exemplo, foi com a Livros do Mal. Experiências crÃticas e questionamentos assim só devem engrandecer o autor. Se eu levasse crÃticas a ferro e fogo, não seria amigo dos que criticaram meus textos. Minha curiosidade é sincera. Você não é um alvo. Se assim fosse, outros autores recusados ainda pela K, como o Emerson Wiskow e o Patricio Jr., não teriam perguntas e curiosidade do mesmo tipo dirigida por mim a eles e/ou a seus editores atuais. Acho natural. RidÃculo seria se eu te ignorasse.
Melhor terminar por aqui. Ficar me explicando me desgasta muito, mas eu não vou ficar na defensiva por causa de uma frase com uma interrogação no fim.
Darlan, obrigado pelo poema:
*****
O trigo à altura do peito / a barba
verde / nadando sob céu
sem volume / fios de memória, lios e mais lios de fervor
sobre o Tempo e o Espaço,
o Homem se espanta e se encanta de que o façam de tal
estirpe / as mãos e o coração.
*****
meu coração e o meu coração estão abertos para o encantamento que advém dos trigais (arquétipo milenar, que nos coloca diante do mundo com a eterna esperança de sermos imortais ou eternos semelhantemente o Eterno).
Obrigado.
Henrique
Delfin, obrigado pelas gentis palavras dirigidas ao VerdesTrigos. E quanto a sua curiosidade, respondo-lhe a questão. Gostei muito do Hierosgamos, o livro da Noga. Li o livro acabado e simplesmente digo-lhe, o livro é bom. Lembrou-me o Cântico dos Cânticos de Salomão, uma louvação ao amor, que deu certo! Uma história verdadeira contada em prosa poética. S.m.j., o livro é muito bom.
abraços
Henrique
Juli, beijim para você. Aqui estou eu neste espaço, a CÃntia me trouxe, me apresentou, estou ainda tÃmido e encabulado. Obrigado pelas gentis, generosas e amigas palavras. Estou gostando desta experiência overmundistica. Gostar da Noga é fácil, eu aprendi a gostar dela em tão pouco, em menos de dois meses já somos quase intimos. Me conta suas peraltices....
beijos
Henrique
Querido Delfim:
Sei que é indesculpavel, mas peço que me desculpe por trocar seu nome, embora considere que este engano até reforça a minha posição de defesa de valores e não de pessoas.
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho
Joca,
Que posso pensar?
Consideras "superlegal" uma capacidade que vês em mim "de polemizar... de criar, do nada, uma polêmica".
Então é por nada de fato que estamos conversando novamente.
E dizes que estás "preocupado com a maneira" com minha argumentação "crucifica as pessoas".
E interrogando a si próprio entra "no debate".
Dizes, e eu concordo, que ninguém deixa de ser gente porque exerce uma profissão, qual seja ela.
E que, mesmo sem conhecer Delfin, trata-se ele de "um se(r) humano sensÃvel".
Como outros tantos aqui, Noga, CÃntia, Henrique.
E... quem sabe, também eu?
E, mesmo dizendo que não o defendes, afirmas que desejei "fuzilá-lo em Praça Pública."
Não o fiz como avalias. Considere que estava eu apenas começando uma conversa dura sobre o que pensam outras pessoas e o que eu penso.
Porque eu penso e outras pessoas pensam, combinado?
É quando nos reencontramos, tu em outro lado que não o meu, novamente por vontade apenas tua.
E eu é que gosto de criar polêmica do nada, certo?
Porque não achas "nem um mÃnimo justo julgar uma pessoa pela cor da pele, a opção sexual, e muito menos, meu Deus, se esta moda pega, pela profissão".
E quem achou isso aqui?
Eu não penso isso, igualzinho a ti que não achas.
Encontrastes alguma "gratuidade" Delfin e dizes que nele há sinceridade.
Quem teria afirmado o contrário?
Ele falou, confirmou e todos acreditaram no que disse.
Quem duvidou?
Apenas disse a ele:
Tua dúvida central, para mim, não era uma pergunta de forma, e me parecia de conteúdo: "Mas ele ficou tão bom assim?"
Então ri, sim. Fui irônica, sim. Porque, Delfin, além de ironia ser um estilo, sem ser deboche nem desrespeito, considero que o leitor pode ser mais crÃtico que a maioria dos editores obrigados a lerem quilômetros de textos, profissionalmente, muitas e muitas vezes sem qualquer afeição a estilos e, portanto, sem gosto ou prazer algum.
O próprio Delfin disse aà há pouco que:
- Bom, não foi gratuito o comentário porque, fora o problema de estrutura, eu não gostei muito mesmo do livro. Por isso a pergunta dele ter ficado tão melhor. Não foi pejorativo nem pra pisar em nada, quem me conhece sabe disso. Eu detestaria começar mais uma seqüência desastrosa de maus entendidos com a Noga...
Eu, Joca, nunca duvidei que fosse sério e sincero o que disse Delfin.
Inclusive frisei isto no comentário em que me consideras injusta para com ele.
Eu não li isso dele e me recuso a acreditar que carece de procurador para tanto.
Então é novamente apenas a tua vontade polemizar comigo para defendê-lo porque consideras que Noga e eu estamos fuzilando Delfin.
Até onde saiba eu, Delfin vive.
Eu indaguei se não havia uma certa dificuldade além da forma na obra que ele deixou de editar. E ele confirma isso: eu não gostei muito mesmo do livro.
E é um direito dele. E na profissão respeitável dele é também uma exigência para com ele.
Dizes que não consegue ver "ver sentido algum em expo-lo
à execração pública".
E, por certo, estás ciente de que foi Delfin que escreveu de próprio punho o que comentou de Noga numa conversa que eu até sugeri que tinha um cunho quase particular porque estamos em um postado de CÃntia, que respeito, e tratava-se até ali de um SÃtio de Henrique.
Enfim, exclamas que não consegues compactuar com "tão flagrante injustica!"
Então, também sou injusta.
Caro Joca.
Agradeço teus beijos e abraços, os recolho com seriedade e sinceramente enlevada, mas não vou polemizar contigo sobre se disse diogo e entendestes diego.
Deixemos assim, para não atrapalhar a linda trajetória de Verdes Trigos neste flamante postado de CÃntia como entrevistadora.
Postando tu, Joca, algo sobre mercado editorial, vou lá conversar numa boa contigo, nem carece de me avisar, porque polêmica de graça, dizes, é comigo.
Eu penso daquele modo que escrevi, pensas tudo isso do que eu disse e de mim.
Eu escrevi sobre o que estava escrito não sobre as pessoas que estavam escrevendo, por óbvio tão humanas como eu.
Sei que as pessoas passam e os escritos ficam.
E, se não concordo com o escrito, como fazes, discordo, como fazes, escrevo, como fazes, e comento, igualzinho ao que fazes.
Vale o escrito.
Jamais sequer passou-me pela cabeça te impedir de freqüentar alguma polêmica.
Nem sequer imaginei que erguestes alguma delas de modo fantasioso ou do nada, para brilhareco, que temos ambas mais o que fazer da vida e no Overmundo não tratamos de ego, mas da produção de cada uma das pessoas colaborativas.
Se concordar, aplaudo.
E, com certeza, não devo contas a ti, apenas ao que escrevo.
Boa noite.
Querida Juliaura:
Gostei demais da tua inspirada resposta, não apenas pelo conteúdo, mas também pelo tom nela utilizado. Fico-lhe muito grato por ela.
beijos e abraços,
do Joca Oeiras, o anjo andarilho
E eu, como espero ter deixado claro, não vou mais entrar nesse assunto.
Delfin · São Paulo, SP 21/7/2007 10:16
Até que enfim parou de chover né? Muito boa a iniciativa, temos que valorizar pessoas como o Henrique e foi o que fizeste em grande estilo nessa matéria. Parabéns!
Abr.,
Leandroide.
Obrigada pela presença, Leandro.
Abs
Parabéns CCorales.
Eu sempre achei que a chuva ajudasse as culturas,
principalmente o trigo ainda verde.
Vejo que posso ter me enganado.
Aprendo muito, sempre, todos os dias.
Querido Adroaldo,
Queria aqui, publicamente, dizer que seu engano não foi nada...Nada mesmo...E acabei de ter mais uma lição da sua gentileza, ao invés de dizer Obrigada, digo-lhe, agora: AGRADECIDA!
Beijos
Cris
Estou me referindo ao comentário do dia 17/7...Não sabia que os verdes trigos estavam "pegando fogo"!
Caro Adroaldo, parabéns pelo seu livro que está bombando (são as ultimas noticias, uma vendagem dessas é um júbilo). Os trigos agora precisam de frio, mas não de grandes chuvas e geadas. Chuva pesadas prejudica o trigal agora, especialmente neste mês de julho, quando estão cacheados e maturando.
abraços
Henrique
Henrique, amigo,
Era tão-somente uma metáfora, querendo conhecer mais do que pretendeu o comentário de Leandróide, único que falou em chuva, que eu lembre, em um lugar que a cultura que comentávamos era a outra, não natural.
Como moro há muito no sul, já sabia o bem informado, de que a chuva é necessária até os trigos plantados ainda verdes, e de preferência não muita, para não alagar o terreno.
O frio é bom também, sem geada na florada é melhor, que só é boa para os laranjais.
Aproveito para cumprimentar novamente a CÃntia pela descoberta de tu para o Overmundo.
Não seria a mim unicamente que caberia, mas pelo que me toca, sê benvindo, tchê.
Agradecido.
Adroaldo, desculpa minha total desatenção.
Obrigado por sua atenção para comigo.
Desatento confundido as chuvas..
que chove dez dias sem parar...
abraços
Henrique
Olá, CCorrales. Gostei da sua entrevista com o Henrique Chagas. Tomei conhecimento do excelente Verdes Trigos através de um amigo (professor Angelo Caio Mendes Correa Jr., mestre em literatura brasileira- USP) e desde então tenho agradáveis e instrutivas horas pesquisando o site, comandado pelo Chagas. Parabéns!
Remisson Aniceto · São Paulo, SP 2/8/2007 08:00Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
Você conhece a Revista Overmundo? Baixe já no seu iPad ou em formato PDF -- é grátis!
+conheça agora
No Overmixter você encontra samples, vocais e remixes em licenças livres. Confira os mais votados, ou envie seu próprio remix!