Luiz Pilla Vares
Conheço Adroaldo Bauer Corrêa há mais de 20 anos, quase 30. Nosso encontro primeiro foi na redação do jornal onde ambos trabalhávamos.
Ele era um redator competente, mas o que primeiro nos aproximou foram as lutas sindicais, num momento único de nosso sindicato, quando, creio que pela primeira vez, tivemos efetivamente um movimento de massas na luta pelos direitos profissionais.
Depois, surgiu a identificação polÃtica nas idéias da esquerda socialista.
Confesso que Adroaldo Bauer estava na minha frente na avaliação das perspectivas do PT, partido ao qual em seguida aderi e ao qual pertenço até hoje.
Muitas de minhas restrições iniciais acabaram se confirmando com o passar do tempo, mas o que o PT representa hoje no cenário brasileiro, Adroaldo Bauer já tinha percebido naqueles longÃnquos anos que marcavam o inÃcio da década de 80 do século passado, quando a ditadura militar começava a se finar sob a pressão das lutas de massas no Brasil inteiro, as possibilidades que se abriam para o recém criado Partido dos Trabalhadores.
Tempos depois, fui convidado por OlÃvio Dutra para ser o Secretário de Cultura de Porto Alegre. Um dos integrantes de nossa equipe era Adroaldo Bauer, que ficou responsável pela área de descentralização cultural.
E mais uma vez ele se revelou um profissional responsável e competente.
Também quando me tornei Secretário de Cultura do Estado, novamente numa gestão de OlÃvio Dutra, então governador, Adroaldo estava entre os mais ativos integrantes de nossa equipe.
Dá para ver que temos uma longa relação de amizade e companheirismo que compartilhamos também quando tive a honra de presidir o Diretório Municipal do PT de Porto Alegre.
Ou, mesmo, quando ele, elegante, desfilava pela escola de samba Imperadores do Samba, com um impecável terno branco e camisa vermelha.
Mas eis que surge o Adroaldo Bauer escritor. Como jornalista, ele já tinha dado passos nesse sentido. Sabia manejar com diligência a matéria-prima de seu ofÃcio que são as palavras e as frases.
Não sei se por nosso longo relacionamento, em que partilhamos solidários vitórias e derrotas, Adroaldo Bauer me distinguiu para ser o apresentador de sua novela que agora chega aos leitores brasileiros, O Dia do Descanso de Deus.
E, nesses assuntos, sou muito exigente.
Disse-lhe claramente que, apesar de nossa amizade longa e, felizmente, duradoura, eu iria primeiro, sem nada lhe prometer, ler o texto. Se gostasse, escreveria. Se não, eu, com toda a franqueza, recusaria a honraria.
Mas aà está O Dia do Descanso de Deus, que li com prazer como deve ser a verdadeira relação de um leitor com a obra que tem em sua frente. Pois a novela que agora se edita tem todos os ingredientes capazes de tornar a leitura agradável e prender o leitor até o fim (Leia os três primeiros capÃtulos).
O cenário é o Rio Grande do Sul, num vai e vem entre o interior do Estado e Porto Alegre. O tempo, de certa forma indefinido, são os anos de chumbo, que nunca são referidos diretamente, mas que pairam como nuvens cinzentas sobre todo o transcorrer da novela.
As personagens são familiares para quem vive no Rio Grande do Sul, mas que nunca caem na caricatura meramente regional. Todas são problemáticas e universais, desde Romão, a principal, que passa grande parte da obra como uma sombra a decidir o destino dos demais participantes, até DomÃcio, o filho enlouquecido do latifundiário, a quem cabe ser o detonador do conteúdo trágico desta novela.
O mais encantador, porém, no enxuto texto de Adroaldo Bauer, é que não se trata de uma novela linear, com uma temporalidade exata.
A história tem idas e vindas, sem que se transforme em um quebra-cabeças que muitas vezes se torna, na literatura moderna, uma chatice.
Nada disso.
A ausência de temporalidade linear contribui para o leitor se apoderar da personalidade e dos dramas de cada uma das personagens e chegar progressivamente ao caminho que conduzirá a um desfecho ao mesmo tempo trágico e reconciliador entre o pai Romão e a filha Laurita.
E nessas idas e vindas da temporalidade, a memória não está em segundo plano. Ao contrário, ela é fundamental para a construção das personagens neste contexto fluÃdo em que se constrói a bem elaborada estrutura de O Dia do Descanso de Deus.
Enfim, é uma pena que Adroaldo Bauer tenha se decidido tardiamente pela ficção de fôlego.
Mas, por outro lado, valeu a espera.
Temos agora, diante de nós, uma magnÃfica tragédia que vai enriquecer a nossa literatura. Desde já estou ansioso para ver nas livrarias e, como pretende o autor, nas bancas de jornais e revistas, O Dia do Descanso de Deus.
Aliás, um longo dia, que dura todo o tempo da novela.
Valeu a espera por Adroaldo Bauer escritor.
Antecipe a compra do seu exemplar
Há algum tempo, quando dei uma nota sobre a próxima publicação desta novela que vai aà em cima apresentada pelo Luiz Pilla Vares, o Egeu me pediu aqui mais detalhes sobre a história e o livro. Eu tinha, mas preferi esperar pela aresentação essa que está agora na fila de edição, porque sabia que seria melhor do que a que eu pudesse fazer.
(Eu nem tenho 30 anos ainda - rsrsrs)
Aguardem o livro.
Vai para a gráfica esta semana.
Tem três capÃtulos de graça em http://coisaegente.blogspot.com.
É http://coisaegente.blogspot.com
(sem aquele mÃsero, minúsculo e cretino pontinho no final)
Legal a divulgação, Juliaura. Dou uma lida mais atenta depois e falo mais...
Abraço,
Juliaura,
Vou ler com entusismo mais esta construção do Bauer.
Chance de voltar no tempo é comigo mesmo.
Agradecida Felipe, Egeu, Spirito.
Se gostarem, recomendem às amigas, aquelas pessoas lindas e maravilhosas que vocês conhecem e amam de paixão e que são capazes, também, de amar vocês com tanta ou mais intensidade.
(É que chuva de outono inspira, perdão pelos excessos)
Té.
Fui.
Mesmo com o calorzão que tá aqui, a inspiração também nos chegou. Aliás, calor e paixão, tudo a ver, né?
Grande abraço
Muito bacana mesmo.
Higor Assis · São Paulo, SP 12/4/2007 11:44
olhaÃ, eu passei...
vô baixar o texto e ler
tá ligada?
Gente,
Agradecido pelo carinho e atenção.
Juliaura, sou ternamente grato a tua dedicação e à batalha pela publicação.
Beijo no coração, filha!
AÃ pessoas!
Valeu. Tô mais feliz que lambari na sanga.
Adroaldo, não tem de que, cria é pra estas coisas também.
Beijão.
Ahá! Acabei de descobrir uma relação de sangue!
(risos)
Arrráá!
Você tá lembrando de Frankstein, Jekil, Eva, ou...
Te recorda, Felipe, qual a cor da gata no quarto escuro, se ela não estava lá... e era verdade.
Ou do lema da Ordem da Jarreteira que, inglesa, usava cinta-liga de França?
É a vida. Ou o que se percebe dela, pode-se dizer, num clique!
Sangue mesmo é esse pingado no olho direito aà ao lado.
Eu vi um comentário do Adroaldo sobre uma fala tua e, lembro muito bem, que ele também te chamou filho, porque assim chama um filho dele, segundo disse.
É real? Tá ligado?
Té.
fui.
Tou ligado, Juliaura... Abraço,
Felipe Obrer · Florianópolis, SC 12/4/2007 20:34
Manda mais fotos das lindas.
Tá bom... dá uma olhada lá
Felipe Obrer · Florianópolis, SC 12/4/2007 21:17
O meu exemplar já chegou:
http://cadernodocluracao.blogspot.com/2007/05/chega-o-dia-do-descanso-de-deus.html
Prometo escrever sobre ele em breve. :)
Abraços do Verde.
Daniel, querido,
meu Duende preferido
(e não vão pensar que é porque só conheço a ti deste gênero mágico, é sincero, tá!). Tô esperando o Cavaleiro e o Dragão 5.
Agradeço-te pelo apoio a estas minhas mal traçadas aqui e a este pequeno texto, como diz o Adro, a novela nova dele.
É que o bloqueio de mÃdia, pra quem é novinha no pasto como eu, fica ainda mais difÃcil de gramar (ops!), de furar.
Quem edita por conta, parece que se acha, que quer ser o mais, ninguém tolera ousadia desse tipo, é o que eu tô achando.
Tem gente mandando a gente ficar só nos blogs.
Vê o despautério!
Só: como se blog fosse coisa pouca, tchê.
E aà os de sempre, donos do mercadinho, ficam com os de papel, que pode chegar ao povo. É...
É...
Com licença: sa-ca-na-gem!
Agradecida, maninho.
Beijo no coração.
Ola Juliaura! Como está você, moça?
Prometo publicar a quinta parte de O Cavaleiro e o Dragão tão logo tiver um tempo para me debruçar sobre isso, o que desejo ter HOJE MESMO.
Entendo o que dizes por bloqueio "da mÃdia". Para a mÃdia que tem dono, que é feita de mandões e seguidores, há mesmo muito bloqueio. Cabe cultivar os verdes campos da mÃdia livre, e perceber que se ela for suficientemente fortalecida ninguém mais vai precisar das mÃdias tradicionais.
Ora, e não existe publicação independente de livros, difusão e discussão de qualidade destes, distribuição colaborativa? É nestas coisas que devemos investir... até que a mÃdia tradicional se renda, ou soçobre.
E sejamos então ousados, e que os invejosos gastem seu cuspe cuspindo na sombra. Talvez a morte esteja mesmo lá. :)
Escritor blogueiro é gente de fibra! Merece respeito, e se tem coragem e persistência mostra a que veio. E que falem os que quiserem falar. A diferença é feita por quem faz!
Abraços do Verde.
Sabe Daniel, querido Duende do bem, acabei ganhando uma fotinha da capa e umas 15 linhas na cultura do Correio do Povo, que deu legal no dia do lançamento.
Vivam o Tiaraju Brockstedt e a Vera Pinheiro e o Gustavo, amigos sinceros de lá e da cultura.
Uma rádio grande daqui deu duas vezes, às 7h30min, com o Antônio Carlos macedo, que foi colega de curso do Adro, e um outro contemporâneo do Adro, o Cascatinha, deu no jornal do Comércio.
Que eu tenha lido é só, entre miles de tantos outros que até o escriba visitou pessoalmente.
Tomara que eu esteja errada e que eles tenham escrito e falado e eu, pateta e tonta e sonsa é que não tenha lido nem ouvido. Tomara, pra gente não ter que chamar o Romão de navalha e tudo pra cima deles (brincadeirinha, eu sou de paz, que nem o Romão o é... mas se precisar defender o patrimônio...)
Tua sÃntese sobre bloqueio é simplesmente verdade.
Aprendo montes contigo, mas gosto também muito do Dragão, mais que do cavaleiro embora suspeite que...
Bem, vamos aguardar o quinto e os demais capÃtulos. Não te apressa, mas tenha urgência, pelamor de deus que tô aflita pra saber do bichinho-cuspidor-de-fogo.
Beijo amigo.
Juli,
Se o Duente estiver certo quanto aos bloqueios aos heróis blogueiros, como eu também penso, fala pro Romão que o Brasil tá aqui, cuspindo fogo, mais que o Dragão do cavaleiro. Comprei uma prótese japonesa muito da high tech pras pernas dele. As mãos funcionam bem. Então ele já de tá de três oitão engatilhado. Preparado pra pegar um airbus da Gol e baixar aà no 'Lustige Hafen' (ele agora deu pra falar alemão, é a veia nazista dele, aflorando)
É só assoviar que ele parte. Eu pago o vôo.
Abs,
Inpsirada na leitura da novela do Bauer, Ize revle Impressões.
Juliaura · Porto Alegre, RS 6/9/2007 22:44
Doloroso momento.
LuÃs Paulo de Pilla Vares faleceu essa madrugada. Será velado a partir das 13 horas no crematório municipal, na Avenida Oscar Pereira, a cerimônia de despedidas ocorrerá à s 20 horas.
Oportuno que se diga de Pilla Vares agora o que sempre disse em vida e na frente dele.
Era um intelectual de competência, que falava ao povo das necessidades das pessoas e das clases.
Falamos juntos, o acompanhei no sindicato dos jornalistas e mais tarde na secretaria da cultura do municÃpio e do estado, um pouco antes, no PT, para onde sempre insisti que viesse estar com outros socialistas que lutavam pela liberdade, desde que começamos a trabalhar juntos no hornal Zero Hora.
Luz, meu grande camarada!
Adro,
Não conheci a figura, mas, pelo que nos contas, a perda de uma pessoa ´ntegra como ele é como o premonitório texto do post diz: "Uma tragédia gaúcha".
Pêsames sinceros do amigo
Adroaldo Bauer aprontou mais uma, da mesma, ainda, embora venha aà para breve uma próxima.
A mesma é O Dia do Descanso de Deus, que ele disponibilizou di grátis a cópia eletrônica integral, na internet, até aqui tem um arquivo.
A outra é que vem aà A Hospedaria do Diabo, que tá prometendo concluir nesse mês de novembro.
Diz o tchê que já tem 21 capÃtulos e indos pros finalmente.
Beijos.
Corra, Adro! Corra com isto que a reportagem investigativa e a investigação policial de maneira geral precisa muito do trabalho daqueles personagens.
Tá tudo marron por aqui. A verdade sequestrada, estrangulada e queimada num colar de dragão (com pneus novinhos!) e ninguém abre o bico.
Cora, Adro! Corra!
Dêem-me uma com licença prum recado do Adroaldo:
Baixe grátis o arquivo da novela O Dia do Descanso de Deus
Está à disposição do leitor interessado a novela o Dia do Descanso de Deus. Arquivo .PDF (é necessário ter a versão 9 do acrobat reader para baixar o texto integral).
É minha primeira aventura em prosa longa, cometida em 2007, uma edição impressa de 1.000 exemplares, já esgotada.
Váao blog
Retorno Imperfeito
e clique na capa do livro. Ou direto em
http://overmundo.com.br/banco/uma-novela-para-ler-de-graca
Boa leitura.
Se quiser, dê retorno por aqui ou por email para
adroaldo@portoweb.com.br
Com carinho ainda passo meus olhos por ele...
Grande Escritor Adroaldo Bauer
Sempre o meu Parabéns!
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