Resenha de: BUCCI, Eugênio. A TV Pública não faz, não deveria dizer que faz e, pensando bem, deveria declarar abertamente que não faz entretenimento. I Fórum Nacional de Tv's Públicas: Relatórios dos grupos temáticos de trabalho – Brasília: Ministério da Cultura, 2007. 116 p. Caderno de Debates.
A paciência continua sendo uma virtude. Sento, descanso, leio. P-E-N-S-O. Emancipadamente, consegui alçar meu próprio vôo depois de ler o artigo A TV Pública não faz, não deveria dizer que faz e, pensando bem, deveria declarar abertamente que não faz entretenimento, texto transcrito a partir de uma palestra proferida por Eugênio Bucci, presidente da Radiobrás, num encontro da ABEPEC (Associação das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais) em Belo Horizonte, em 31 de agosto de 2006. Alcei vôo. Um vôo para bem longe. Bem longe de Bucci.
Em vários pontos do texto, fui me aproximando à piano e até gostei quando Bucci definiu entretenimento. Adoro essa palavra. E-n-t-r-e-t-e-n-i-m-e-n-t-o. Grande em sua extensão, em seu significado e eu seu sentido figurado. Só que depois de ler o tópico A arte de vender os olhos da platéia e chegar ao Mito da “natureza da televisão”, quis gritar. Por mais que eu concorde com Bucci em vários pontos de sua palestra, não consigo ver a televisão pública sem a presença do entretenimento. Explico isso mais adiante.
Jorge da Cunha Lima, ex-presidente da Fundação Padre Anchieta, ambiciona há muito tempo, a criação da Rede Pública de Televisão, a RPTV. Fato que me deixa pensativa devido a atual, e tão discutida, TV Pública que Franklin Martins, representando o Governo Nacional do Brasil, quer criar. Para quê criar uma nova TV se o projeto, com parte executado, já existe? (Incongruência!) Essa pergunta ficará sem resposta. Voltando a Cunha Lima, num texto retirado do livro Pais da TV: a história da televisão brasileira contada por Gonçalo Silva Jr., diz em poucas palavras que os programas veiculados pela RPTV deveriam “ser bons para aumentar a audiência e cumprirem seu propósito de educar, informar e entreter”. E-N-T-R-E-T-E-R! O que Bucci leva dez páginas para atacar e dizer que é um mal para a TV Pública, Cunha Lima desmitifica em duas linhas.
Por que o entretenimento é tão perverso? Por que certas doses de lazer não podem existir na TV Pública? Será, senhor Bucci, que haverá público para uma densa programação baseada em “grandes cursos de cultura”? E que hora eu posso assistir algo mais leve, mais tranquilo? Não é essa uma das exigências do grande público de Wolton?
Se a TV pública, não fazendo entrenimento se diferencia da TV privada, e isto é bom, fico com essa última. Fico do lado do mau. Não que eu não goste de uma abordagem que me faça refletir, “caminhar” com meu próprio cérebro, pois isto é bom e necessário. O problema reside em só (S-Ó!) ter acesso a programas densos. Desculpa, Bucci, mas não cabe somente à Tv Pública o dever de tornar a sociedade crítica, liberta, emancipada.
Tenho várias críticas à TV Privada. Não quero parecer o Judas que traiu o mestre. Ela é perversa, mas não foge à regras ditadas pelo capitalismo de mercado em que vivemos. É crime vender os olhos da platéia ao mercado publicitário? Espera aí, como sobreviverá essa TV pública (u-t-o-p-i-c-a-m-e-n-t-e) pensada por Eugênio Bucci? Sem dinheiro? Ou com o dinheiro do Governo? Então teremos uma TV pública e estatal?
Dúvidas. Terminei de ler o texto de Bucci e só me restaram dúvidas. Voei e estacionei meu cérebro numa nuvem chamada raciocínio crítico, que, desculpe, caro Bucci, não aprendi a ter com a TV. Isso se aprende na escola com uma boa construção de conhecimento; se aprende com a família, com a comunidade, com bons exemplos.
Não venha me dizer que a TV é tão poderosa assim que se torna capaz de emancipar, tornar-nos críticos. Não quero dizer que ela é só entretenimento, longe de mim.Existem programas bons, sim. Aliás, adoro assistir os lights e os cult, mas não me encha destes, pois senão me canso. E quando eu me canso, vôo para bem longe.
Bruna, eu sei que a TV pública está muito a quem do que deveria e poderia. Mas gosto muito da programação da Rede Minas.
Bruna, aproveitando o gancho, o quais são suas perspectivas para a Tv digital?
Abraço.
Se a TV publica já é pública, embora privada de propriedade de todos.
Arre!
Eu sou pelo entretenimento até para educar e promover a cultura. O lugar da festa é a rua e a rua tem que invadir a tevê pública ou a cocô (êpa!), quis dizer privada. Se não é o mesmo, parecido é.
Se tevê pública for exigência de povo que se mexe pra si, vai ser o que o povo pensar que deva ser. Se for coisa de pau de luz a jogar flash pra conduzir a manada, vai dar em nada.
Quem vai pagar?
Ora, quem sempre paga, ou por diretas na nota ou por indiretas no botão de seleção.
Então, publica nós na tevê que a gente começa a ver.
Bela tese a tua, Bruna.
Bom tema e bem posto o postado. Tem gosto.
Beijin pra tu.
Bruna, muito prazer, sou frequentador do Overmundo, costumo escrever para cá também, e fiz a revisão crítica do texto do Eugênio Bucci, na preparação para sua publicação no Caderno de Debates do Fórum Nacional de TVs Públicas. Eu acho que você leu e não entendeu o que escreveu Eugênio. E digo a você que o Jorge da Cunha Lima é um que foi absolutamente convencido das teses do Eugênio sobre o entretenimento, chegando inclusive a propor a revisão da missão da TV Cultura para retirar a palavra entretenimento. Mas que bom que você refletiu, que bom que você pensou sobre isso. Entretenimento não é lazer. Entretenimento é uma indústria. A TV pública pode e deve tratar do lazer, veicular conteúdos artísticos, educacionais e recreativos - que podem ser até lights (se bem que essa é uma palavra que eu não utilizaria). O que ela não pode é reproduzir a TV comercial. E, como ficou claro no 1º Fórum Nacional de TVs Públicas, publicidade na TV Pública não. É tirá-la de um capataz (os governos) para entregá-la a outro (o mercado). Mas esse é um outro debate. Valeu pelo artigo...e sigamos em discussão...
Savazoni · Brasília, DF 10/9/2007 16:50
Desde que o mundo é mundo a corrente vertente vigente dá novo conteúdo a mesma palavra. Antes entreter era lazer, agora entretenimento é indústria. Então, lazer não é mais indústria e entreter é que é. E distração, que era diversionismo, nem entra mais em voga.
Propaganda agora é publicidade, já tendo sido difusão de idéias, o que agora é só e puro comércio, até o mais ordinário.
Sem programa ou estratégia, pra que propaganda.
Ora, então, pois, pois.
Vamos para a pública fazer o debate entre ter e não ter e deixar o lazer como entretenimento para a tevê cocô (Ops2, privada, quis dizer).
Eu não creio que entretenimento não seja lazer, e não acredito que lazer não tenha indústria, dono, patrão, capataz.
E que bom que você fez a revisão crítica pro Bucci, Savazoni.
Lamentável é dizer que discorda de alguém considerando que a pessoa não leu sobre o que escreveu ou que não entendeu o que leu.
Ajudou um monte esse teu comentário gentil.
Sempre evito discussões... não gosto de ficar apertando uma tecla que sempre reflete a mesma letra. Gostei do comentário da Juliaura, foi convincente e vi que temos a mesma linha de pensamento. Já Savazoni foi esperto. Disse o que estava afim e pronto. É assim que deve ser feito, Savazoni. Mas de uma coisa tenho certeza: não tenho que concordar com você. E TV sem entretenimento (sim, o bom entretenimento.. aquele que diverte, ensina e acrescenta) não me agradará. E nem agradará a ninguém que viva nesse planeta (não gosto de generalizar, mas viver sem entretenimento (do bom), ninguém mesmo!)
Abraços!
Bruna,
Juliaura,
Aproveitemos e procuremos saber dos que devem informar o povo sobre a Conferência Nacional de Comunicações.
Como sociedade civil cobra-se também um debate público sobre as políticas de comunicação brasileiras.
"Conferência Nacional Preparatória de Comunicação" como está proposto para 17 a 19 de setembro é cúpula conversando sobre regulamentação de mídias.
Quanto à TV pública: poderíamos solicitar informações oficiais sobre como será definida a gestão da TV pública, em particular sobre a notícia de que a gestão será feita por um conselho indicado pelo governo.
A marca da TV pública só pode ser a da participação.
Um conselho com representações da sociedade, a exemplo do que diz a Carta de Brasília do I Fórum de TVs Públicas, e pela criação de um sistema de acompanhamento da programação que permita diferentes formas de participação e avaliação do conteúdo transmitido, criando comissões de usuários por programas e uma geral de programação para a emissora.
Para superar de fato as freguesias, capatazias, capitanias.
Quanto a concessões de canais públicos para grupos privados: dia 5 de outubro desse ano da graça de 2007, vencem cinco de TVs, entre elas a da Rede Globo.
Movimentos sociais e entidades do campo da comunicação vêm preparando mobilizações no mês de outubro, iniciando no dia 5, nas quais pretendem questionar o sistema de concessões, a concentração de titularidade delas em monopólios e cobrar critérios que garantam a participação da sociedade organizada nas outorgas e renovações e no acompanhamento do conteúdo transmitido.
E segue o baile...
Oi Juliaura,
Eu, ao contrário da Bruna Célia, sempre aceito as discussões. Por isso estou aqui. Só acho que a crítica e as armas da crítica são desiguais, muitas vezes, à própria elaboração dos autores.
E a leitura da Célia, embora importante, peca por não compreender o centro do argumento do texto, que é a idéia de que há um campo de invenção (campo este ao qual pertence o Overmundo) que deve ser objeto da comunicação pública - diferenciando-se, esta, fundamentalmente da TV Privada, que oferece mais do mesmo (justamente em sua condição de refém do entretenimento).
Meu objetivo não era outro senão debater. Se pareci virulento, peço desculpas. E para que não reste dúvidas, copio aqui o trecho do artigo do Eugênio com a recuperação histórica do sentido da palavra entretenimento:
"O significado do termo "entretenimento" é chave para que essa distinção se faça com a profundidade necessária. Ele não é um substantivo desprovido de carga ideológica, ainda que pareça uma palavra neutra. Ele surgiu tardiamente. O dicionário etimológico de Antenor Nascentes, de 1932, diz que a palavra vem do espanhol, "entretenimiento", cujos primeiros registros datam do século XVI. O verbo entreter, originado do latim, intertenere ("inter" quer dizer "entre"; "tenere" quer dizer "ter"), significa deter, distrair, enganar. No senso comum, "entretenimento" é entendido, até hoje, como aquilo que ocorre no tempo do lazer – que não pertence ao tempo do trabalho –, nas horas vagas, no passatempo, no intervalo entre duas atividades ditas sérias.
Luiz Gonzaga Godoi Trigo, em Entretenimento: uma crítica aberta (São Paulo: Senac, 2003), conta que, antes, os significados de divertimento e de passatempo atrelavam-se ao conceito de pecado, ou a um tipo de atividade que era permitida apenas à elite. A partir do século XIX, a palavra entretenimento ganhou um vínculo com o consumo popular – de forma pejorativa, foi associado a algo de importância menor e até desprezível – em oposição ao erudito, à arte elevada, à cultura da elite.
A isso, devo acrescentar agora o que julgo ser a significação atual do termo, atual e mais pesada, mais fixa, que não tem sido levada em conta. A partir da segunda metade do século XX, ele deixou de designar o, digamos assim, estado mental produzido no sujeito que se ocupa da desocupação, deixou de se referir a um atributo de atrações especializadas em distrair a audiência e virou o nome de uma indústria diferenciada. Mais do que uma indústria, um negócio global. Com o advento dos meios de comunicação de massa, a palavra, sempre que enunciada, traz consigo esse sentido material: o de negócio. Assim como a própria palavra indústria – que antes nomeava apenas uma habilidade humana – mudou inteiramente de sentido com a revolução industrial, a palavra entretenimento foi revolvida por um processo de ressignificação definitivo a partir da indústria do entretenimento. Ao afirmar que faz entretenimento, ainda que marginalmente, uma emissora de televisão se declara pertencente a essa indústria e a esse negócio. Quando uma TV pública diz que faz entretenimento, afirma que pertence a um campo – industrial e econômico – ao qual não tem vocação nem destinação de pertencer. Não se trata de um santo nome, mas essa palavra jamais poderá ser invocada em vão."
Olá Savazoni,
Aqui como pessoas de hoje, que somos; na mesma planície das dificuldades de confrontar os donos dos meios, que temos, só posso te dizer que o lúdico no entretenimento não desaparece porque há dono privado dele.
Até a exposição científica da teoria da relatividade, em tevê comercial ou pública pode ser entretenimento, porque entre atividades laborativas obrigatórias serria acessada sponte sua pelo telespectador.
O que disse e reafirmo é que o conceito atualizado que se tenha da coisa não vai mudar a coisa.
Lafargue já advogava o direito à preguiça e no tempo dela a função do ócio, portanto, a libertação da obrigação do útil, do utilitarismo.
Os feriados abolidos pelo protestantismo tiveram muito mais a ver com a necessidade de produção da indústria alemã do que com o cisma deles com o catolicismo, que ao homenagear mais de uma centena de santos (mediadores da fé com os céus) também liberavam o pobre cristão do trabalho para a festa.
Se a festa era o que empatava o trabalho, aboliram os santos, em nome do livre-arbítrio (com que eu tenho pleno acordo, sem ser religiosa) em santa aliança, naquela hora, com a nascente burguesia.
Então, se o público pode ser o canal da festa, já que o trabalho ainda hoje, já no terceiro milênio, tem seu fruto apropriado de modo privado, mais vale, como fuga à mais valia, que se negue o corpo e a mente aos exploradores do trabalho.
Entretenimento, lazer, cultura, esporte, mesmo as belas artes são atividades humanas que têm mercado global que as organiza em indústria.
O que falta, nos meios, porque tevê é apenas meio, é a discussão com arte e inteligência do projeto social, do programa político, da importância social da propriedade dos meios e das finalidades da produção social do trabalho, que é coletiva. Não falo de realismo, falo de engenho e arte, que poderá inclusive nos aproximar do belo.
É simples, Savazani.
Tão simples como a roda, o clips ou a ocupação sponte sua do tempo livre.
A roda seria a existência de qualidade diferente para eu optar em meus momentos de ócio-não trabalho, em que esteja para o lúdico, pelo lazer e entretenimento, para a festa.
Na tevê comercial, que chamei de tevê cocô, aí acima, não há opção, é tudo igual, só o que muda é o tempo dedicado a cada marinheiro ou marinheira que pilote os náufragos na água suja.
Não aprecio a discussão semântica.
Conheço e não me balizo pelas novidades da teoria da comunicação, que no máximo a cada década elege um ícone.
Há já muitas igrejas e religiões no mundo para que se inaugure uma outra ainda mais abstrata em nome da compreensão dos papéis de propagadores, suportes-meios, mensagens e eu, uma vez espectadora, outra vez ativista, outra vez propagandista, outra, ainda, artista.
Pra mim, há pessoas que necessitam ser respeitadas (e que devem dizer a que vêm, com todas as letras) de um lado e outro da tela.
E, óbvio, tenho lado, estou com os de baixo, do lado de cá.
Quando a discussão se estende a tão alto nível fico invejada por ser uma mera espectadora... Parabéns Savazoni, por tão bons referenciais teóricos, e muito obrigada por trazer informações tão úteis, Juliaura.
Para complementar essa discussão, acabei de postar um artigo meu e de uns amigos da faculdade de jornalismo. Espero que tenham tempo para ler e comentar assim como o fizeram aqui.
Pessoas que só acrescentam são sempre bem vindas em minha formação.
Obrigada.
aqui segue o link do artigo...
ainda em edição...
aguardo contato!
que aumentemos a discussão sobre Tevê!
http://www.overmundo.com.br/banco/jornal-hoje-entretenimento-ou-informacao
Oi Bruna e todos vcs,
não sei onde eu estava que cheguei tão atrasada por aqui (acho que envolvida no projeto do Joca sobre as reminiscências de escola).
Bruna adorei seu texto: tenho muito interesse nessa discussão.
Comungo com vc e com a Juli sobre a necessidade de colocarmos menos peso no sentido ideológico do termo entretenimento (tão bem explicado por Savazoni). O que não significa que eu não ache importante que se promovam debates como esse que o Adroaldo traz no seu comentário.
De qualquer maneira, tb penso que a TV, seja pública, seja privada, não tem esse poder todo de produzir mentes críticas ou de dominar mentes dóceis. E pra ilustrar o que estou dizendo, trago o seguinte episódio.
Assisti a uma mesa redonda, da qual participavam Bucci e Leandro Konder. O primeiro expôs brilhantemente suas idéias, mostrando como a mídia pode influenciar a constituição de subjetividades capitalísticas. O segundo, com o bom humor (e o brilhantismo) que lhe é característico concordou com as idéias de Bucci, mas argumentou que achava que a coisa não era assim tão mecânica e, para explicar-se, contou sua versão da seguinte historinha de Brecht.
Tratava-se de um anão que, subjugado por um gigante, era obrigado a trabalhar todos os dias para ele, preparando banquetes inimagináveis para matar a fome insaciável do amo. E assim fez o anão. Sem outra alternativa às imposições de seu desigual antagonista, dia após o outro entupia-o das melhores iguarias, dizendo sempre SIM aos seus mais estapafúrdios desejos.
Tanto comeu o gigante que teve uma embolia e morreu.
O anão, então, enrolou o gigante no grande tapete da sala, carregou o pacote até o cimo de uma ribanceira, empurrou-o, sem maior dificuldade, com o pé lá de cima e, enfim, gritou com todas as suas forças: NÃO!!!!!
Preciso dizer mais alguma coisa?
Beijos
Não, Ize, não precisa.
Concordo com você e digo que adorei seu texto.
É assim que se faz: vem, lê e coloca a opinião.
Isso é que é o Overmundo!
Dê uma olhada no meu artigo sobre o Jornal Hoje no link acima... damos uma pincelada na evolução de um jornal e a que público ele se destina.
Abraçios!
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