Por LaÃs Semis
Foto por Ana Pessoa
“É fácil ajudar quando sua grana tá sobrando
Mas meus parça me ajudou quando a deles tava faltando
E a vida é teste mesmo. Saber correr sem murmurar
E quando eu precisei estederam a mão pra me ajudar
E eu lá, três anos tentando uma gravação
Fodido, sem um puto no bolso pra produção
Quando pensei em desistir
Thigor do bolso saca um talão de cheque
- AÃ, Coruja, é sua vez molequeâ€
(“Não posso Mormuraâ€, Coruja BC1)
Aos 18 anos, Coruja BC1 acaba de voltar da Argentina em uma viagem de trabalho e já aterrissa de volta embarcando em quatro datas que passam por três cidades: Piracicaba, Bauru e São Paulo. Artista bauruense independente, ele carrega consigo aquela responsa de usar as portas abertas que vem se fortalecendo pelos parceiros e companheiros de caminhada pra representar e ser a voz também de outras bocas ignoradas.
E o público tem dado voz a ele, é um artista que gera identificação. A rede e as ruas e Bauru se veem ali, na construção diária esboça na parceria entre Ponto de Cultura Acesso Hip Hop (que tem como missão conectar a cena e o movimento do hip hop na cidade), b.boys, grafiteiros, Coruja BC1, coletivos e Rede Fora do Eixo, A quebra do mercado fonográfico, os espaços que dão abertura para música autoral, o download e toda a lógica de compartilhamento criaram caminho para um reconhecimento mais justo dos artistas. É claro que ainda há muita mercadoria imposta, mas pode ser um bom começo. Assim, o artista tem o mérito na medida que merece, é o público quem dita quem ele quer ouvir falar.
Esse desenrolar também é potencializado pelo encontro das ruas com as redes. Em Bauru, o Ponto de Cultura Acesso Hip Hop divide a sede com a Casa Fora do Eixo. Com as sedes compartilhadas, consequentemente, as trocas se tornam mais diretas, o que facilita o encontro e envolvimento do movimento hip hop na cidade a chegar em mais lugares, pessoas e parceiros, fortalecendo-o. O uso do espaço comum, dentro da lógica de compartilhamento, inclui a de empodeiramento: de plataformas, tecnologias, produtos, materiais, criações, e dos espaços sede a fora como um todo. A receptividade e abertura pra nem sempre concordar, mas pra entender a parceria é essencial pra fazer fluir e acontecer.
E com certeza, mesmo sendo tão recente essa ascensão, BC1 já inspira outros a fazer como ele: acreditar no sonho e trabalhar pra fazer acontecer. A missão é levantar a bandeira do interior e o aviso de que esse rap tá chegando pra botar o som na praça.
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