O Município de São Sebastião do Passé está situado no território de identidade Cultural no Recôncavo, apesar de sua localização geográfica ter passado para a Região metropolitana de Salvador, sua identidade cultural se apresenta com muito mais afinidades com as movimentações populares do Samba de Roda, do lindo Amor e do reisado tão comuns no recôncavo baiano.
Não só a afinidade com as manifestações culturais identifica o município, como integrante do recôncavo baiano. Também a sua história, tendo como cenário as usinas e moinhos de cana de açúcar; a ponto de fundamentar a literatura local, através do Livro Maracangalha torrão de açúcar talhão de massapé, do poeta Valdevino Paiva, e a presença marcante das casas de farinhas que produzem o beiju da mandioca, produto gerado por uma agricultura de subsistência desde o início do século XX quando São Sebastião do Passe, ainda não passava de um arraial.
São Sebastião do Passé tem raízes fincadas na tribo Indígena de Aruaque que se dissipou para dá espaço aos negros trazidos da África. As comunidades quilombolas que transitavam entre a lavoura de cana-de-açúcar e os trabalhos nas usinas povoaram muito antes o Recôncavo baiano. Hoje as influencias dos quilombos ainda são retratadas nas vivencias das tradições dos mais de 30 terreiros de candomblé.
A influência católica é retratada pelas igrejas e capelas espalhadas pelos distritos e sedes que compõem o município com suas datas festivas que homenageiam os padroeiros e santos e que move as procissões entre cantos e oração. Há sem dúvida uma afinidade entre os municípios do recôncavo que não podemos encontrar com os municípios da região metropolitana.
O povo sebastianense, na sua estrutura física, na cor da pele, nos hábitos religiosos, nas manifestações culturais, no gingado do jeito de falar e nos modos de produção, está sim, muito mais afim com municípios como São Francisco do Conde e Santo Amaro da Purificação do que com municípios como Candeias e Camaçari. O samba de roda é a mola mestra da nossa cultura e da cultura do recôncavo e dessa forma nos identificamos e encontramos nossa identidade.
São Sebastião do Passé está situado geograficamente na Região Metropolitana de Salvador (RMS) e ficam distantes 58 quilômetros da capital, a 37 metros de altitude. Sua área total é de 553,4 km². Com população de 41.758 habitantes (Est. IBGE 2009), Densidade demográfica de 76,9 hab./Km e com clima Quente úmido possui quatro distritos, a saber: Nazaré de Jacuípe, Lamarão do Passé, Maracangalha e Banco de Areia. Sua geografia apresenta em suas terras os sedimentos arenosos e de folhetos e siltitos de diversas cores. Os arenitos são micáceos e argilosos nas cores cinza e branco, quando fresco e marrom claro nas intempéries. Tem um Clima de Bosque; chuvoso quente e úmido, correspondendo uma estação seca compensada por período de elevada pluviosidade. A media de Precipitação anual é 1.650 mm. Por fim o Município de São Sebastião do passe faz limites com as cidades de Candeias, Catu, Pojuca, Terra Nova, Amélia Rodrigues, Mata de São João e Dias D Ávila.
IDENTIDADES CULTURAIS-BREVE PERFIL
Suas festas populares são marcadas pelas datas festivas: 20 de Janeiro – Dia do Padroeiro, 24 de junho – São João, 29 de julho- São Pedro em Maracangalha, agosto- festa do folclore, 16 de agosto-Festa de são Roque na sede e 12 de outubro- aniversário da emancipação política da Cidade.
Possui vários escritores dos mais diversos gêneros literários desde a prosa de Valdevino Paiva à poesia de Matheus Lago e Suely Nascimento e as dramaturgia de Hálison Ribeiro que relata o acidente do avião com dinheiro- fato histórico ocorrido em Maracangalha e divulgado no mundo todo e a dramaturgia didática de Cátia Garcez voltada para arte-educação.
Com a música as expressões são sempre atreladas à qualidade e irreverência. A filarmônica Lyra Sebastianense sob a batuta do Maestro Manoel Gomes que desfilava pelas ruas da cidade no início dos anos de emancipação. Logo depois a Orquestra brasileira de frevo regida por Carlos Calistrato animou as noites culturais e micaretas no município. O grupo Garagem no final da década de 80 completava a história traçando perfil da composição sebastianenses. Nomes como Claudia Santana “Esquerdinha”, “Titito”, “Tutuca”, “Cara Ingrata”, Raul Sneto entre tantos outros, marcaram os festivais que ocorriam no recôncavo baiano.
Além do grupo Garagem, havia o Caixinha de Música, Dane Show, Back's e Finos, Só Quebrança, feijoada com feijão e Serra Norte. Os seresteiros Claudio Nunes e Antonio Carlos aderiram ao Arrocha oportunizando o surgimento de novos talentos como é o caso como Rony Fernandes, Jaime e Beto, que tem a agenda lotada de contratos para shows com o advento do estilo musical e de dança. Outros preferiram manter-se fieis até a morte como foi o caso do famoso “Cara Ingrata”. O choro ainda persiste através da resistência de “Tornado” e seu conservatório de musica que atende os jovens e velhos instrumentistas da cidade. Outros migraram para o samba de roda, como foi o caso de “Seu Raimundo” com o samba de roda de Araçatiba. “Seu Pequeno”da sede e “Seu Pedro” de Maracangalha vivem em função da preservação e valorização do samba chulo tão comuns ao recôncavo e que agora foi reconhecido como patrimônio imaterial da humanidade.
As filarmônicas e fanfarras fazem parte deste patrimônio sebastianense e a Lira de Maracangalha assume a liderança a partir do início deste século com sua escola de música e sua charanga que alegra os festejos populares da região.
A comunicação em são Sebastião do Passé é reforçada por nomes reconhecidos que registrou a nossa história a Rádio Novo Som Publicidade do popular “Mundinho do Cinema” e a participação dos radialistas Manoel Firmino, Ramilson Garcia, Chico Sprit, José Cassiano, que repassaram as suas experiências para os mais jovens a partir da década de 90. Surge então Isidoro Menezes, Sandro Batista, Nilton Cesar, Rol lima e Dinho Santos e diante desta demanda surge a Rádio independente, consolidando a imprensa livre dentro da cidade. Vários jornais foram publicados e editados por filhos da terra, mas apenas um resistiu às mazelas da sustentabilidade: O jornal do Povo se apresenta como o mais freqüente e confiável meio de comunicação impresso do município e nos revela a militância de Negão Garcez e Utamá Sebastião.
O Patrimônio Imaterial é representado pelos griôs que se espalham recontando os seus saberes e as suas histórias através da oralidade secular. Rezadeiros, Rezadeiras, benzedeiras, Mães e Pais de Santos, especialistas dos doces de jenipapo e de goiaba; fazedoras de beiju de goma, artesãs que dominam as técnicas do taboa e da reciclagem; contadores de história como “Zeca Sucupira” e “Almir jegue iro”, assim como tantos outros griôs reforçam uma história passada de pais para filhos que nos garantem a memória contínua da nossa história.
O teatro sempre existiu nesta cidade e o estímulo era a existência do cinema Cine Janser do ex-prefeito Jacildo Mesquita. Contam os mais velhos que entre as décadas de 40 e 50, Dona Belinha era quem organizava as peças e apresentava na praça, onde cada espectador levava o seu banco pra sentar e se deliciar com as peças escritas e encenadas por ela, bem em frente ao lugar que é hoje o bar “Zuza”. Depois disso só as comunidades religiosas e grupo de jovens faziam teatro dentro de uma concepção evangelizadora como acontece ainda hoje.
Em meados a década de 80 um desses grupos sediado na capela do São Roque - O Juventude Unida São Roque resolve se desligar do estilo e da igreja para formar o GOTS(Atropele sua tristeza). Daí em diante várias peças foram apresentadas na cidade, o que desaguou no surgimento de mais oito grupos de teatro na cidade. Assim a comunidade teatral é representada pelo Cotasa (três segredos e uma tragédia), Gets(Tabaco Pro Povo), Asa Branca ( A menina e seu primeiro beijo), 5ª Kategoria ( Jornal de Quinta), Mandacaru ( Bento e Capitulina), GOTS ( O marinheiro), Jacuipense, Semearte, comunidade teatral de Banco de Areia.
O município possui dois espaços adaptados para apresentações cênicas: A Casa da Cultura Maestro Manoel Gomes e o anfiteatro da Escola ACM no distrito de Nazaré de jacuípe, os dois subutilizados pela falta de pessoal para que seja disponibilizado para a comunidade.
Esses mesmo grupos trabalham voluntariamente em três eventos cênicos: A festa do Folclore que já há mais de 10 anos quem faz a abertura são os atores e dançarinos da cidade coordenados pelo coreografo Dénison; O Cortejo junino que acontece como abertura da festa do São João na cidade, organizado pelo Departamento de cultura nas pessoas do ator de Geraldo Brito e atriz Iriane Santana e por último a Paixão de Cristo que reúne em média 50 atores todos os anos para representar a saga de Jesus Cristo em praça Pública no período da semana santa.
A dança no município era representada pelas quadrilhas juninas e as coreografias típicas dentro das manifestações culturais como o lindo Amor e o reisado. Não apagou da memória a quadrilha de Zequinha da galinha, a quadrilha organizada pelo quadrilheiro Breu, além da quadrilha “Flor do Agreste” organizada por Mirian Capistrano. Dessa última, no final dos anos 90 surgi o grupo de dança “Dangerous” liderado por Fernando Anunciação e nos últimos anos surge o grupo de Dança no bairro de Araçatiba sob a direção de Willian Azevedo e o grupo de expressão corporal do coreógrafo Dénison.
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