Neste sábado de carnaval, às 16h, Porto Velho já sabe o que fazer, porque é o dia e hora que chega a Banda do Vai Quem Quer. O bloco de carnaval de rua mais tradicional e popular da capital de Rondônia vai às ruas desde 1980, quando um grupo de dez amigos se reuniu no Chaveiro Gold, no centro da cidade, e teve a idéia de montar o bloco a 23 dias do carnaval.
Manoel Mendonça, o Manelão, conta que a intenção era dar mais alegria ao sábado de carnaval, e a pretensão foi bem modesta: levar umas 150 pessoas atrás do bloco. E na primeira volta que a Banda deu na cidade, arrastou mais de 3 mil. Inspirada na Banda de Ipanema, do Rio de Janeiro, a do Vai Quem Quer desfilava com os músicos no chão, mas, de tão grande que se tornou, hoje a Banda toca num trio elétrico e dezenas de carros de som são necessários para animar tanta gente. As músicas são transmitidas aos outros carros por uma freqüência de FM.
No hino da Banda - a primeira marchinha produzida para o bloco - as regras da festa são bem definidas: ?Nós não temos preconceito, na brincadeira entra quem quiser?. A idéia ainda é a mesma. Para Manelão, a Banda é um território livre, que cabe todo tipo de gente e manifestação, seja sexual, artÃstica, social, menos polÃtico-partidária. ?Nunca fiz da Banda palanque eleitoral?, conta orgulhoso o general da Banda. E falando em patente, Manelão lembra de uma passagem, em 1984, quando um grupo de estudantes queria sair no bloco com um boneco pedindo eleições diretas no Brasil. Rondônia era governada pelo coronel Jorge Teixeira, que tratou logo de prevenir o carnavalesco, mas Manelão se defendeu dizendo: ?Eu não vou impedir, se quiserem podem prendê-los, mas na Banda vai quem quer?. E nem precisou. O grupo se desentendeu e o tal boneco não cruzou a primeira esquina quebrado no meio da confusão. Essas e outras histórias mostram bem o comprometimento deste cidadão da folia, que fez da Banda do Vai Quem Quer mais que um bloco, hoje o cordão é a mais popular expressão cultural de Porto Velho. E já atrai pessoas de outros Estados. Em 2005, ônibus do Acre e do interior de Rondônia chegavam à s dezenas para acompanhar a Banda, contou Manelão como se falasse do sucesso de um filho, que viu crescer e agora dá passos maiores do que imaginava o próprio pai.
Na Banda, não há nada contra outros ritmos, mas lá só tocam marchinhas de carnaval e sambas-enredo. A maioria das músicas é composta por alguns dos comandantes da Banda, como SÃlvio Santos, Bainha, Ernesto Melo, Léo Ladeia, FelÃcio, Oscar, Zé Baixinho, entre outros. Em 2000, a Banda gravou um CD com 19 marchinhas. Foram dez mil cópias, todas distribuÃdas gratuitamente para foliões, imprensa e artistas. Certa vez em Goiânia, Manelão encontrou o CD pirata da Banda sendo vendido por um ambulante, o que lhe causou mais alegria do que indignação.
De tão popular na cidade, até já lançaram o nome de Manelão como candidato, mas ele diz que só entra na polÃtica quando perder a vergonha. ?O que eu faço pela Banda é por amor ao carnaval, desde menino sempre fui um apaixonado pela folia?, confessa o velho general, que desde os 14 anos se dedica à Folia de Momo. Durante o resto do ano, Manoel Mendonça é chaveiro.
Hoje, estima-se, que mais de 100 mil pessoas saiam pelo centro da cidade, faça chuva ou faça sol, para levar a Banda pelas avenidas Carlos Gomes, Joaquim Nabuco, 7 de setembro e Rogério Weber, quando o bloco volta à Praça das Caixas D?água, de onde sai desde 1982, ano em que o cordão adotou o roteiro que é usado até hoje.
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