Leonardo Sá Fortaleza, CE

Não sou dono de minha cabeça, só do meu juízo. E tudo se passa como se o olho fosse a janela da alma. Essa é uma história antiga sobre pessoas que viviam nas ondulações da luz e, intangíveis, moviam-se pelos atos de olhar, iam a se apropriar do real, interagindo na base da igualdade, da reciprocidade e do princípio de que tudo o que é riqueza tem origem coletiva e na coletividade é de ficar. Em condição de fazê-lo seu, próprio, no seu próprio eixo, preparado para autonomia. E assim se passaram séculos em um instante. Eram pessoas de coração generoso, sorriso largo e capazes de amar o próprio destino. Povo raro, pois ligado na qualidade do vivente, na impecabilidade universal do ser humano. Desprezavam a perfectibilidade e abraçavam a vida na sua condição mesma de alegria e sofrimento. Sem ligar muito para futuros de tão perto inalcançáveis.