marta catunda Cuiabá, MT

marta catunda

sobre o colaborador

Um dia vou parar de observar
e começar a escrever,
não o que sei
simplesmente
o nada pode ser útil,
assim como pássaros
falam comigo em linguagem verde
glissada de momentos únicos
e a ninguém mais resta acreditar
jamais será possível compreender
esse destino fincado de presságio
pousado de gente mulher
é o meu extravio da dimensão etérea
nunca carne, osso ou espírito,
mas, como gota de silêncio
após o canto da cigarra
uma alma com asas
condenada a gente encarnada
sente irresistível vontade de a tudo dar fuga
a melancolia é o leme mais seguro
tenho saudades aves, elas fogem de mim
esqueço que não posso voar para sempre
e quando medito, me peso no que a toda hora vôo,
se durmo, acordo no imenso jardim dos viventes
sonho plantar flores vermelhas
e o trabalho é árduo,
a tarefa dura o tempo que me deixo despertar
é que a vida parece tão real que me engano
e torno aprender, aprender, aprender.

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