Kalungas e Indígenas: Raízes do Brasil

Kalungas e Indígenas: Raízes do Brasil

Pelas lentes fotográficas de Franca Vilarinho, testemunhos da resiliência e riqueza cultural de povos que resistiram ao tempo e às adversidades


Em Kalungas e Indígenas: Raízes do Brasil, exposição da fotógrafa Franca Vilarinho, faz-se um convite a explorar um universo onde a história se entrelaça com o presente e as tradições ancestrais continuam a ecoar em meio às realidades contemporâneas. Na mostra, que cumpre temporada no Espaço Cultural Renato Russo de 26 de agosto a 12 de outubro, cada imagem busca preservar identidades e visões de mundos, em uma jornada visual pelos povoados originários e revela a essência da vida cotidiana, destacando seus rituais, crenças e culturas ancestrais.

Franca acompanha e convive com o povo Kalunga há 20 anos, com quem construiu fortes laços de amizade. Participa das festas, organiza campanhas de donativos, viu a primeira escola ser construída, assim como a chegada da luz. Suas imagens e retratos têm contribuído para o reconhecimento dessa gente.

A exposição traz, também, retratos de indígenas participantes dos ATL Acampamentos Terra Livre, a maior mobilização dos Povos Indígenas. Há 15 anos, a fotógrafa captura a diversidade ali concentrada: das ricas pinturas corporais à arte plumária, passando pelos rituais, de forma a ecoar os cantos e as batalhas desses povos.

“Ao acompanhar o cotidiano e as celebrações dessas comunidades, fui chamada a refletir sobre a importância de preservar e valorizar traços culturais herdados de nossos antepassados�, relembra a artista. Reflexão que busca passar em suas imagens, de maneira a provocar no espectador o reconhecimento e respeito à diversidade cultural, além da inclusão e do diálogo intercultural em uma sociedade cada vez mais padronizada.

Kalungas e Indígenas: Raízes do Brasil, realizada com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do DF, convida o visitante a transcender a percepção simples ou momentânea. Uma vez que é o resultado de anos de vigilância e comprometimento, empregando a fotografia como um recurso deliberado para promover mudanças sociais.

Ao percorrer a galeria, Franca convida o visitante a se permitir apreciar cada detalhe, cada símbolo presente nas fotos. “Deixe-se envolver pela beleza e autenticidade dessas tradições vibrantes. Mergulhe nesse universo, não apenas como espectador, mas como alguém que busca descobrir e aprender�, diz a artista, que destaca o desejo de que as imagens: “possam inspirar respeito, admiração e um olhar mais atento a culturas que ainda resistem e florescem em cada canto do Brasil�. Franca Vilarinho, além de fotógrafa, é jornalista e professora de artes.

Também na programação do projeto, está a exibição do documentário “Quilombo Quilombola�, dirigido por Franca e que retrata o cotidiano do povoado Engenho II, localizado a 30 km de Cavalcante (GO). O filme será apresentado dia 23 de outubro, às 19h, e seguido de debate com a presença de Dominga Natália Moreira dos Santos Rosa, Secretária Municipal de Turismo e Cultura de Cavalcante.

Natália integrou a primeira turma do ensino médio quilombola do país, viabilizada pela metodologia do Telecurso — uma iniciativa que utiliza mediação tecnológica para levar educação a regiões de difícil acesso. Ela atuou como professora na comunidade e hoje é uma importante liderança comunitária.