II Fórum Científico IBF/UFRJ

Gagueira será tema de encontro científico no RJ. Evento trará ao Brasil o maior especialista mundial na pesquisa científica da gagueira, Dr. Gerald Maguire, da Universidade da Califórnia

Quem for ao II Fórum Científico IBF/UFRJ poderá ter contato com aquilo que mais se aproxima de uma resposta final da ciência para duas curiosidades históricas: o que causa a gagueira e como tratá-la?

Gagueira não é mais mistério
Por muito tempo considerada um enigma para a medicina, a gagueira, uma desordem tão antiga quanto a fala humana e cujos primeiros registros históricos remontam ao Antigo Egito, finalmente está deixando de ser um mistério científico insondável.

A mais comum desordem de fluência da fala, que só no Brasil atinge cerca de 1,8 milhão de pessoas, tem sido, ao longo da última década, alvo de pesquisas cada vez mais aprofundadas, que estão lentamente tirando-a da condição de patinho feio das desordens do cérebro.

O consenso gradual que está se formando em torno da base física da desordem está permitindo que sejam feitos grandes avanços em seu tratamento. Durante os dois dias do II Fórum Científico IBF/UFRJ, esses avanços estarão na pauta das mesas-redondas e palestras do evento, bem como do curso "Neurociência da Gagueira", a ser ministrado pelo Dr. Gerald Maguire, psiquiatra da Universidade da Califórnia (UCI).

Gagueira entendida na teoria e na prática
Pessoa que gagueja, o Dr. Gerald Maguire, principal convidado do Fórum e talvez o mais conhecido de todos os estudiosos da gagueira, sabe exatamente o quanto ela pode ser uma condição socialmente devastadora. Por também conviver com a gagueira desde a infância, ele compreende perfeitamente a frustração e os desapontamentos inerentes à condição, o que o torna um médico especial para as pessoas que gaguejam e também um exemplo de vida e superação para elas. Sua tocante obstinação pessoal na busca por um tratamento mais eficaz para a gagueira chegou inclusive a ser matéria de uma reportagem do jornal americano The New York Times e também do canal de notícias CNN.

Gagueira possui uma base neurológica
Depois de estudar por muitos anos imagens do cérebro de pessoas que gaguejam, Dr. Maguire confirmou a existência de uma base neurológica para a desordem ao descobrir que áreas do cérebro responsáveis pelo controle motor da fala possuíam uma atividade excessiva de captação do neurotransmissor dopamina. Desde esta descoberta, ele tem investido na pesquisa de agentes farmacológicos que possam ajudar a atenuar os sintomas associados à gagueira.

Para este fim, criou um centro de pesquisa na UCI voltado exclusivamente ao estudo e tratamento da desordem, uma iniciativa inédita na área. Neste centro, sua equipe de pesquisa vem obtendo resultados encorajadores em testes clínicos com um medicamento que pode vir a se tornar o 1º no mundo voltado ao tratamento específico da gagueira, o pagoclone.

Fórum científico divulgará descobertas
No intuito de divulgar esse e outros avanços também promissores que sua equipe de pesquisa vem obtendo no tratamento da gagueira, ele estará este ano no Brasil participando do II Fórum Científico sobre gagueira, a convite do Instituto Brasileiro de Fluência e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde dará cursos e palestras. O fórum se destina a todos que tenham interesse pelo assunto, desde fonoaudiólogos e médicos, até adultos que gaguejam e pais de crianças com o problema.