“Eu fui o maior onanista do meu tempo…â€
Oswald de Andrade
Parece um deserto e é nele que eu sobrevivo. E assim só a memória poderá me salvar. Acontece que esses tempos atuais são mais broxantes do que qualquer crônica esculachada que eu possa armar. Meus dias de contista e aspirante a etnógrafo (de meus próprios entorpecimentos punheteiros) estão mesmo contados.
O cheiro de merda parece impregnar por dentro das narinas, mais intenso ainda quando ligo na Rede Globo ou desenrolo as atualizações do Facebook. Eu sozinho como alguém que deseja o próprio esperma desencarnado. Mas que porra é esta? É disso mesmo que se trata, ora-bolas.
Sei que ainda não desembolei aquela história do zoológico com as meninas chapadas. Isto foi em 1991, aquelas irmãs gostosas eram evangélicas e diziam que não dariam confiança pra gente, na verdade, eu e meu amigo o Kiko K. Éramos uma dúpla paspalha que não conseguia pegar as garotas no jeito. Escrevo como há vinte anos, e claro que expressões datadas podem soar vulgares ou politicamente incorretas nos anos um-ponto-zero. Dáne-se essa merda toda. A minha única certeza é que chupei os peitinhos daquela baranga tesuada com o biquine por baixo. Ela chapou uma doses de Martini com vodka ou algo menos literário que isso. Não importa.
Para ela, a chupada (mas não, tecnicamente), apenas um nome que nem posso repetir porque nem me lembro mais. Jandira poderia ser, mas acho que Suely soa mais no contexto, sei lá porque.
Afinal, toda a memória de um sujeitinho punheteiro como eu não vale mais do que uma lata de salsicha Carioca. Ou pacotinho vencido de Miojo. Eu comia essa porcaria mas para curtir umas, mistura com filés de salmão a 19,90 a lata no Carrefour. Isso é que é ser um cara frustrado e com pau broxado desde os 25, 26 anos. Bosta!
Tão inútil quanto qualquer pretensão literária. Tão broxante quanto qualquer domingo à tarde comendo pizza na frente do Domingão do Faustão. Meus finais de semana são prolongamentos de seções de tortura pagas à vista. E sem descontos.
Tão execrável quanto um pedófilo de direita que posa de pastor em canal de TV durante a madrugada. Ou coisa parecida mas sem a mesma sofisticação de uma sessão da tarde no meio da semana. Já li todos os livros e não encontrei ninguém mais broxado do que eu. Mas ainda tenho jeito. Pelo menos foi o que li no horóscopo do jornal vencido no qual estava embrulhado uns pacotinhos de ração para o canário belga gago que tenho. (Isso é mais que um trava-lÃnguas, é óbvio!)
Bem, para retornar ao episódio da Suely, a merda mental na qual me enfiei foi que, como já era de se imaginar, eu me apaixonei pela galinha daquela lambida nos mamilos intumescidos. Não tenho nada a dizer em defesa dela, naquele mesmo sábado encontrei com Suely na sua casa, festinha não sei de que nem para quem. Ela agiu como se nada tivesse acontecido, e de fato nada aconteceu de relevante na proporção de outras experiências bizarras por ela protagonizadas no passado. Da minha parte, um apaixonado que se masturbava enrolado nas toalhas sujas da casa da avó, só tenho a dizer que a visão distorcida que eu tinha das pessoas me fazia acreditar em qualquer baboseira que me dissessem. E sempre o sabor amargo de não sentir a reciprocidade, ainda que em meio aos docinhos e salgadinhos requentados enquanto olhares eram trocados à s minhas costas. Eu nunca consegui me enturmar antes de um novo colapso, antes de mais uma noite insone entre xÃcaras de chá gelado no meio da madrugada. Punhetas de um punheteiro incorrigÃvel, porque nunca estive a altura de vocês que comiam todas as menininhas e por causa disso tinham muitas históricas com detalhes sórdidos para me contar. Eu, Suely, mereci!
Não tenho nada a dizer em defesa dela, naquele mesmo sábado encontrei com Suely na sua casa, festinha não sei de que nem para quem. Ela agiu como se nada tivesse acontecido, e de fato nada aconteceu de relevante na proporção de outras experiências bizarras por ela protagonizadas no passado. Da minha parte, um apaixonado que se masturbava enrolado nas toalhas sujas da casa da avó.
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