Ai, ui! Que sexy!

Gilbert Daniel
7
gilbert daniel · Internacional , WW
21/7/2015 · 7 · 1
 




Já me pediram para não escrever certas coisas, especialmente contra as grávidas. Exatamente elas, em muitos, causam, quando agredidas, um sentimento de sacrilégio igual a profanação de um Santo Católico ou coisa da mesma ordem. Já até me disseram que esse tipo de descrição “abjeta†que sempre repito é algo sem sentido, apenas para provocar aquele tipo de reação nas pessoas. Como se as palavras pudessem, simplesmente, ser usadas de modo superficial. Elas, as palavras, sempre provocam reações as mais diversas, algo que aquelas pessoas (leitores cujas estantes estão sempre vazias) não conseguem entender.

Mas isso não interessa. O que interessa é que quanto mais me pedem para não escrever, mais escrevo o que não me pedem. Afinal, não estou aqui para agradar a ninguém, e se estivesse, não estaria fazendo literatura. Se quiserem algo ameno para ler, abram um livro do Paulo Coelho. Ou do Chico Buarque. O mais engraçado é quando não entendem esse tipo de comparação. As pequenas falcatruas que a literatura nos permite. Basicamente, arquitetar pequenos jogos sórdidos para entravar o coro dos boçais, como eu e você. Ai!

Mas isto é só o começo. Qual seria a importância disso tudo? Quanto tempo perdemos de uma vida tão breve discutindo futebol, religião e política, não necessariamente nessa ordem? Não sei, o que sei é que tudo isso é insuportável. Abominável. Mas continuamos. Eu não suportaria ter que de novo e de novo fingir que acho tudo isso normal, mais um capítulo de novela ou final do brasileirão (esqueci, agora virou “campeonato de pontos corridosâ€â€¦ não interessa, é a mesma coisa). Dança dos famosos e bagaças do gênero. A cultura da televisão é mesmo prodigiosa.
Talvez seria apropriado citar algum exemplo. O que pode ser mais ordinário do que um adolescente tentando se enturmar? Ou um grupo de jovens que saem para beber sábado à noite? Ou marmanjos que se reúnem para um futebolzinho no campo society do bairro enquanto as esposas fazem alongamentos e sessões aeróbicas na academia, antes da consulta com o nutricionista? Uma realidade virtual dessas só pode ter sido planejada por algum publicitário de merda (me desculpem o pleonasmo).

Toda semana escrever uma crônica. E daí? Igualmente inútil, pura perda de tempo. A diferença é que escrevendo crônicas ou contos (cron-tos) há uma ligeira ilusão de permanência. Como se de algum modo houvesse a pequena possibilidade de passar algo adiante, ainda que em uma escala tão reduzida. De certo modo, a palavra fica, os livros permanecem. Essa é a doce ilusão que alimenta alguns que escrevem literatura. Mas daí a acreditar que esse seria o motivo para escrever já acho que seria uma ideia cretina. Não há motivo para escrever, pelo menos não no meu caso. A única coisa que me motiva a escrever são os livros do Paulo Coelho. Já os do Nelson Rodrigues ou do Mirisola, não me motivam nem um pouco. Saio deles completamente travado, envergonhado. Já as crônicas da Fernanda Takay…

Saber que o Dráuzio Varela escreve é algo bastante animador. Qualquer um pode escrever. Na verdade, nos jornais, blogs e sites há centenas de textos escritos por qualquer um, menos por escritores. Isso também me é bastante enriquecedor. Que estímulo poderia ser melhor?

Na verdade comecei essa crônica sem ter a menor noção do que escrever. Mas aos poucos as coisas se encaixam, afinal, é tudo uma questão de compor, de composição. Amarrar algumas pontas, soltar outras, beliscar uns docinhos na hora certa e nunca dizer “não†enquanto se escreve, ou seja, não recusar ir ao fundo do copo, explicitar tudo o que normalmente ficaria na sombra. Justo o que não deveria ser escrito (aprendi isto com o João Gilberto Noll em uma entrevista dele) é justo o que deve ser registrado nas palavras que nos condenam. E nossa condenação não poderia ser outra: a velha e vagabunda condição humana.

Sobre a obra

O que pode ser mais ordinário do que um adolescente tentando se enturmar? Ou um grupo de jovens que saem para beber sábado à noite? Ou marmanjos que se reúnem para um futebolzinho no campo society do bairro enquanto as esposas fazem alongamentos e sessões aeróbicas na academia, antes da consulta com o nutricionista? Uma realidade virtual dessas só pode ter sido planejada por algum publicitário de merda (me desculpem o pleonasmo).

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Gilbert Daniel
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alcanu
 

Publicitários de merda acabam 'elegendo' ( urnas viciadas tambem ajudam bastante ) presidentes funesto(a )s !
Fora, Dilma, prisão pro Lula ...
Um beijo !

alcanu · São Paulo, SP 22/7/2015 15:11
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