O sonho perdido e etc e Vagar vagando, reedição dupla do acreano Afonso MarcÃlio, mais conhecido como Bartholomeu, lançado em 2005, com ilustração do artista plástico Danilo de S'Acre, define muito bem sua verve de escritor atual, com textos modernos e universais.
Para o jornalista Naylor George, Bartholomeu "foi um desses artistas plurais em pura efervescência, com sua produção artÃstica múltipla, entre os acreanos, mesmo já tendo falecido fisicamente. Constata-se ainda que sua postura de vida aponta caminhos boêmios e humildes a serem seguidos pelos tranqüilos de coração. Bartholomeu era um incentivador das expressões artÃstico-culturais acreanas, não tinha apego a bens materiais, e era um andarilho por natureza".
Para Olinda Batista, que assina a apresentação do livro, a obra de Bartholomeu é atual: "autor da nova geração, conhecido no meio literário acreano e com grandes possibilidades no campo das letras e artes, constrói os seus poemas a partir da metáfora 'olhos', matriz condutora de todo o processo criador". E acrescenta: "as imagens evocadas refletem o momento de comunhão do homem com o mundo em que o eu-poema se confunde com o eu-autobiográfico, criando a atmosfera poética. O autor conseguiu o que muitos poetas contemporâneos não conseguiram: tirar, do trivial e comum, motivos que produzissem efeito poético tão intenso e marcante".
Linguagem poética
Para a artista plástica, Laélia Rodrigues, a poesia do escritor acreano insere-se no mesmo contexto inovador da poesia de Betho Rocha, outro Ãcone da cultura acreana.
"Assim como na poesia de Betho, a linguagem poética de Bartholomeu também persegue a intenção de definir a identidade do sujeito criador. Em O sonho perdido e etc, Bartholomeu aborda as andanças, reflexões e prosas filosóficas do escritor. Já em Vagar vagando, o leitor é presenteado com poesias siderais, que resultam em efeito poético que se concretiza por meio das relações criadas no jogo da lÃngua e da linguagem, que estabelecem a linguagem literária".
A imagem do espaço e do homem, compreendida na poesia de Bartholomeu, a partir dos sÃmbolos demonstra que a significação não pode estar aprisionada a um grande espelho que a reflete como única. Os referenrenciais da natureza que corcundam o homem, além de se referirem ao ambiente, podem perfeitamente ser usados para definir o próprio sujeito ou seus sentimentos, como no poema Coração Sideral:
O meu coração?
É igual ao céu
e por você estrela
juro que sempre
o meu amor vive a brilhar.
O meu coração?!
é igual ao sol
a alumiar os rios
do interior
de mim
que são de puro amor.
O poeta é ousado em seu próprio movimento, dominado Sideralismo e definido por ele com uma equação primordial do assunto: amor/espaço/tempo.
Seguindo este princÃpio, o compromisso de sua criação poética assume a gratuidade de seu Sideralismo que inclui a contemplação pura e simples do tempo, da vida e dos sentimentos.
A busca de comunicação na babel do mundo moderno, a busca de liberdade do homem sozinho que caminha sem destino e tenta alcançar o céu, pemanece vivo:
Ando
pois
andas
Andes
ao nada/futuro/nada.
Nadam silenciosos
os peixes, rios e homens.
Onde encontrar: (068) 3223-1065 com Danilo de S'Acre
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