DJ Zonattão fala sobre a cultura em Bento

DJ Zonattão fala sobre sua carreira, sobre a cultura em Bento e sobre a volta do disco de vinil


Fonte: http://dollybento.webs.com/dollybentoentrevistas.htm

http://dollybento.webs.com/apps/blog/entries/show/4206170-dj-zonatt-fala-em-entrevista-exclusiva

1. Zonattão, vc já tem uma história na música Hip Hop de Bento e até no cenário gaúcho, resume essa história pra nós.

Bem, dentro deste contexto, participei em 2008 do 1º disco de rap daqui de Bento Gonçalves o disco do Jhou intitulado TRAMPO SOLO.

Em 2009 lançei o meu CD solo intitulado Sampleado & Percussivo , que modestamente é considerado o 1º disco de Turntablism , traduzindo para o português, Pratismo (A Arte de fazer música com os Toca Discos) com fusões de Ritmos Brasileiros, Rock, Black Music dos anos 70, Ragga, Dub e Beatbox que também tem a participação de outros músicos da cidade.

Participei também como percussionista da Banda de Rock Instrumental Metamorfos e da Banda de Blues Rock La Rosa Negra Quartet

Há alguns meses realizei aqui na cidade duas edições do Projeto Rotação 33 , duas noites discotecando Rock in Roll apenas em vinil.

Este ano juntamente com o Multiartista Ernani Cousandier e os Bardos da Pangéia, representamos Bento Gonçalves na Coletânea virtual MÚSICA É O SOM QUE SE OUVE que reúne músicas de 16 artistas das montanhas do Sul do Brasil, produzidas entre 2009 e 2010.


2.Quais as suas principais influências?

Bah, são muitas. E de muitos artistas, vou citar alguns e tentar resumir.
O Soul de Aretha Franklin e Isacc Hayes, o Funk de James Brown e do Parliament Funkadelic, O Manguebeat de Chico Science e Nação Zumbi, o Rock de Jimi Hendrix e Santana, O Rap americano do KRS One e do Jurassic 5, o Rap Nacional do Thaíde, Bnegão e Black Alien, o Samba de Bezerra da Silva e Dicró, o Jazz de Miles Davis e Herbie Hancock, o Jazz Soul de Jimi Smith e Jimmy MCGryfe, o Dub de Lee Perry Scratch e Augustus Pablo, o Afrobeat de Fela Kuti, o Swing e Samba Rock de Bebeto e do Trio Mocotó, e claro o Turntablism dos Djs Shadow, Madlib, Numark e Cut Chemist

Eu juro que tentei resumir (risos)

3. Pra quem não conhece, o que a Banda Vitrola Funk toca, qual a idéia que a banda tem por propósito passar?

Podemos definir a Vitrola Funk como sendo uma mistura de sons e influências dos 06 integrantes. Influências que vão do Samba ao Rock, tendo a Black Music como a referência central.

Basicamente fazemos releituras e covers de grandes clássicos da música nacional e
internacional dando preferência ao swing e que tenham um groove característico da Música Negra , além é claro do trabalho autoral que ainda está sendo formatado, com influências modernas e um repertório que viaja entre do inovador ao conservador aliando esses dois temas de uma forma inteligente, dançante e radiofônica.


4. Quais os integrantes da Banda Vitrola Funk?

Eduardo Pomperayer “Duda� (Vocal, Guitarra, Violão)
Rafael Roso “Pinto� ( Baixo)
César Brandeli (Bateria)
Diego Perin “Diegão� (Guitarra)
Matheus Paixão “Paixão� (Percussão)
DJ Zonattão (Toca Discos e Samplers)


5. Por que vc é o único Dj de Bento que toca no vinil? Qual a diferença para o CD?

Excelente pergunta.

São vários fatores. Principalmente por ser esta uma das principais características dos DJs de Hip Hop, tocar com o vinil e com ele fazer o Scratch.

Tem o fato de deixar viva esta Cultura do Vinil. Um das coisas mais interessantes é ver , como aconteceu nesta Expobento, crianças e adolescentes fascinados e estáticas ao ver um vinil tocando. Certamente nunca tinham visto na vida

Existe também o fator, de outros DJs optarem pela praticidade do CD e do Mp3, pelo equipamento menor e mais leve pra tocar com estes formatos. Pode ser a questão do vinil aparentemente ter apenas músicas antigas (nem sempre, afinal na Europa e EUA nunca pararam de lançar vinis e no Brasil foi reaberta a única fábrica de vinil que esteve fechada desde 2007). Este ano foi lançado em vinil discos de artistas como: Pitty, Cachorro Grande e Nação Zumbi

E tem o estigma da qualidade do áudio ser duvidosa no ponto de vista mais leigo, que no caso já fora comprovada por vários Engenheiros de Som que a qualidade do vinil é superior ao CD principalmente quanto ao quesito timbres.

Na realidade também toco com CD, a fim de complementar o repertório, com a finalidade de ter um repertório mais moderno, e de trazer à tona muita coisa interessante que tem aqui no Brasil e Mundo afora. Desde raridades até sons modernos, afinal pesquiso bastante.

Nos últimos anos o vinil se tornou escasso, virando lixo, ou artefato de colecionador.Mas a minha preferência é o vinil, sempre opto ter uma obra em vinil, além do mesmo promover uma variação técnica e específica em manuseá-lo.


6. Na sua opinião qual a importância do Hip Hop na sociedade e sua transformação?

Na realidade toda Cultura e Arte, seja ela qual for a sua tendência. O objetivo é o mesmo. A formação do Ser Humano e do Cidadão, o resgate dele como um membro integrante de uma sociedade não como um ser isolado no meio de uma grande massa e de um grande sistema. Destaco necessariamente a Cultura Hip Hop, por ser umas das mais influentes nestes sentidos, e esta foi desenvolvida de forma mais prática, independente e de iniciativa com poucos recursos e conhecimento.


7. O que precisa mudar para Bento dar mais espaço pra arte e cultura? A Casa das Artes agrega ou não tem um papel tão importante para essa mudança?

Precisa de conscientização,e principalmente mudança de conceitos e hábitos.

Afinal a Arte e a Cultura em outras cidades do Estado e do Brasil também gera crescimento econômico, intelectual e social, também é marketing que divulga e dá retorno para as empresas, também gera empregos, também atraem turistas e investimentos. Temos muito a referência da “Mama Itália�, e lá é comum lotar Centros Culturais, Teatros e Museus. Já me disseram, - “Há!! mas lá é primeiro mundo� . Na Realidade 2º. Então pra nossa região, onde já somos considerados cidades Européias dentro do Brasil, devido à qualidade de vida, ao crescimento econômico e ao poder aquisitivo, será que não temos condições de ter um cenário pelo menos próximo ao de lá?

E é lógico, e indispensável à importância da Casa das Artes que já está contribuindo com isso, assim como as leis de incentivo a Cultura e algumas iniciativas independentes e/ou privadas.

8. O CD solo Sampleado & Percussivo já foi lançado à quase 1 ano, qual a sua repercussão?

Esta pergunta tem uma resposta que está me deixa muito feliz.

Está indo muito além do que eu esperava...Só tenho 2 cópias em mãos atualmente.

Através dele no dia 27/07/09 fui um dos destaques no maior portal de música independente do Brasil, o Trama Virtual, E um dos artistas selecionados pelos curadores nacionais do Festival Expressões OI realizado em Porto Alegre no dia 02/08/09, dividindo o mesmo palco com as bandas Bidê ou Balde e Pata de Elefante.

O resultado disso, é o reconhecimento, os convites para shows e discotecagens em outras cidades e estados e gravações em colaboração ao trabalho de outros artistas.

Além de momentos memoráveis vendo pessoas dançando com as músicas próprias da Vitrola Funk ou mesmo como aconteceu há poucos dias atrás no Zarabatana Café, em Caxias do Sul vendo algumas dezenas de pessoas dançando ao som de uma das músicas de meu CD a Psyco Baião Delic.

Só quem faz música e sabe do trabalho árduo que se tem, e pode realmente ter essa sensação.

Em breve, entre este ano e ano que vem, estarão sendo lançado trabalhos de outros artistas de São Paulo, Porto Alegre, Caxias do Sul, Torres, Flores da Cunha, Garibaldi e daqui de Bento mesmo com participações minhas.

Se ficou mais alguma coisa que não foi falada, fique a vontade para divulgar.

Antes de qualquer coisa, fico extremamente agradecido por cederem este espaço e principalmente por trazer à tona a importância da Arte e dos Artistas em nossa cidade, na qual possuem vários outros talentos. Isso prova mais uma vez que Bento Gonçalves não possui apenas por bons vinhos e bons móveis.

Momento polêmico...(risos)

Tem a teoria do DJ como Músico, que pra alguns é até motivo de chacota. Pode parecer “viagem� minha, mas existe um cara chamado Herbie Hancock, um dos maiores nomes da música e do Jazz mundial, que até hoje convida DJs para seus trabalhos, e especificamente em 1983 quando gravou "Rockit" usando o DJ DXT (DJ com vinil) como um instrumentista de sua banda, automaticamente o tornou um músico.

Anos depois vieram outras bandas com o mesmo instrumentista como: Liquid Soul, Limp Bizkit, O Rappa, Planet Hemp, Linkin Park , Pavilhão 9, Câmbio Negro, Slipknot, Detonautas, , Ultramen, Bataclã F.C. entre outras

Datas das Próximas apresentações e fones pra contato, além de MySpace, site...

Vou passar o endereço de meu site, lá tem tudo isso, além do link para a Vitrola Funk e outros sites bem interessantes.

http://djzonattao.weebly.com

E para quem tiver interesse em baixar a Coletânea MÚSICA É O SOM QUE SE OUVE segue este link

http://www.megaupload.com/?d=Z1A7IWG2