FICA VEIO PARA FICAR

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Beto Leão · Aparecida de Goiânia, GO
16/6/2006 · 51 · 0
 

A Cidade de Goiás transformou-se mais uma vez em um grande palco para o
cinema e o meio ambiente, no período de 6 a 11 de junho. Desta vez aconteceu
a oitava edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental
(Fica). Idealizado há sete anos por Luiz Felipe Gabriel, Jaime Sautchuk,
Adnair França e Luís Gonzaga, o Fica despontou como marco de um novo momento
da cultura em Goiás. Como projeto do Governo do Estado, por meio da Agência
Goiana de Cultura (Agepel), tinha atrás de si objetivos ambiciosos, como
valorizar o cinema, discutir amplamente a questão ambiental, conquistar o
título de Patrimônio da Humanidade para a Cidade de Goiás, movimentar o
setor cultural como um todo, gerar riquezas (como cultura e informação),
empregos e fomentar o turismo.

Este ano, os grandes homenageados foram o professor o professor (da Escola
de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo) Ismail Xavier pelo seu
trabalho voltado para o cinema e o seu envolvimento com Goiás desde 1978,
quando esteve em Goiânia ministrando palestra no então recém-criado
Cineclube Antônio das Mortes, no DCE da Universidade Federal, do qual fui um
dos fundadores; o deputado federal (PV/RJ) e jornalista Fernando Gabeira por
sua atuação em defesa do meio ambiente, e o ex-governador do Estado Marconi
Perillo que bancou o festival desde o início e o transformou em projeto de
governo, além de seu trabalho ímpar voltado para a cultura goiana como um
todo.

O VIII Fica - Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental foi
encerrado na noite deste domingo, 11, na cidade de Goiás, com a apresentação
dos Titãs, na praça do Chafariz, a partir das 20 horas. O show do grupo de
rock foi centrado no seu mais novo trabalho do grupo, o CD MTV ao Vivo
Titãs, e incluiu também sucessos já consagrados. A banda interpretou 30
músicas, entre elas A Melhor Banda, Homem Primata, Pra Dizer Adeus, Enquanto
Houver Sol, Provas de Amor e Anjo Exterminador. Pela manhã, no Cine-Teatro
São Joaquim, a partir das 11 horas, o escritor e deputado federal Fernando
Gabeira proferiu palestra sobre Política, Cinema e Meio Ambiente, com a
coordenação de jornalista ambientalista Washington Novaes. O público
estimado que compareceu ao festival foi de 200 mil pessoas.
Mais de duas centenas de pessoas se fizeram presentes
PREMIAÇÕES

Parte da manhã de sábado, 10 de junho, foi dedicada à revelação e premiação
dos vencedores do VIII Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental
(VIII Fica), bem como do Festival dos Festivais, da Mostra ABD Goiás e do
Projeto Se Liga no Fica. A solenidade foi realizada no Cinemão e contou com
as presenças do governador de Goiás, Alcides Rodrigues, acompanhado da
primeira-dama Raquel Rodrigues; ex-governador Marconi Perillo; presidente da
Agepel, Nasr Chaul, e o prefeito da Cidade de Goiás, Abner Curado, entre
outras autoridades, além de personalidades ligadas ao mundo do cinema e a
população em geral.
O deputado Fernando Gabeira falou de política, cinema e meio
meio ambiente

Inicialmente foi exibido o Making of do VIII Fica, que se abriu com Nasr
Chaul lembrando o trabalho pioneiro do cineasta Glauber Rocha em relação à
questão ambiental, além do cinema, e fazendo referência à coincidente
presença, na Cidade de Goiás, de três companheiros de Glauber na produção do
filme "Terra em Transe": Eduardo Escorel, Dib Lutfi e Zuenir Ventura. O
filme Glauber foi exibido no Cine Teatro São Joaquim, dentro da Mostra
Paralela de Cinema Brasileiro. O Making of foi produzido por alunos das
oficinas de Fotografia em Vídeo, com Dib Lutfi, e de Edição, com João Paulo
Cavalho.

Com o filme "Ovas de Oro", média-metragem dirigida por Manuel Gonzalez e
Anahí Johnsen, o Chile foi o grande vencedor (melhor filme) do VIII Festival
Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (VIII Fica), conforme decisão do
júri oficial do evento, composto por Washington Novaes, Rubens Machado Jr.,
Maria Dora Genis Mourão, Paulo Souza Neto, Mário Borgneth, Rigoberto López e
Carlos Teófilo Furtado Oliveira. Os ganhadores receberam o Troféu Cora
Coralina e premiação em dinheiro no valor de R$ 50 mil.

Filme chileno foi o grande vencedor

"Ovas de Oro" é uma radiografia inspirada e orientada para denunciar o
comportamento do império industrial salmoneiro e pesqueiro nas costas do
Chile. A obra tenta informar sobre as conseqüências para os operários do
salmão, os pescadores artesanais, as comunidades litorâneas, a cultura das
vilas e o meio embiente, devido ao desejo de se tornarem o primeiro produtor
salmoneiro do mundo.
Pelos votos do Júri Popular (Troféu Luiz Gonzaga Soares), o melhor filme do
VIII Fica foi o curta-metragem "Zoo", de Daniel Lima (Brasil/Goiás).
Trata-se de um musical animado, enfocando o desabafo dos animais que vivem
em um zoológico
Já para os jornalistas (Troféu Imprensa), o melhor filme do festival foi o
longa-metragem "The Last Atomic Bomb", de Robert Richter (Estados Unidos).
Documentando a maior tragédia ambiental e humana, o filme traça o perfil dos
sobreviventes da bomba atômica lançada em Nagasaki (Japão) e de estudantes
determinados a se certificarem de que as histórias dos sobreviventes nunca
serão esquecidas. O documentário entrelaça a vida dos personagens com a
controvertida decisão dos Estados Unidos de usar a bomba, enfocando também a
censura norte-americana e japonesa, a discriminação contra os sobreviventes,
o acúmulo das armas da Guerra Fria e a proliferação nuclear.

As demais premiações

O prêmio de Melhor Produção Goiana foi par "Bartô", de Luiz Botosso e Thiago
Veiga, que recebeu o Troféu João Bennio e R$ 40 mil. Na mesma categoria,
levou o Troféu José Petrillo e R$ 40 mil o filme "Zoo", de Daniel Lima.
O Melhor Curta-Metragem foi "White Gold - The true cost of cotton", de
Gillian Hazell (Reino Unido), que foi agraciado com o Troféu Acari Passos e
R$ 25 mil.
O Melhor Média-Metragem: "Kirasã yõ Sãti - O Amendoim da Cutia', de Komoi e
Paturi Panara (Brasil/Mato Grosso), que levou o Troféu Jesco von Puttkamer e
R$ 25 mil.
Melhor Longa-Metragem: "The Real Dirty on Farmer John", de Taggart Siegel
(Estados Unidos) e "Profeta das Águas", de Leopoldo Nunes (Brasil/SP), que
levaram o Troféu Carmo Bernardes e R$ 35 mil - prêmio dividido pelos dois
ganhadores.
Na série televisiva (Troféu Bernardo Élis e R$ 25 mil), o júri decidiu não
premiar nenhuma obra, mas conferiu menções honrosas, pelo alto nível
apresentado, aos filmes "The Last Atomic Bomb", de Robert Richter (Estados
Unidos), "Source", de Martin Marececk (República Checa) e "Conflict Tiger",
de Sasha Snow (Rússia).

Festival dos Festivais

"Carpatia", de Andrezej Klamt e Ulrich Rydzewsky (Germânia/Áustria), foi o
ganhador do Festival dos Festivais, recebendo o Troféu Marconi Perillo e R$
30 mil. O filme faz uma viagem poética no tempo e nas montanhas rurais que
podem parecer estrangeiras para muitos, mas que ainda assim fornecem a
conexão com as raízes comuns, culturais e históricas. Este documentário
retrata as pessoas, os lugares e a paisagem das montanhas Carpathian. Nesta
jornada pôde-se conhecer garimpeiros de ouro, magos, boiadeiros e suas
boiadas, além dos velhos Chassids. Também se presencia de perto as vidas de
grupos étnicos da região, como os Hultsul, os Gorals e os Roma.
O júri do Festival dos Festivais foi formado por Lisandro Nogueira
(Brasil/Goiás), Gaetano Capizzi (Itália) e Lauro António (Portugal). Cinco
países (Brasil, Portugal, Itália Espanha e Grécia) participaram como
concorrentes, cada um deles apresentando o seu melhor filme de temática
ambiental em 2005 e um outro filme de livre escolha, dentro da mesma
temática.

Homenageados do VIII Fica

Três personalidades de destaque nas áreas do cinema, meio ambiente e cultura
foram homenageados com o troféu do VIII Fica. Na área de cinema, o
homenageado foi Ismail Xavier, da USP, que recebeu o troféu das mãos de
Lisandro Nogueira. Na área ambiental, o troféu, entregue por Washington
Novaes, foi para o deputado federal Fernando Gabeira. O ex-governador Maconi
Perillo recebeu, das mãos de todo o Júri Oficial do VIII Fica, o troféu para
a área de cultura, e foi efusivamente aplaudido.
Vencedores da IV ABD Cine Goiás

A Associação Brasileira de Documentaristas, Seção de Goiás, coordenou este
ano uma das mais bem organizadas mostra do cinema goiano em todas as edições
do Fica. E esta não é uma opinião pessoal - que seria no mínimo suspeita por
ser eu o atual presidente da entidade -, mas sim do público (que superlotou
todas as sessões) e de realizadores e convidados que acompanham o festival
desde 1999. Além da IV ABD Cine Goiás - Mostra Competitiva, a entidade
promoveu também duas outras mostras de caráter informativo: a Mostra ABD
21 - Panorama Goiás, com 15 outras produções realizadas de junho de 2005 a
abril deste ano, e a Mostra ABD 21 - Panorama Brasil, na qual pretendíamos
exibir curtas das 27 ABDs estaduais, mas, infelizmente, apenas 16 enviaram
seus representantes, apesar dos nossos esforços junto às diretorias dessas
entidades desde janeiro deste ano.

Com o júri formado pelo cineasta Sílvio Da-Rin (que também ministrou a super
elogiada oficina "Tradição e Transformação do Documentário", sob a
coordenação da ABD-GO, e lançou seu livro homônimo), o documentarista
carioca Pedro Nabuco e Fernando da Costa, do Cineclube do Mosteiro da
Anunciação do Senhor (Cidade de Goiás), a IV Mostra Competitiva da ABD Cine
Goiás premiou dez filmes, cujos diretores receberam o Troféu Pedra Goiana e
prêmios em dinheiro que variam de R$ 1.500 a R$ 3.500, num total de R$ 18
mil.
Antes de eelencar os vencedores, gostaria de abrir aqui um parênteses para
falar um pouco sobre o belo troféu criado este ano em comemoração aos 21
anos de fundação da ABD Goiás. Produzido em resina, medindo 15x15
centímetros, o troféu traz estilizada a chamada Pedra Goiana e um negativo
de filme no seu interior sobre o qual foi aplicada a logomarca oficial da
ABD-GO e o selo comemorativo de 21 anos. Idealizado por mim, o troféu foi
confeccionado pela artista plástica Rochane Torres e representa uma das
atrações geológicas e turísticas de Goiás, a Pedra Goiana, que existia na
Serra Dourada (assim chamada devido à cor que adquire quando a luz do
crespúsculo atinge toda sua extensão), explodida por vândalos em 1965. A
Pedra Goiana possuía grandes dimensões e se equilibrava em duas outras
pedras muito pequenas. O monumento era um local turístico e sua perda foi
bastante lamentada, com repercussão na imprensa.
Agora sim, vamos aos premiados da IV ABD CINE GOIAS:
Melhor Trilha Sonora: "Uma Só Vez na Vida", de Robney Bruno
Melhor Editor: "Capital XXI", de Juliana Corso
Melhor Direção de Fotografia: "Resto de Sabão", de Rochane Torres
Melhor Roteiro: "Peixe Frito", de Ricardo George de Podestá
Melhor Animação: "Zoo", de Daniel Lima
Melhor Ficção: "Uma Só Vez na Vida", de Robney Bruno
Melhor Documentário: "Coque do Buriti", de Gel Messias
Melhor Curta-Metragem: "Corra, Coralina, Corra!", de João Novaes
Melhor Direção: "O Dono da Pena", de Cláudia Nunes
Melhor Filme: "Resto de Sabão", de Rochane Torres.


Projeto Se Liga no Fica

O Projeto Se Liga no Fica, realização do governo de Goiás, por meio da
Agepel e da Agência Ambiental, voltado para a mobilização social e educação
ambiental, premiou os filmes "SOS João Francisco' (1º lugar), do Escola
Estadual João Augusto Perillo, que recebeu o Troféu Marconi Perillo; "Águas
que Choram" (2º lugar), do Colégio Estadual Professor Alcides Jubé, com o
Troféu Brasilete Caiado; e "Lixo Rural - Uma questão de consciência" (3º
lugar), da Escola Municipal Holanda e Escola Municipal Terezinha de Jesus
Rocha, com o Troféu Professor Artur da Costa Ferreira. Os três vídeos
premiados foram resultados da Oficina de Fotografia em Vídeo, ministrada por
Dib Lutfi aos alunos.


Indústria criativa é a atração do Empório Sebrae-Fica


As chamadas indústrias criativas, que produzem cultura, cinema, audiovisual
e música entre outros produtos e serviços afins, são as que mais atraíram a
atenção dos visitantes do 3° Empório Sebrae-Fica. A área montada do Empório,
que expandiu de 450m² em 2005 para 1400m² neste ano, fica no QG do Fica, no
Colégio Alcides Jubé.
Nela foram instalados 40 estandes de exposição e venda de produtos e
serviços, quatro salas de projeção, espaço para realização de palestras,
oficinas, shows e praça de alimentação. Alguns estandes de Universidades
editaram e mostraram como editar vídeos. É a preferida dos jovens que
disputam o direito de editar vídeos. O de maquiagem cenográfica é outro
estande que concorreu na opção dos jovens.
No estande da ABD Goiás, houve o lançamento do livro "Espelho Partido -
Tradição e Transformação do Documentário", de Silvio Da-Rin, bastante
procurado durante a noite de autógrafos para um bate-papo pelas pessoas
presentes no evento. No mesmo local foi relançado também o jornal CLAQUETE,
informativo oficial da ABD-GO que não circulava desde 2000. Outra novidade
foi a exposição para comercialização de 50 livros sobre cinema.
No III Empório Sebrae-Fica de Cinema e Vídeo, a ABD Goiás participou também
de uma importante mesa-redonda que discutiu o documentário no Brasil. No
mesmo espaço foi realizada a II Mostra Paralela DOCTV Goyaz, exibiu 20
títulos da Série DOCTV II, entre os dias 07 e 10 de junho. A mostra é fruto
da parceria entre o Pólo Estadual de Goiás (composto pela TV Brasil Central
e ABD-GO), o SEBRAE-GO e a AGEPEL - Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico
Teixeira.

A II Mostra Paralela DOCTV Goyaz também contou com a realização, na
quinta-feira, 08 de junho, de uma mesa de debate intitulada "O documentário
brasileiro pós-retomada e a importância do modelo DOCTV em sua renovação
estilística". O debate contou com as presenças de Mario Borgneth, Assessor
Especial do Ministro da Cultura, Maurício Hirata, da Coordenação Nacional do
DOCTV, João Novaes, Coordenador do DOCTV Goyaz, e Beto Leão, Presidente da
ABD-GO.
A mesa colocou em perspectiva as questões levantadas pelo ciclo de debates
do Seminário DOCTV, realizado em parceria com o CINUSP Paulo Emílio e o
Departamento de Comunicação da PUC/RJ (que contou com a participação de
Eduardo Coutinho, Jean-Claude Bernardet, Stela Senra, Cláudia Mesquita, Giba
Assis Brasil, Leandro Saraiva, Nelson Hoineff, Newton Cannito, Eduardo
Escorel e João Salles); e pela Oficina para Desenvolvimento de Projetos do
DOCTV III (que contou com a participação de Geraldo Sarno, Giba Assis
Brasil, Eduardo Escorel, Cristiana Grumbach e Ruy Guerra).

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