Por Bruno Sisdelli e Mirela Dias
É impossÃvel falar de cenário musical independente em Bauru sem mencionar o rap. O hip hop figura como um dos movimentos culturais mais ativos e articulados da cidade, o que faz dela um campo propÃcio para o surgimento de rappers. Nos últimos anos, artistas como Coruja BC1, Dom Black, D'Bronx e Thigor MC – só para citar alguns nomes – vêm conquistando espaço e respeito no meio da música bauruense.
Sem acesso a grandes recursos para promover e dar suporte à sua arte, essas pessoas dependem em grande parte delas mesmas e da ajuda mútua para conquistar esse espaço. Vivem a batalha incessante do autoinvestimento, vão às ruas pessoalmente para vender seus discos e encontram na internet uma ferramenta fácil e eficiente de divulgação. Além disso, contam com a participação de um aliado importante na luta pela valorização do movimento: a ONG Acesso Hip Hop.
Reconhecida como Ponto de Cultura pelo governo federal desde 2011, a ONG tem o objetivo de promover a inclusão social por meio do hip hop. Isso acontece principalmente através de iniciativas que procuram dar a artistas locais a oportunidade de expressar sua criatividade. Além de realizar eventos como a Semana Municipal de Hip Hop, que acaba servindo para dar visibilidade à produção artÃstica do movimento local, o Acesso fornece espaço para ensaios, ajuda com gravações e dispõe de um estúdio audiovisual para a produção de videoclipes. “Bauru vem num momento muito bomâ€, afirma Renato Moreira, coordenador do Ponto de Cultura. “A gente criou um espaço dentro da cidade que permite que os artistas consigam caminhar de forma independenteâ€.
“Vale a pena ser artista independenteâ€
O grande protagonista do atual contexto do rap bauruense é Coruja BC1. Prestes a completar 19 anos de idade, o garoto realizou conquistas invejáveis ao longo do último ano, a partir de quando lançou o disco de estreia Até surdo ouviu. O clipe da música Não posso murmurar ultrapassou as 70.000 visualizações no YouTube. Hoje o rapper tem 1800 fãs no Facebook e 40.500 seguidores no Twitter. O público comparece em massa aos seus shows, pede por canções favoritas e grita em coro os refrões. E o reconhecimento também vem de fora, e com peso: recentemente, Emicida usou o Twitter para compartilhar o clipe de Não posso murmurar e elogiar o artista do interior.
Independente mas nunca sozinho, Coruja reconhece a importância da participação de outras pessoas em sua carreira para ter chegado até aqui. “No começo era tudo eu. Agora tenho pessoas por mimâ€. A pequena equipe de fiéis escudeiros conta com responsáveis por técnica de som, videomaking, comunicação e produção – quem cuida da última área é Renato Moreira, que agenda os shows e funciona como uma espécie de lÃder do grupo. “Facilitou para mim essa parada de cada um ter uma função dentro da equipeâ€, afirma Coruja.
O rapper comenta a batalha de ser independente e ter que se preocupar em investir na própria carreira: “Tudo o que a gente conquista, a renda, é a gente mesmo que investe para a gente mesmo ter retornoâ€. Esses investimentos incluem a compra de CDs para gravação, confecção de camisetas, a correria para vender discos e agendar shows e daà por diante.
Mas todo o esforço e todo o suor compensam para Coruja BC1, que deixa clara a satisfação com os resultados que vem obtendo. “Vale a pena ser artista independente, levar a música sinceraâ€, diz. “Eu fico feliz por tudo o que a gente está construindo humildemente e por onde a nossa música conseguiu chegarâ€.
Confira também a cobertura da etapa local do Festival Grito Rock Bauru!
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