IZABEL BENZEDEIRA/INDIOS KRAHÔS Grande reencontro

Sinvaline Pinheiro
Dona Izabel com caciques Krahôs
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Sinvaline · Uruaçu, GO
28/7/2013 · 1 · 0
 

IZABEL BENZEIRA/INDIOS KRAHÔS -Grande reencontro

A Aldeia Multietnica recebe varias tribos dentro da programação do XIII Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros.

Nessa oportunidade todos se encontram: turistas, indigenas, quilombolas, hippies e a comunidade cultural. Porém nessa manhã houve um reencontro emocionante: Dona Izabel Benzedeira da cidade de Uruaçu com os krahôs.

Dona Izabel quando pequena foi rejeitada pela familia por ser segundo eles, louca. Depois de ficar amarrada varios dias fugiu e foi por esse mundão.

Encontrou abrigo na aldeia krahô que nessa época ainda perto do rio Maranhão. Foi acolhida e por lá ficou muitos anos. Como não sabia seu nome os indigenas a apelidaram de Perdida e assim ela viveu e cresceu com a familia Krahô. Com o passar do tempo pegou a estrada de novo e nunca mais soube noticia deles, porém o sonho de reencontrar o povo krahô ficou com ela.

Usou a sabedoria indigena e tudo que aprendeu com eles para sobreviver o que marcou sua trajetoria de vida como a benzeção, curas com plantas, acolher crianças e ela se tornou Izabel Benzedeira fincando raizes na cidade de Uruaçu.

Criou 14 filhos adotivos, crianças que eram abandonadas em sua casa. No passado havia o costume de dar os filhos quando não havia recursos para alimenta-los.

Ao integrar o grupo de Grupo de Folclore Serra da Mesa surgiu a oportunidade de estar na Aldeia Multietnica na Chapada dos Veadeiros e reencontrar o povo krahô, sua familia também.
O primeiro contato foi de dúvida, os indigenas falavam entre si na lingua krahô até que foram chegando e quando o lider Getulio Krahô se sentou com ela ai vieram as lembranças de aproximadamente 70 anos de história.

Getulio Krahô era criança bem pequena porem se lembrou do apelido que deram a ela , Perdida. Foram aproximando todos falando ao mesmo tempo, dona Izabel chorava e Getulio Krahô citando nomes, detalhes que ainda se lembrava daquela época.

O dialogo foi extenso:

- Cê lembra dela, comprava muita rapadura pra nois...

- Uma famia muito grande era bem uma vinte leguas, e ai eu sai andando, por isso eles me chamavam de Perdida, e ai encontrei o menino pequeno o Toinho, desse tamanho assim e me levou, vamo embora pra tatui...

- Eles esta onde?

- Esse desapareceu muito tempo, so o tempo veio, quando chego nos lugar antigo, eu pergunto pela sadona que criava o veio Penon, o Mane Perto

- Sim a Sadona, tem outro... esqueci, a Perdida era eu

- De muito tempo ne, mas esse povo ta tudo esparramado

- Que dó, eu doida pra te ver , ver oceis tudo...

- Eu ja to cacundo mais, tanto peso que eu carrego nas costas, chamou oce de Perdida pruque foi jogada fora...

- Mane Perna, Sadona, veio Penon, veio Davi, pegou a perdida... a gente vai esquecendo...

- Eu nao esqueci não, tem muitos anos que quero vir, foi criado tudo junto, muitos anos que não via...

- Bom que a gente conheceu , tem não tem mais os veio, não tem quem vai indicar o caminho do tronco, ta todo mundo perdido. tem tanto kraho esparramado por todo canto, aonde perde é por isso...

O dialogo as vezes incompreensivel para quem ouvia porem a conversa entre eles se misturou na lingua krahô e rompeu a manhã; uma manhã emocionante marcando o reencontro de uma história de amor.

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