não por acaso: trânsito, sinuca e omelete

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.lucas guedes · São Paulo, SP
22/6/2007 · 19 · 0
 

por .lucas guedes, em http://condussao.blogspot.com

quando li uma matéria sobre o filme não por acaso, cujo título era “rodrigo santoro estrela o drama”, fiquei um pouco receoso. obviamente, pensei, é apenas uma estratégia de marketing para atrair mais espectadores para um filme brasileiro. não me enganei, porque santoro não estrela nada e ninguém estrela nada naquele filme porque nenhum ator se sobressai ao outro.

não por acaso, de philippe barcinski, é um dos filmes mais inteligentes que vi. primeiro porque foge do senso comum cinematográfico brasileiro que, se não fala da miséria/sertão do nordeste, fala da miséria/favela no rio de janeiro ou então da miséria/violência de são paulo. depois, porque são poucos os filmes em que pude aprender coisas essenciais como, por exemplo, fazer omelete, jogar sinuca, a diferença do café produzido na bahia e no espírito santo e quantos segundos um semáforo leva para fechar e abrir.

o drama acontece em são paulo e traz leonardo medeiros como um engenheiro de trânsito, apaixonado pela ex-amante, mônica e pai de uma garota de dezesseis anos que não o conhece. rodrigo santoro fabrica mesas de sinuca, joga sinuca e mora na fábrica de sinuca com teresa, que morre atropelada pelo carro em que está mônica, que também morre no acidente.

e é assim que se desenrola o filme, com emoção, silêncios, diálogos concisos, bela trilha sonora, sem exageros e com atuações marcantes. destaco o trabalho de leonardo medeiros, já conhecido por seu trabalho no cinema em lavourarcaica e cabra-cega, e no teatro, em avenida dropsie, quando fazia parte da sutil companhia de teatro, numa montagem que até chuva tinha, em pleno palco do teatro popular do sesi. inesquecível.

outros dois trabalhos primorosos são o de branca messina, que morre no começo do filme e de rita batata, filha do personagem de medeiros. Ambas são de uma naturalidade incrível e deixam suas marcas mostrando que são atrizes talentosas. vale lembrar que vieram do teatro.

em não por acaso, conseguimos perceber que a vida não é como um jogo de sinuca, nem como o trânsito, em que é possível prever, controlar e mudar o que pode acontecer se darmos um passo a frente. ou recuarmos.

ou simplesmente ficarmos parados.

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