Falo de um tempo em que Marilyn, OdÃlia, poetas (entre eles, Otinho), meretrizes, pivetes, mendigos, balconistas, notÃvagos e habitantes da esbórnia em geral se viram personagens na "Invenção da Saudade" (1983). O palco? Praça Oito, Costa Pereira, Rua Sete, Jerônimo Monteiro, Duque de Caxias, Esplanada Capixaba (Antigo Mercado) e Vila Rubim, passando por lanchonetes, calçadas, bares, boites, bondes que não mais existiam e remédios fora de catálogo, ou seja, tudo o que faz a vida acontecer no universo da "Rua", o itinerário daqueles que acordam de suas fantasias com "O Sol no Céu da Boca" (1980). Também não se pode esquecer que – simultâneo a essa odisséia – escreveu a "História do Cinema Capixaba" (1988), resultado de 10 anos de pesquisa com depoimentos e fotos, publicado após sua morte, assim como, "Um Minuto de Barulho e Dois Poemas de Amor" (1994).
Sim, estou falando do escritor premiado em diversos concursos nacionais, contista, cronista, jornalista e genial Fernando Tatagiba, nascido aos 18 de maio de 1946, em São José do Calçado-ES e falecido aos 30 de março de 1988, em Vila Velha-ES. Mesmo reverenciando e confessando-se admirador de Campos de Carvalho, Joyce, Gorki, Cortazar, Kafka, Tostoi e Dostoievski, Fernando Tatagiba tem um estilo forte e pessoal, principalmente, por tê-lo adquirido nas ruas, a partir da observação dos acontecimentos, com personagens verdadeiras, na carne e no osso do dia-a-dia encharcado de povo, de pessoas simples, de gente da esquina e da praça. Parece fácil, mas não é, porque estes são apenas os ingredientes, porque Fernando Tatabiga é o autor por excelência, sua obra é literária no melhor e mais preciso dos sentidos.
Em sua obra, Fernando Tatagiba, abole as fronteiras entre o sentimento e a razão, assim como, entre a imaginação e o senso crÃtico, pois – apesar de dominar a técnica – seu trabalho rompe com as meras classificações de gêneros em função de uma vida que se manifesta pela pulsação. Não é por acaso que ele acreditava na necessidade da literatura capixaba abandonar de vez as historinhas de famÃlias descendentes de italianos, bem como, "o bom mocismo dos sonetos, das trovas, do Convento da Penha, do Dia dos Namorados, das Mães, do Natal, dos pontos turÃsticos, dos cartões postais..."
O escritor capixaba, elogiado por Jorge Amado, João Antônio, Rubem Braga, VerÃssimo de Mello, O Globo e Folha de São Paulo, era um homem do mundo, um homem das ruas, e deixou inéditos, os seguintes livros: AbsurdÃssimos (contos), Os Grandes Momentos do Cinema (escritos inacabados), A Ãrvore dos Sonhos (infantil), Média Sociedade (humor), O Circo Chegou – Memória do Circo no Estado do EspÃrito Santo (escritos inacabados) e Do Canto do Coração (poesia).
Wilson Coêlho é escritor, dramaturgo e professor de filosofia e ciência polÃtica.
Eu estou votando rapidinho. Mas vou voltar pra reler.
Este tipo de Historia de pessoas que verdadeiramente fizeram a nossa Historia deveria ser mais contada, mais relembradas, e mais discutida
um abraço,
andre.
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