Quem é Elena?
por Julio Cruz
Acredito que uma subjetividade tão sublime quanto Elena só pode ser tratada em crÃtica com uma tentativa de subjetividade que tenta ser, mas obviamente não conseguirá, tão tradutora de uma afronta tão grande à s dores pessoais de quem escreve o texto. Uma vez me foi dito por algum professor, do qual não me recordo, uma tentativa de funcionalizar a arte que singelamente sintetiza em partes o que sinto ao vagar pelas ruas vazias e gélidas, iluminadas por postes laranjas e uma lua cheia de inverno, de um domingo a noite em Belo Horizonte após assistir o filme pela primeira vez. Pra ele, traduzindo e colocando algo próprio pela pouca memória que tenho, a arte se encontra numa poética de rimar a dor própria com a dor do outro, e de fazer surgir desse sincretismo uma experiência do artista que renasce e se ressignifica no outro. É uma consonância em que Elena (a personagem) se torna cada espectador e uma pessoa em especial que tenha marcado a vida de cada um. E dessa forma, Petra, diretora do filme, se torna um amalgama do misto da vivência própria e da dor da perda, em que ela se torna um reflexo. Mas ao invés de se tornar um reflexo objetivo de um espelho, ela se torna um reflexo turvo, que se modifica a cada investida externa, como a imagem refletida em um lago.
Acho interessante discorrer de forma mais subjetiva e menos crÃtica, talvez, sobre o emaranhado de coincidências e processos mentais que influenciaram na minha leitura, de maneira pessoal, sobre o filme, pra depois chegar na parte mais institucional, se é que Elena pede essa institucionalização. Depressivo crônico, talvez, o dia de hoje foi marcado por um processo de uma crise depressiva um dia atrás que me acordou à s 5h30 da manhã após ter passado um dia entre a reclusão e as abstrações de uma piscina que existe em casa. Da piscina tem-se uma visão maravilhosa de toda uma parte de Belo Horizonte que nessas horas de aflição se tornou uma experiência de pura catarse e poética. Também, ontem, foi a primeira vez que cheguei a tocar a água da piscina de uma forma mais Ãntima, que tirei os tênis e me fiz sentir a água com a planta dos pés. Foi um dia onde me peguei a observar e tentar compreender a extensão do meu corpo, para dar conta de onde poderia vir todo esse desequilÃbrio emocional e tentar, por intermédio de uma dança pessoal, expressar algo que meu corpo tentava pedir e eu não sabia por onde começar. Então, após uma meditação, algo tentado e mal executado pela primeira vez, toquei a água da piscina e comecei a refletir sobre o efeito que eu causava nela e ela causava em mim. Vi as ondas que meus toques causavam, as correntes que se formavam, e as gotÃculas que permaneciam na minha pele e como uma parte daquela água, mesmo que mÃnima, nunca retornaria ao estado que se encontrava antes de meu toque na água. Pensei em como aquilo poderia dizer algo sobre mim, sobre tudo aquilo que já vivi, pessoas com quem conversei, com quem briguei, xinguei, amei, acariciei, abracei, senti, enfim, por tudo aquilo que me tirou daquele estado em que me encontrava para um estado novo, do qual nunca mais retornarei. Foi um encontro após uma busca de uma forma de equilÃbrio que nunca havia tentado recorrer antes. Depois disso, desci, tomei um remédio de dor de cabeça, terminei uma demanda e fui para a cama ver filmes, a procura de outro equilÃbrio, dormindo sem querer aos 30 minutos do primeiro filme e acordando à s 5h30 da manhã do dia seguinte.
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