A partida (A partir da ida)

Ao que percebe as voluptuosas curvas de sua ilusão... o distraído treme, se assusta, e deixa escapar uma lágrima solitária, partindo em direção ao chão para ali ser esquecida.

Transformada em lembrança, evaporando a cada acontecimento novo que a faz aprofundar-se ainda mais na omissão de sua existência...

Perdido, por opção, o distraído se contem ao chorar, pois vê que não há o por que. Pega sua camisa e sai com a lua em seu ombro.

Com um olhar maltrapilho contorna os buracos da estrada, acende um cigarro e tenta sorrir.

Seu dragão de sete cabeças ressentido da não-importância a ele dada, ergue as asas e sobe em seu vôo, pousa ao longe desistido da batalha, conformado com a inércia dos lábios em sorriso falso de seu inimigo... apenas tenta entender.

E duma vingança sem honra o distraído decide viver, nutrindo-se de risos, abraços e afagos. Silenciando seu grito com a fumaça. Acalentando feridas com a água ardida. Abrandando o ócio da depressão com a companhia das demais ilusões...