DEPOIS DAQUELE DIA

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Naquela manhã de terça-feira, estava o maior rebuliço na aula de História do 8oB, do colégio Nossa Senhora de..., minutos antes de começar; a professora Cristina ainda não tinha chegado. Só se falava na manifestação que iria acontecer no Campo Grande, à tarde.

“A gente tem que ir. Deve ter muita gata por lá�, anunciou Marcos, no fundo da sala, abrindo um sorriso entusiasmado e galhofeiro. Ulisses, Bruno e mais dois deram risada, concordaram.

Nádia, que estava duas carteiras à frente, conversando com outra menina, virou-se para trás. Primeiro, ela os encarou, com toda a certeza do que fazia, e depois falou baixo, devagar, com uma ironia sibilante: “Mas vocês são umas coisinhas mesmo... A gente vai lá pra poder botar aquele sacana do Senhor Presidente pra fora, isso sim. E não ficar fazendo festa�. Quem estava próximo, em suas próprias conversas sobre a manifestação, parou para assistir.

“Nádia, nadinha na minha vida...� Marcos respondeu, os outros meninos formando uma platéia de apoio discreta. “Que tal se você ficasse aí, eu ficasse aqui e tudo ficasse certo?�

Nem ela nem ele falaram mais nada. Parecia que os dois estavam pagando para ver quem piscava primeiro.

Ulisses encarava Nádia, porque não tinha outra coisa a fazer, com um medo danado de ser o próximo alvo dela.

“Bom dia�, disse a professora Cristina rapidamente, chegando agitada. A maioria da sala entrou em alerta. “Desculpem o atraso.�

“Idiota�, disse Nádia para o rival, e se virou para frente.

Marcos deu uma risadinha de vilão de desenho animado.