Confesso. Eu sou a imitação da rosa. E é muito enigmático porque clarice me chegou um ano depois dos trinta, nesse outubro mais precisamente. Embora desde sempre eu humildemente a pressentisse em mim. [Como foi dito.] Ainda que seja quase impossÃvel não haver orgulho em pressentir-se clarice, podendo mesmo constituir isso em uma soberba inutilidade. O volume pequeno cheira a gordura e a guardado alternadamente. E não é possÃvel abri-lo de todo, de forma que as palavras do fim de umas e do começo de outras linhas escorregam para o abismo das coisas que nunca vou saber. Da mesma forma não pressenti o conto, que levei quase o mesmo tempo pra viver. Assim, estranhamente, já sou duas vezes clarice. Uma porque a tenho em mim como sina. Outra porque dormi ao som dessa canção que ela compôs, sem nem ao menos tê-la ouvido. Imitar a rosa foi antes de ser uma escolha um ser escolhida. O conto que de fadas não tinha nada. A rosa como eu a compreendo enrolou-se em mim e passei muitos dias sendo flor. Agudamente. Como laura e sua golinha de renda creme no vestido marrom. Assim, clarice me descreve, as letras flutuando na gordura perfumada que mancha as páginas antigas. Agora, não, que os dias de pétalas já se foram e sou apenas eu com um cheiro de rosas imaginárias que muitas vezes me dá ânsias. Ânsias que me fazem rolar pela cama em sonhos como os daqueles dias. Mas que me garantem ser eu mesma ao acordar. E, sendo assim, poder corar de prazer [como as goiabas] por [finalmente] ter clarice em minha vida.
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