Feito à base de arroz e galinha, a canja é, com certeza, um dos pratos mais populares da nossa culinária tupiniquim. "Dar uma canja", por sua vez, é uma expressão forte e também muito usada nos meios musicais do Brasil. Esses foram os principais motivos que levaram o André a batizar o CD com esse nome.
Em primeiro lugar, ele se preocupou em utilizar ritmos tão populares quanto à própria canja de galinha, e diretamente ligados ao gosto e ao anseio do povo brasileiro: samba, baião, maracatú, choro, frevo... E para temperar a "sopa", usou ingredientes importados como a salsa e o jazz.
A versão de "Disparada"(Théo de Barros e Geraldo Vandré) apresentada aqui é uma fusão do baião brasileiro com a salsa caribenha. Além da instrumentação formada por instrumentos tÃpicos desses dois estilos, a canja do Jair Rodrigues cantando a introdução a capella enriqueceu muito o arranjo.
Como o próprio nome já diz, "Luz do Sol" de Caetano Veloso é, sem dúvida, um momento muito iluminado na história da MPB. Tomando como parâmetro as interpretações melancólicas de blues e baladas românticas feitas pelo saxofonista John Coltrane, ou pelo vibrafonista Milt Jackson do Modern Jazz Quartet, o Juarez criou um arranjo jazzÃstico para essa que é uma das obras mais lÃricas do nosso cancioneiro popular.
Na pianÃstica composição "Apanhei-te Cavaquinho" de Ernesto Nazareth, a sonoridade nÃtida da marimba prestou-se melhor aos rápidos contornos melódicos do maxixe. Cavaco, pandeiro e violão de sete cordas entraram em acordo e se fundiram muito bem ao som desse exótico instrumento. A gravação dessa música deu origem ao Regional Gato Preto, grupo atuante na noite paulistana.
Com seu instrumento afinado em Ré, o mestre capoeira Dinho Nascimento dá o tom aos poderosos afro-sambas de Baden Powel e VinÃcius de Moraes "Berimbau/Consolação". O arranjo foi inspirado na versão calorosa que VinÃcius e Toquinho gravaram em "O Poeta e o Violão". Transformado aqui em música instrumental, vibrafone e piano tentam imitar o diálogo entre essa dupla histórica da MPB
O André Juarez Quarteto apresenta-se regularmente na casa paulistana de espetáculos All of Jazz. Em 2004, durante a pesquisa fonográfica que teve como objetivo prestar, nessa casa, um tributo ao pianista norte-americano Bill Evans, o Juarez constatou a semelhança existente entre a música "I´ll See You Again", gravada em seu álbum "Trio 64", e o sucesso de carnaval de Zé Kétti "Máscara Negra". A partir disso, transformou marcha-rancho em jazz-valsa e, em homenagem a esse grande compositor brasileiro (com quem trabalhou), incluiu essa maravilhosa composição no repertório do seu Quarteto.
Utilizando a sonoridade modal caracterÃstica da música do Nordeste, Osvaldinho do Acordeon abre "Expresso 2222" de Gilberto Gil e Dominguinhos com um solo em clima clerical. Novamente aqui, o arranjo é uma fusão de baião com salsa, e são utilizados os instrumentos tÃpicos desses dois estilos musicais: acordeon, triângulo e zabumba do baião; e piano, congas,
timbales, güiro e claves, da salsa. A marimba, no papel de solista, funde essa união sonora e age como "diplomata" na relação musical entre Brasil e Cuba!
Fã incondicional de João Gilberto, Juarez incluiu na presente gravação uma música do repertório desse Ãcone da música brasileira: "Pra que Discutir com Madame" (Haroldo Barbosa e Janete de Almeida). Fazendo referência à letra dessa música, o CD termina com a participação calorosa da Bateria da Escola de Samba Rosas de Ouro, grupo do qual o André participou como percussionista durante muitos carnavais.
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