Uma pequena parábola (Parte 1.)

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Cafa Sorridente · Belo Horizonte, MG
8/11/2008 · 44 · 1
 

Os habitantes de Vinulosh, antigo reino oriental pré cimeriano, foram os primeiros a temer isso.

No tempo em que enormes montanhas de cristal melindravam o olhar de seus orgulhosos moradores, Juliaz Vinishd, famoso oráculo teve uma visão, após o contato com a planta sagrada, Binihuloghat.

“Eu vi povo de Vinulosh, o dia em que não haverá mais espaço para o agricultor plantar. Não haverá campos a serem arados. Todos os rios estarão cheios de banhistas. E nossa Pólis, não será mais composta por espaçadas torres, e sim por pequenos cúbiculos hiper lotados. Onde hoje vivem cem, amanhã terão de residir mil. Urge que sejão tomadas providências.â€

Acontece que Juliaz Vinishd, tinha grande influência sobre o imperador rei daquela terra. Muito impressionado, o magnânimo Terezio Plumfadolic, soberano de toda a terra limítrofe ao Shangri-la, decidiu por bem convocar seu conselho de especialistas. “O que faremos quando não restar mais espaço em nossa terra?†Especialistas em vida, astros e minérios pensavam sem fim numa solução, porém resposta alguma cativava o caprichoso monarca.

Foi Sunesca, preferida entre as 700 ninfas esposas de Terezio, quem teve a idéia que ao imperador pareceu mais engenhosa:

“Amado sol de minha vida, se a razão de sua consternação é o desmedido aumento exponencial de nossa população, devemos restringir de alguma maneira essa crescente. Façamos assim: que seja proibida a a reprodução. Viverão os que já estão vivos, e que nosso reino não seja maculado pelo balbuciar da voz dos infantes. Ao invés de gastar tempo com cuidados aos nenéns, cuidemos de nossa diversão.â€

Foi então realizado um grande holocausto, um tremendo morticínio de todas as crianças. Os velhos se sentiam vingados, pois pela primeira vez na história não seriam substituidos pelos mais jovens, e sabiam que teriam a primazia da vida.

Muito alegre todo o povo de Vinulosh ficou por vários centenários, por mais que pequenos fantasmas insistissem em incomodar as noites de esbórnia daquele povo. Mas no fim da vida de Juliaz Vinishd, o prófeta ébrio teve um profundo e sem fim suspirar. Durante mais de sete semanas, seu suspiro espalhava-se pela terra. Em sua cama, várias concumbinas e escravos, choravam pelo grande sábio. O próprio imperador Terezio foi até o ponto de seu martírio, e perguntou:

“Ó Juliaz, porque tanto suspira em seu momento de partida? Os fantasmas infantilizados e cabeçudos de nossas crianças esperam para levar-te. Então, por que retarda seu momento com esse profundo gemido?â€

Respondeu Juliaz, não sem antes dar um grosso mugido.

“O querido amo, se soubesse mais cedo, o que concluí só nesse meu momento de partida, poderia ter feito minha parte. A morte de todas as crianças foi insuficiente. Ainda somos muitos. Todo o esforço do Estado deve ser dirigido a exterminação do homem. Enquanto formos mais que zero, seremos uma infinidade. Crie enquanto é tempo, o ministério da erradicação humanaâ€.

E com esse conselho, esvaiu-se em vida Juliaz, o maior entre todos os grandes oráculos de Vinulosh. Suas unhas arranhavam o mármore de sua casa, enquanto ele era arrastado por diminutos diabretes. Seus incontáveis amantes pranteavam grande quantidade de água, que formavam pequenas ondas, jogando contra a parede seus precisoso móveis e objetos.

O imperador, que nunca foi um homem de grandes ponderações, acatou o úiltimo conselho de seu profeta. “Pois bem, que façamos a luta de homem contra o homem. E que nenhum apreciador da beleza, descanse enquanto houver um igual a lhe turvar a vista.â€

E foi assim que Terezio Plumfadolic, primeiro imperador sol de Vinulosh, criou a guerra, com o intuito de reduzir a população humana de seu reino.

(continua)

Sobre a obra

A Nova Transa do Cafa Sorridente de hoje inicía a série de publicações de originais do Cafa Sorridente com:

Uma pequena parábola (Parte 1.)

relato oriental sobre a criação da humanidade.

Veja em:

http://cafasorridente.wordpress.com/2008/11/06/uma-pequena-parabola-parte-1/

Veja mais em: (com imagens e hiper links)

A NOVA TRANSA DO CAFA SORRIDENTE

CULTURA
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Autoria
DJ Cafa Sorridente - (Luciano Márcio de Moraes Chacur)
Ficha técnica
pequeno conto feito as pressas para meu blog A Nova Transa do Cafa Sorridente.
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O NOVO POETA.(W.Marques).
 

muito bom.votado.

O NOVO POETA.(W.Marques). · Franca, SP 10/11/2008 16:12
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