A Cia Dani Lima foi contemplada pelo Programa Petrobras Cultural - Manutenção de grupos e companhias de dança. Ele permitiu ao grupo e à coreógrafa desenvolver essa pesquisa por dois anos. Referência no cenário da dança contemporânea brasileira e fundadora do grupo Intrépida Trupe, a coreógrafa e bailarina Dani Lima está de volta ao palco com um projeto centrado no estudo sobre os gestos e seu papel na formação das subjetividades. Em “100 gestosâ€, a proposta inicial de mapear os movimentos corporais emblemáticos que construÃram o século XX deu lugar a um inventário onÃrico das memórias inscritas nos corpos dos bailarinos. - “100 gestos†transita dos requebros de quadris do rock dos anos 50 à comunhão eletrônica das raves,
de Isadora Duncan a Michael Jackson, da elegância marcial ao exagero kitsch, do modernismo ao videogame, do indivÃduo ao coletivo, num caleidoscópio de gestos icônicos, ações cotidianas, intenções, posturas e trejeitos. Uma visão fragmentada e mestiça dos movimentos do século, que ganha unidade na presença dos bailarinos, que entram em cena apoiados em sua própria história corporal – diz Dani Lima.
Com um grupo de seis bailarinos vindos de diferentes pontos do globo e com distintas formações no campo da dança, Dani Lima aposta na heterogeneidade da equipe e no seu “apetite inventariante†para mostrar a representatividade do gesto na construção das subjetividades. Os bailarinos Carla Stank, Eleonore Guisnet, Lindon Shimizu, Rodrigo Maia, Thiago Gomes, Tony Hewerton estiveram envolvidos no projeto desde o seu inÃcio, há dois anos, e foram fundamentais na construção das histórias que se inscrevem no espetáculo.
O medo, a sensualidade, o romance, a perda, a delicadeza. Os gestos transformados em coreografia traduzem os sentimentos vividos pelos atores ao longo de suas vidas. O espetáculo se construiu a partir da soma entre o inventário pessoal de cada um deles e o inventário de gestos marcantes do século XX.
Dani partiu da história de cada um para chegar ao espetáculo final. Palavras em japonês ditas pelo bailarino nipo-brasileiro, por exemplo, só ganham sentido para um público que não fala a lÃngua a partir dos gestos que as acompanham.
- Segundo o filósofo Umberto Eco, em seu recente livro “A vertigem das listasâ€, só uma sociedade em crise faz inventários e listas para tentar se entender, é uma necessidade de organizar as coisas. Eu me sinto totalmente nesse lugar. Até onde vai a dança? Do que se trata um gesto? Todo gesto (e toda dança) é uma “tomada de partidoâ€? Só que o ato de inventariar nem sempre passa pela enumeração e pela
classificação. Existem os inventários caóticos, como os processos da memória e dos sonhos, que misturam experiências e referências a partir de critérios subjetivos e muitas vezes inconscientes. “100 gestos†é certamente um desses†- completa Dani.
Outros desdobramentos além do espetáculo de dança - que estreia em julho no Rio de Janeiro, no Espaço Cultural Sérgio Porto -, será lançado até o fim do ano o livro “Práticas do gestoâ€, que reúne entrevistas com pesquisadores e artistas sobre o tema, além de referências e registros garimpados ao longo de 1 ano de pesquisa. O
objetivo de ambos os projetos é dar visibilidade à dança, às atitudes e aos comportamentos que nos marcaram nos últimos 100 anos enquanto gestos transformadores das formas de ser e atuar no mundo, em mão dupla com o contexto histórico e social.
Diferentes profissionais participaram do desenvolvimento do projeto “100 gestosâ€. “Nossa proposta sempre foi de compartilhar esta pesquisa com o maior número de pessoas possÃvel. O gesto do trabalho era também um gesto de partilhaâ€, conta coreógrafa. O grupo de estudos sobre o gesto iniciou suas atividades em maio de 2011, com encontros semanais coordenados pela pesquisadora de dança Silvia
Soter. E durante todo o processo, o trabalho recebeu visitas colaborativas, como o pesquisador francês Christophe Wavelet, que atuou na coordenação das entrevistas que compõem o livro, o diretor Alex Cassal, que assina a dramaturgia do espetáculo junto com Dani, além de uma série de coreógrafos como João Saldanha e Andrea Jabor, entre muitos outros, que contribuÃram com o projeto ministrando aulas
e oficinas para a companhia e abertas à comunidade carioca. Todo o processo pode ser revisitado pelo público no blog e na rede social do projeto www.facebook.com/100gestos e no site da companhia http://www.ciadanilima.com.br/.
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