Mistério em Macapá (Parte II)

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PauloZab · Macapá, AP
25/3/2006 · 73 · 0
 

Enquanto os trabalhos de perícia eram realizados Cooki Suzuki aproveitou para dar uma olhada no terreno. Desde sua chegada, há pouquíssimo tempo, ele aproveitou para levantar algumas hipóteses, mas internamente já tinha suas próprias conclusões. "Trata-se de uma tentativa de furto mal sucedida" - imaginou conclusivamente. Ele não conseguia aceitar a possibilidade de um matador de aluguel deixar a arma no local do crime. A janela do quarto aberta também era um elemento que reforçava esta tese. "Provavelmente o assaltante se assustou quando viu a vítima sair do banheiro" - resmungou ele enquanto procurava na cerca elétrica algum vestígio por onde o bandido poderia ter passado.
O Detetive também não conseguia compreender os motivos que levaram pessoas tão importantes e influentes a ligarem pra ele no início da noite em uma missão em um lugar que ele só conhecia pelos livros de geografia e um ou dois documentários. Ele praticamente fora colocado a força em um jato particular que fez pouquíssimas escalas e em menos de três horas já estava no Amapá. "Desvendar o caso de um indiozinho de 25 anos que foi morto por um comedor de açaí sem granolas! Este só poderia ser coisa de um inimigo meu" - esbravejou. Ele aproveitou e foi até a parte externa que dá na saída da janela da sena do crime, pois "era o único lugar onde o criminoso, assustado, poderia ter saído". Não queria pensar em muitas possibilidades, pois estava quase certo de suas conjecturas. Só aguardava o resultado dos exames para formalizar tudo. Olhando para o piso ele não conseguiu ver marcas que, no caso, poderiam ter sido criadas pelo peso do assassino em sua fuga, viu apenas umas rachaduras nada recentes. Estranhou também o fato de não ter encontrado marcas de rompimento dos fios da cerca elétrica e nem arrombamento nos portões. Mas para isso existiam dezenas de explicações.
Distante em seus pensamentos que hora variavam entre suas curiosidades de investigador e hora pelo seu desprezo pela situação ele é chamado por um policial que se encontrava no interior da casa. Ao entrar o Detetive se depara com uma senhora que aparentava ser a mãe da vítima. Ele já a havia visto na chegada, mas não deu maior atenção, pois ela estava dando depoimento.

- Estamos encerrando nossas perguntas, o Senhor gostaria de tirar alguma dúvida com ela? - perguntou o Policial que estava com a prancheta.
- Não, estou certo que ela apenas escutou o barulho do tiro, não foi?
- Foi! - respondeu a mulher soluçando.
- Ok, me passe este depoimento gravado depois - disse Suzuki ao Policial - A senhora tem onde ficar hoje?
- Sim, tenho - respondeu.
- Então já pode ir.

A mulher, Luíza Juçara Santana, olhou para todos aparentando esperar mais perguntas, ao mesmo tempo em que parecia meio triste por não poder ajudar na busca do responsável pela morte de seu único filho. Sem perder mais tempo ela levantou e dirigiu-se para seu quarto a fim de arrumar uma mala quando foi interrompida pela voz grossa do Detetive:

- Só mais uma coisa, os portões costumam ficar abertos?
- Em momento algum - respondeu firmemente - mas temos dispositivos nos quartos que abrem o portão menor. Pablo sempre usava quando chegava algum amigo ou quando saía pela janela sem ser visto.
- E desde quando ele saía desta forma? - continuou, interessado, o Detetive.
- Na verdade, quando instalamos os dispositivos há três anos ele fazia isso muitas vezes, segundo o vizinho, mas de uns seis meses pra cá ele mal saía. Recebia os amigos em casa.
- Obrigado então, Dona Luíza Júlia, descanse e fique certo que resolveremos este caso facilmente - afirmou tentando parecer cortês.
- É Juçara - corrigiu - E muito obrigado por ter atendido ao pedido do meu marido - disse ela e se dirigiu finalmente para o quarto.

*(continua nos próximos dias)

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