O caldeirão trash da Bruxa do Cemitério

Semi Salomão em "Envolvimentos Perigosos"
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Evandro Bonfim · Rio de Janeiro, RJ
6/8/2008 · 89 · 1
 

Pouca gente sabe, mas o Brasil tem um cinema trash underground para além dos mestres Zé do Caixão e Ivan Cardoso. Eu estou agora ansioso pela continuação do para mim já clássico Bruxa do Cemitério, escrito, produzido, dirigido e interpretado pelo realisáteur paranaense Semi Salomão Neto.

Assisti ao Bruxa do Cemitério I em uma das maratonas cinematográficas do Cine Odeon. No mesmo dia acontecia a pré-estréia de “Cheiro do Ralo”, anunciado por Selton Mello como produção independente que custara módicos 30 mil reais. Depois apareceu Salomão apresentando seu filme com um orçamento de 1.000 reais! Enquanto a bruxa paranaense não volta, acompanhem abaixo a entrevista com o cineasta de nome cabalístico.

Como surgiu o interesse por cinema e por combinar elementos fantásticos e sobrenaturais com certa crítica política e humor?

Semi Salomão - O interesse pelo audiovisual em geral surgiu na infância. Eu já tinha uma identificação muito grande por filmes que abordavam o sobrenatural, fantástico e demais filmes surrealistas como “Fúria de Titãs” (1981), com os efeitos Stop-Motion de Ray Harryhausen. “Simbad” e outros filmes deste gênero foram fundamentais para a minha vontade de fazer cinema.

Quanto as combinações eu sempre digo que eu não busco refêrencias e sim eu tenho meu estilo próprio e vejo as coisas de uma ótica diferente da maioria. Por isso dentro das temáticas dos filmes deixo a imaginação e a criação (meu ponto forte) fluirem livremente, e é claro, sempre que possível, incluindo campanhas sociais como o desmatamento da Amazônia que abordei no meu ultimo filme “Envolvimentos Perigosos”.

Muitos cineastas famosos começaram dirigindo filmes chamados “B”. O último grande exemplo é Peter Jackson, que iniciou a carreira com o incrível “Fome Animal” e depois recebeu o oscar pela superprodução “Senhor dos Anéis”. Qual o diferencial de alguém que dirige filmes não-convencionais?

SS - A diferença está nas pessoas e equipamentos técnicos, de resto as regras em geral são as mesmas. No meu caso especifico eu sou centralizador: gosto de acompanhar e produzir passo a passo cada etapa de produção, desde a criação do roteiro até a edição final do produto. Eu acho que o gosto de realizar um filme com poucos recursos e sair vencedor talvez seja maior do que uma superprodução milionária com centenas de pessoas.

O segredo está no marketing e na mídia, o que eu consegui fazer com sucesso com “A Bruxa do Cemiterio”, que é exibido em todo o pais até hoje. Foi uma produção com pouquíssimos recursos, mas os elementos e a história em si chamaram a atenção, o que elevou o filme a “cult”, que pra mim é uma grande honra.

Você não acha o cinema brasileiro muito polarizado entre filmes tipo “Globo Filmes” e filmes “cabeça”, sem espaço para outras propostas cinematográficas que são tão antigas quanto o próprio cinema, como é o caso do cinema fantástico?

SS - Concordo plenamente. Acho que essas grandes distribuidoras/produtoras deveriam abrir mais espaço e diversificar o nosso cinema em diversos gêneros. Mas talvez a grande “massa” brasileira não esteja suficientemente aberta para receber novas propostas. Existe o exemplo da TV brasileira em modo geral, nas novelas que já tentaram sair do clichê. Porém esta fábrica do entretenimento ensinou ao brasileiro aquele padrão e quando sai deste padrão já é considerado ruim, esquisito.

Eu acho que deveria abrir espaço sim para estes novos gêneros no cinema e na TV. Já esta acontecendo na Record com a novela ‘’Os mutantes’’ e o brasileiro comum já esta aprendendo a gostar destas produções diferenciadas. Só falta uma produtora de renome como a Globo Filmes aderir ao cinema fantástico e investir nestes filmes.

Além de escrever, produzir e dirigir, você também gosta de atuar nos seus filmes. O único cineasta que eu conheço que gosta de fazer isso sempre é o M.Night Shymalan, numa clara alusão não muito bem-sucedida à Hitchcock. Qual a sua motivação em atuar?

SS - Não sei no caso dele, mas no meu caso eu estou investindo na área de atuação. Minha intenção, digo com a boca cheia, é me tornar um grande ator brasileiro não só para trabalhar no cinema mas na TV também, esse sempre foi meu grande sonho. Nos meus primeiros filmes ficava mais em segundo plano, pois eu pensava mais no conjunto da obra e não em um personagem especifico,por isso não ficava evidente esta minha vocação.

Os meus melhores personagens estão nos últimos filmes que eu fiz, “’Historias do Sobrenatural” (2006), como um cavaleiro medieval, “Hotel América” (2007) como o roqueiro Led e o melhor de todos em 2008 como o vilão Ravel de Envolvimentos Perigosos, onde tenho recebido muitos elogios da crítica, e foi a oportunidade que faltava para eu poder mostrar ao público todo o meu talento como ator. Inclusive já recebi propostas para atuar em televisão no Rio de Janeiro.

Quando veremos seus filmes em grande circuito e quais seus próximos lançamentos?

SS - Meu filme Envolvimentos Perigosos (2008) esta rodando o Brasil no dia 25 de Junho terá sua estréia em Curitiba/PR, em breve irá para São Paulo e Rio. Existe algumas produtoras interessadas em lançar em DVD alguns de meus filmes no Brasil. No momento estou produzindo uma peça de teatro que deverei lançar no Paraná. Quanto ao cinema, ainda é incerto, mas tenho em mente uma continuação da Bruxa do Cemitério.






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Nic NIlson
 

Valeu! Isso aeh brother, manda a bucha e faz mais e mais e mais!

Nic NIlson · Campinas, SP 6/8/2008 16:15
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