Pois é, o Bill Dixon se foi... como se foram muitos outros. Chegou o seu tempo, não o que nós queremos, mas digamos(independente de questões religiosas), foi o tempo de Deus. William Robert Dixon se foi aos 84 anos de idade maneira serena com seus familiares, depois de lutar por 2 anos de uma enfermidade, segundo o obituário ofcial. Consequências da vida, não se vive para sempre, salvo alguns casos, que se vai um pouco mais longe, mas não para sempre, como o casal turco Abdullah e Elif que chegou até os 113 e 110 anos até o momento. Tiveram uma vida saudável em todos os sentidos. Fred Anderson também não goza de boa saúde, segundo a comunidade de Free Jazz de Chicago a qual recebo notÃcias diárias. É assim mesmo, o tempo passa, os corpos humanos se desgastam e chega um momento em que a vida carnal tem seu fim, é inevitável. De poucos anos pra cá tenho ouvido falar de Bill Dixon pelas novas gerações, talvez tenha ganho destaque por conta de sua recente gravação com a nova geração, como o também trompetista Rob Mazurek. Mas infelizmente as pessoas não estavam interessadas em pesquisar sobre Dixon, que não tem um material tão difÃcil de se encontrar. Enquanto o foco estava em outros Ãcones da música por conta de relançamentos em midia, como John Coltrane, Sun Ra, apresentações musicais como a volta do Art Ensemble Of Chicago, Dixon continuava sua trajetória desde os anos 60. As pessoas mais jovens ficam sentidas quando um veterano morre e muitas vezes é um sentimento um tanto quanto egoÃsta da pessoa, que quer estar mais próxima de alguma forma, e há uma sensação de perda em vários nÃveis. Os familiares e amigos naturalmente passam por isso, pois se perde muito mais que um nome ou um som, mas um pai, um amigo... Me lembro quando morreu o baterista Max Roach, o qual conhecà pessoalmente apenas em 2000, depois de começar a conhecer seu trabalho em meados dos anos 90. Ora, Max Roach estava na ativa desde os anos 40. Não fiquei triste com sua morte, pois soube que ele se foi de forma tranquila ao lado da famÃlia. Então me deu uma saudade, de ouvir novamente aquela bateria que "falava", de suas opiniões sobre a música em seus depoimentos e entrevistas. Coloquei suas gravações para tocar e apreciar sua arte. Contemplei toda sua obra e pensei comigo mesmo que ele tinha feito tudo que podia pela arte, e foi muita coisa. Deixou um legado, um importante registro na música e ainda ajudou a mudar o rumo dela. Max Roach cumpriu a missão e se foi em paz.
Creio que não foi diferente com Bill Dixon. Não vou aqui regorgitar o que já está publicado em vários tipos de mÃdia. A sua arte fala por sà só. Quem quiser que ouça o som de seu trompete ou as cores de suas pinturas. Dixon se foi em paz e também cumpriu a missão e deixou um legado. Como na foto acima, Bill abre passagem para outras gerações continuarem a passar pelos corredores e subir as escadas e chegar a outros lugares.
Texto sobre o falecimento de veteranos na área musical e a renovação pelas novas gerações.
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