Focado na tela do computador, mal presto atenção no que se passa na TV quando a ligam de repente. Acostumado a tê-la em alto volume pela casa, ocasionalmente, só a escuto ao longe. Temos um pequenino em casa, habituado à programação da Discovery Kids.
Os adultos, nós tentamos permanecer condescendentes nesses casos - apesar de toda a repetição, das cores excessivamente vibrantes, das vozes super agudas e, honestamente falando, "idiotizantes", pois aos mais velhos apraz a ideia de confundir a efervescência da imaginação infantil com debilidade mental.
Com o tempo, passamos a nos incomodar menos. Hoje não foi diferente. A TV foi ligada, como sempre, e a explosão de imagens e sons veio novamente. Exceto que, desta vez, algo pareceu muito errado. Os agudos, mais agudos; o colorido, mais saturado (e sei que não estava no horário dos desenhos japoneses mais mainstream).
Estranhei. O que estaria acontecendo? Estagiários do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) piratearam a programação do Discovery Kids por acidente? Não, só poderiam ser os sÃrios. Eles financiaram bandas de pagode e cantores de arrocha durante anos para que, em várias regiões do Brasil, os ouvidos de muitos estivessem a tal ponto danificados por estupro auditivo que os gritos de Obama jamais seriam escutados. Tentei resistir. "Não vou olhar, não quero ouvir, não estou afim de convulsões após o almoço!".
Enfraqueci diante daqueles ataques. Imaginem a Xuxa numa orgia com os Teletubbies inalando hélio. Pior que isso. Por uma curiosidade mórbida, olhei para a TV: era só um repórter de um Alguma Coisa Esporte mantendo a tradição do Jornalismo Esportivo.
Direi isto ao moleque: "Homem, não importa o que aconteça em sua vida, lembre-se disso: fico feliz por você torcer pelo Bahia, mas assim que aprender a falar direito deve me prometer que só buscará notÃcias sobre esportes pela internet".
Crônica publicada online, em perfil do autor no Facebook, em 11/09/2013. Sobre programas semi-informativos e a audiência que acham que atraem.
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