Não há nada como um café passado na hora.
A paisagem apodrece, eu junto com ela. Fobias solares todas as tardes no verão do capeta. Cocaínas. Um uisquinho antes, durante e depois.
Aflições. Assassinatos. Outubro. Novembro. Dezembro. Janeiro. Fevereiro. Março. Mais uma dose.
Mais um banho quente antes do próximo ataque, que nunca tarda.
Os dentes do vampiro, caninos pontudos – do outro lado do espelho. Neurastenias crônicas.
Com medo nos olhos molhados e faces vermelhas. A vergonha insuportável.
Trabalhar muito a procura da última sentença. Como quem escreve o bilhete suicida.
Processo de escrever de novo e de novo. Algo que se renova. Uma arquitetura. Apenas uma resposta às toneladas de baboseiras publicadas. Hoje, qualquer um escreve livro e vira escritor.
Pequenos apartamentos alugados e condomínios atrasados. A vida em pontos de ônibus. E taxistas degolados.
Um gaguejar... O quartinho escuro de outrora – isso acaba comigo. Refrigerantes. Eu pedindo pra namorar. Lucy era a garota do desenho, Peanuts.
Manter os princípios éticos. Por exemplo, não perder nenhum capítulo de novela das oito.
Uma ternura e melancolia nos finais de novelas, fotografias do elenco que passou, um pouco de morte anunciada prematuramente aos olhos de uma criança de dez, onze anos.
1987. Uma paixão aos treze, Patrícia Pillar com os peitos tesudos em Brega & Chique.
Eu me afundando cada vez mais e mais no quartinho escuro, Transas do Ritchie. Paixões abortadas pelo medo. A vida jogada fora. Só mesmo, vinte anos depois, entornando um uisquinho antes durante e depois, umas cocaínas quando anoitece. Renato Villar era o vigarista perfeito, mas endireitado por um tumor no cérebro, pai da personagem vivida por Mayara-minhas-punhetas-convulsivas-Magri, em Roda de Fogo, também comeu a bunda da Bruna Lombardi, linda!
O nó-na-garganta, eu era um apaixonado. A vizinha, a moça da padaria, todas que não tive coragem de pedir pra dançar... afundando. Patrícia e Mayara, Lucy, Sy e Cris, as garotas do Fantástico, só mesmo umas cocaínas, todo o conhaque. Malditas sejam todas aquelas trilhas de novelas e o escambau. Que merda.
Eu tento apanhar esses deslocamentos – não encontro outra palavra melhor, infelizmente – deslocamentos, voltar ao quartinho escuro me trava... a febre, a falta de ar, a noite... com a urgência de um bilhete suicida. Eu voltava pra casa apaixonado. Fico à mingua, sei lá. Não encontro, só gaguejo.
Uma potência grande demais para suportar, me arrebento. Buracos e terrenos movediços, marcas desastrosas.
Coleção de catatonias em série e cenas da próxima novela.
Sabe, eu quase acredito nisso...
Todo disco tem seu lado ‘‘B’’. Eu sou o vigarista, o patife, o frouxo, o broxa, o frustrado. Agora, vamos aos fatos.
Não sei o que querem essas pessoas. Essa conversa mole. Bocejos meus. Enterraram os sonhos ou não aprenderam a sonhar? Os a-bo-mi-ná-veis vendedores da TV Polishop e a óbvia constatação.
O dinheiro tem o seu preço.
Eu não quero ser enganado de novo. Esqueço a TV de última blá, blá, blá. Me afasto nas punhetas convulsivas, mas minhas. Acredito nas pequenas idiossincrasias, meu valioso caderno de crimes mal arquitetados. Abandonar as artificialidades. Dispenso as formalidades. Não ter amigos, tampouco filho. Matar a esperança, igualzinho ao Lula.
A barba de dias, desleixado. Camisas indianas, calças de nylon. Sandálias que não me fazem esperar nada de mim. Cultivo uma barriga de trinta e cinco anos. Agendo catatonias em série. Sozinho como um morto. E fico comovido com os estalos do gelo derretido pelo uísque.
A catinga de privadas familiares em festas de aniversários, almoços de domingo.
Eu só queria morrer em um espirro sem metafísica. Espirro desavergonhado. Deumavez.
O nó-na-garganta, eu era um apaixonado. A vizinha, a moça da padaria, todas que não tive coragem de pedir pra dançar... afundando. Patrícia e Mayara, Lucy, Sy e Cris, as garotas do Fantástico, só mesmo umas cocaínas, todo o conhaque. Malditas sejam todas aquelas trilhas de novelas e o escambau. Que merda.
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