Depois de um bom tempo sem viajar, de repente, Polônia. Invadir o país pela cidade de Gdansk, como fez o inimigo dando início à Segunda Guerra Mundial.
A volta à estrada promete. Quando desço no aeroporto Leck Walessa, dá a impressão de estar na Rússia devido às roupas que cada mercadoria loira polonesa usa para enfrentar até 25 graus negativos. Olá, venho oferecer-lhes o sol, trazido de um povoado pernambucano.
Na frente do aeroporto uma observada nos montes de neve e está na hora de guardar o filtro solar porque o calor do Brasil se encontra a uns milhares de quilômetros de distância. O frio vem para transformar qualquer brasileiro em estátua: monumento para a posteridade. É possível um pouco de abrigo no ônibus que vai chegar com calefação e transportar o grupo de poloneses e desembarcados ao centro de Gdansk, Danzig, para os alemães que na época da Prússia eram donos da cidade.
O ônibus para na frente da estação ferroviária. O prédio é de mexer na respiração dos turistas. Realmente, a Polônia é bonita, Gdansk se distingue pela arquitetura.
Começa a caminhada num dos países que de todos os ângulos que se tirar uma foto, é história. O centro nem passa ônibus. Chegou, é pra caminhar.
Roupa para o frio não adianta, é um paliativo. O rosto aparece muito pouco e todos sem exceção usam cachecol (medo de pneumonia?).
O rio que corta o centro está congelado há meses e as pessoas traçam pegadas em cima do gelo na maior tranqüilidade. Depois sentam num banquinho desmontável e furam a crosta para promover a tarefa da pescaria. De fato, cada povo com seu costume e sua coragem com a certeza de que não vai afundar. Cinco passos que dei e nada mais. Se tiver de fazer turismo em cima do gelo ou comer um quilo de peixe, pescado dessa maneira, minha família vai passar fome. Falta a coragem que os gdanskianos esbanjam.
Foi aqui que nasceu Schopenhauer e Fahrenheit. Nicolau Copérnico é de uma cidade vizinha, ao sul.
Depois de sair do centro de compras chamado Galeria Madison, vejo duas crianças tentando alcançar uns cristais de gelo na janela de uma casa. Pula, pula cavalinho. Identifico o problema à medida que meus braços são altíssimos e desde muito tempo sirvo para trocar lâmpadas em casa de vizinhos sem uso de escada ou cadeiras. Declaro guerra aos cristais de gelo. Quebro um pedaço e as crianças saem com a obra da natureza na mão. O que chama a atenção delas é o meu sotaque quando respondi “de nada” em polonês depois que elas disseram genkuiê, obrigado. O importante é o gelo não derreter, o idioma a gente cambaleia mesmo.
Em Gdansk o que mais tem é igreja. Os poloneses são um mundo à parte na religião católica, contudo, não vou entrar em nenhum templo, nenhum museu, nada. São apenas cinco dias, um deles para ir a um campo de concentração e os outros para fotografar a paisagem com neve que muda a cada dia conforme as intempéries.
Criou um buraco no meu estômago por não saber pedir os pratos nos restaurantes. Quem inventou o mundo se esqueceu de dizer aos poloneses que a língua deles nem os escribas no Antigo Egito decifrariam. De fato, um cardápio em inglês nem que fosse numa folha de papel de pão, ajudaria às pessoas de fora. Enquanto eles não incorporam esse hábito, observo o que o povo pede nos restaurantes e se me agrada peço igual e ainda ofereço lápis e papel para que escrevam aquele nome em grego.
Depois disso tudo tem a questão do aeroporto: retorno à Alemanha. Além da alimentação pouca, dos nomes estranhos, das inflamações nas vias respiratórias, a Polônia afeta também a pressão arterial. É susto com tanta beleza, e a cada esquina os sintomas se agravam!
Edmilson Vieira é estudante de Design na UFPE e escreve crônicas.
Viagem à Polônia no inverno,janeiro de 2010.
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