A BALAIADA, “BALAIO DE GATO�
Em dezembro de 1838 um movimento pró - monarca, denominado mais tarde de “Balaiadaâ€, em razão de seus lÃderes exercerem atividade artesã de confecção de balaios, utilizando fibras de palmeiras abundante nas regiões dos cocais, eclodiu no sertão maranhense, e se estendeu aos estados do Piauà e Ceará, cujo levante resistiu até meados de 1841, coroando vitorioso o general de brigada Luis Alves de Lima e Silva, o “Duque de Caxiasâ€, patrono do exército brasileiro, e levando a forca a liderança negra.
A revolta inicialmente foi orquestrada pela igreja católica e pela liderança aristocrática da região, poligonada pelas cidades de Sobral no Ceará, Dom Pedro no PiauÃ, Pastos Bons e Caxias no Maranhão, inconformados com a polÃtica tributária emanada da capital da provÃncia e do governo central com o fim do primeiro reinado e ascensão das regências.
No entanto, dois feitos não previstos pelos mentores mudaram os rumos do movimento: a entrada do negro Cosmo, liderando escravos e a invasão e tomada da cidade de Caxias, considerada estratégica, uma vez que, fincada à s margens do rio Itapecuru, baseava o escoamento de produtos agrÃcolas e manufaturados, notadamente óleo de Babaçu, cera de Carnaúba, arroz e algodão, pelo ancoradouro fluvial para São Luis e, de lá, ao continente europeu.
Houve o recuo da igreja e dos coronéis usineiros oligárquicas, abrindo o leque para os Balaios levarem avante o conflito contra a provÃncia e, consequentemente contra o reinado instalado no Rio de Janeiro e Petrópolis, pelo colegiado de polÃticos que compunham a regência trina.
As oligarquias e a igreja queriam a coroação imediata da criança D. Pedro II, prÃncipe regente, na medida em que acreditavam que com a instalação do segundo império, veria a valorização dos seus produtos de exportação e tributação mais justa. Por outro lado os Balaios desejavam ver seus subordinados libertos e seus balaios valorizados, já que eram os recipientes que acondicionavam os grãos de exportação, produzidos na região. Instalou-se o conflito de interesses.
Os oligarcas e a igreja sentiram-se intimidados, principalmente com a questão da libertação de todos os negros escravos participantes do movimento, questão de honra apregoada pelo negro alforriado Cosmo, lÃder eventual da confusão, principalmente quando vira o negro e seus liderados tomarem de assalto o paiol das forças provincianas, a essa altura imobilizada e sitiada no Morro do Alecrim em Caxias.
As demais cidades abandonaram a causa e Caxias passou a ser o ponto crÃtico de resistência popular. Alforriados e escravos juntaram-se aos pardos que exerciam trabalhos autônomos, como carroceiros, carvoeiros, pescadores e artesãos (balaios), detentores de uma considerável reserva de armas munição da coroa do Império, fincaram-se estrategicamente no Morro do Alecrim. A economia da cidade e da provÃncia entrou em decadência.
Veio o revide. As forças governamentais da provÃncia do Maranhão insatisfeitas por temerem a repercussão deste ato de ousadia, mobilizaram tropas de todo o norte e meio norte leais ao império para conter o movimento.
Além disso, o presidente da provÃncia pede apoio ao governo central no sentido de reforçar as tropas locais. O Império destaca o futuro “Duque de Caxiasâ€, conotando-o de comandante geral das tropas oficias.
Entrementes, lá no “Morro†os insurgentes já sofriam há três anos com a desorganização econômica da cidade, além disso, as armas que possuÃam eram de baixo poder ofensivo e o contingente de revoltosos, a essa altura, estavam desistindo deliberadamente do pleito, pois não viam uma linha ideológica de atuação com metas determinadas. Isolados e sem o apoio da igreja e sem a influência dos produtores, comerciantes e exportadores. Restava apenas a espera de um confronto final ou um acordo no sentido da valorização da mão de obra e a libertação definitiva dos escravos envolvidos.
O comandante Lima e Silva entra triunfalmente em Caxias com um contingente preparado para o combate e com canhões de alto poder destrutivo. Não houve reação dos Balaios. Intermediados pela igreja os revoltosos se renderam. Os envolvidos foram perdoados. Porém, o negro Cosmo e seu “estado maior†foram sacrificados pelo pescoço em praça pública.
Sob as ordens do general foi edificado um quartel militar no morro do Alecrim, onde instalou a brigada, e aquartelou um batalhão que tinha como objetivo garantir a segurança das cidades de Caxias e Pastos Bons, ambas no Maranhão.
Com o passar do tempo, o Morro do Alecrim foi consagrado como local onde a memória do movimento da Balaiada é melhor representada. Pensar Balaiada, no tocante a Caxias, é vislumbrar o Morro do Alecrim.
Atualmente, no referido morro, todas as homenagens recaem no combatente general de brigada Luis Alves de Lima e Silva, o “herói†da Balaiada, o Duque de Caxias, onde visualiza-se um busto de bronze no centro de uma praça pública, e um magnÃfico prédio denominado Memorial da Balaiada, ladeado pela ruÃnas do Forte do exército que atuou sob seu comando.
Ao mesmo tempo, paralelo ao busto de Duque de Caxias, tem-se o Memorial da Balaiada, fundado em 2004, representando um novo olhar sobre a Balaiada. Fazendo emergir uma memória subversiva, que privilegia a atuação e resistência de uma imensa parcela de oprimidos, representados por seus lÃderes, principalmente o negro Cosmo.
Venildo, a Balaiada é história do Brasil bem conhecida, principalmente porque glorifica o Duque de Caxias. O bom é saber que hoje, no Morro do Alecrim há uma homenagem aos revoltosos. Revolta contra impostos altos em excesso vem de longe, heim?
Parabéns. Votado
Ivette G M
Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
Você conhece a Revista Overmundo? Baixe já no seu iPad ou em formato PDF -- é grátis!
+conheça agora
No Overmixter você encontra samples, vocais e remixes em licenças livres. Confira os mais votados, ou envie seu próprio remix!