Por Márcio Sno Portal Rock Press
Com o aparecimento da internet, o mercado fonográfico a cada dia agoniza mais em busca diversas estratégias para poder suprir a queda na venda dos discos fÃsicos. Em paÃses da Europa e Estados Unidos a venda de músicas e discos virtuais pela internet por preços módicos é muito comum e funciona. Um exemplo extremo é a popstar Lady Gaga que vendeu quase 10 milhões de downloads do single “Pocker Faceâ€.
E no Brasil? Aqui, além da discussão sobre o direito autoral estar em ebulição, as questões sobre a distribuição de material gratuito pela internet ainda não dá nenhuma garantia para o autor da obra. O que fazer? Por onde começar?
Quem dá os primeiros passos nessa nova fase de distribuição legal de música é a ONErpm, que inova o mercado fonográfico com a venda passando por poucos inermediários e com retorno financeiro maior para quem merece o maior pedaço do bolo: o artista.
Para explicar do que se trata e de que forma esse veÃculo pode contribuir para o amadurecimento do mercado fonográfico e também para valorizar mais o artista, conversamos com o representante da ONErpm no Brasil, James Lima, que, com sua vasta experiência no meio, decreta: “precisamos educar as novas gerações a respeitar a propriedade privada e as leis dos direitos autorais, bem como seus intérpretesâ€.
Embora já seja muito comum a venda de músicas pela internet, no Brasil esse mercado ainda está em gestação. Por que isso acontece?
No Brasil o que vende na internet basicamente é o que toca na rádio e o que aparece na televisão, a grande produção da música independente ainda não tem muito (ou quase nenhum) espaço nos grandes meios de comunicação, e não há ainda no Brasil muitos canais indies de comunicação para esta produção nacional com audiência suficiente para gerar consumo. Não há interesse polÃtico para melhorar e incentivar estes meios de comunicação, integrando a grande produção musical das cinco grandes macros regiões, ou seja, todos estão se virando como podem para atingir seus públicos consumidores. Fora que no Brasil há um grande movimento da música grátis, os artistas ainda não perceberam que sua obra pode estar de graça como estratégia de marketing, e também tem que estar à venda no Brasil e no mundo. Temos que fomentar o mercado e venda da música digital.
O maior inimigo da indústria fonográfica brasileira é a prática de downloads de músicas e/ou discos completos.
Não vejo como inimigo a prática de downloads de músicas e/ou discos na internet, isso faz parte da realidade mundial e da divulgação do artista independente, só precisa ter um estratégia e combater o P2P, quero dizer, como ele funciona hoje. Peer-to-peer (P2P) são sites de trocas de arquivos digitais, ou compartilhamento de conteúdos (vÃdeos, músicas...), funcionam como a pirataria fÃsica e seus membros muitas vezes não são identificados.
A ONErpm pode ajudar a mudar esse quadro?
Acredito que a ONErpm poderá ajudar e muito este quadro. Uma porque ela abre o mercado aos auto-produtores e pequenos selos ao mundo (que já consumem e pagam pela música) sem atravessadores, e outra que só entrega o produto em altÃssima qualidade ao consumidor. Em arquivo WAV, ou seja, o arquivo original, você escuta a música como está no CD. Isso vai ajudar a combater este consumo de arquivos ruins.
Em paÃses como França, Coreia do Sul e no Reino Unido há punição para quem baixa música ilegalmente. Falta muito para no Brasil chegar nesse ponto?
Acredito que o Brasil está muito atrasado em relação a isso. Realmente é complicado, e até perigoso uma monitoração IPs [identificação do computador, cada um tem uma numeração única], se não for adequada e sem ferir a liberdade dos indivÃduos. Precisamos de grandes investimentos para isso, tanto tecnológicos como na educação dos usuários. O mercado digital e poder público precisam fazer um trabalho de conscientização para as pessoas que trafegam em sites P2P e mostrar as causas e efeitos desta prática, mostrar que isso acaba com a produção e toda cadeia criativa da música. Fora que é roubo vender, ou trocar coisas que não lhe pertence.
Precisamos urgentemente fazer um grande trabalho nas escolas para as novas gerações para que elas respeitem os autores, os artistas e suas obras.
Acredita, então, que parte da solução da circulação de MP3 está na educação? De que forma a escola pode ajudar, já que boa parte das pessoas que baixam músicas são jovens? É um grande desafio, concorda?
Acredito que no Brasil precisamos educar as novas gerações a respeitar a propriedade privada e as leis dos direitos autorais, bem como seus intérpretes. Claro que a troca de arquivos entre amigos sempre vai acontecer, isso faz parte da vida moderna. Mas o que precisa ficar claro aos jovens é que existe uma cadeia produtiva e um grande número pessoas que dependem da venda destes trabalhos para sobreviver. Vai ser um grande desafio, mas precisamos começar agora este trabalho de conscientização, antes tarde do que nunca.
Há sites como Trama Virtual que oferecem uma quantia simbólica para o artista que disponibiliza material fonográfico em seu site. O que acha desse tipo de iniciativa? Esse formato pode ter sido o percussor da distribuição legal de música no Brasil?
A Trama Virtual foi um divisor de águas, é projeto muito importante aos independentes brasileiros. Deste 2005 a empresa investiu muito com ajuda de alguns patrocinadores para que o projeto pudesse melhorar a cada dia, mas sabemos que é muito difÃcil manter estes projetos sem um número grande de patrocinadores. Em relação à monetização simbólica não vejo hoje como uma boa saÃda aos artistas independentes, pois tem que haver um patrocÃnio constante nessas plataformas, e nem sempre isso acontece. A obra do artista tem que ser valorizada sempre, mas melhor receber pouco do que nada. Mais isso não é culpa da Trama, muito pelo contrário, é uma série de fatores que no Brasil ainda temos que resolver. Na verdade, não é só música que pode ser vendida ou patrocinada nas plataformas, tem que se vender comportamento e produtos relacionados e acima de tudo haver investimento constante da plataforma e de patrocinadores. O artista tem trabalhar para fidelizar seus fãs e ter uma gama de produtos que possam ajudar na receita da banda como: camisetas, bonés, canetas, ingressos e tudo que for de interesse de seu público.
Então, você acha que falta empreendedorismo aos músicos brasileiros?
Acho que os profissionais da música e os artistas brasileiros precisam entender melhor os novos paradigmas deste mercado atual, e que juntos possam criar novos modelos de negócios, agregando à música produtos e serviços relacionados de interesse aos seus fãs. Hoje ainda o mercado brasileiro funciona, ou tenta funcionar, como o modelo antigo, artista - gravadora. Os independentes fora desde "mercado" são empreendedores sim, mas não tem incentivo adequado para se desenvolver, e muitas vezes não tem acesso à s empresas nacionais e internacionais para fazer bons negócios. Neste caso especÃfico a ONErpm é a solução, pois qualquer auto produtor ou pequeno selo pode entrar na plataforma de distribuição global com muita transparência e flexibilidade.
O que não pode é o artista e o profissional da música perder o empreendedorismo e a iniciativa privada e ficar só dependendo de leis de incentivo e editais. Isso realmente acaba com a cadeia produtiva.
Qual a diferença em qualidade entre uma música disponibilizada na ONErpm dos convencionais arquivos em MP3 e WAV?
A ONErpm é a única loja (além da distribuidora) no mundo que tenho conhecimento que entrega ao consumidor o arquivo original (WAV). Ela acredita muito neste diferencial para atender melhor os clientes que compram música via internet no mundo. Pois o cliente consegue tudo em MP3 na internet e muitas vezes este arquivo é de má qualidade, mas se ele realmente gosta de música vai sempre optar pelos arquivos de qualidade que pode comprar e guardar em seu HD.
Como funciona o ciclo artista – ONErpm – cliente?
Hoje no Brasil funciona mais ou menos assim: Artista > selo > distribuidora > agregador nacional > agregador internacional > grandes lojas > consumidor. Depois da venda, o valor passa por vários atravessadores até chegar ao artista. Receita é mÃnima! Na ONErpm funciona assim: Artista > selo > ONErpm > grandes lojas > consumidor, ou Artista autoprodutor > ONErpm > grandes lojas > consumidor. Ou seja, mais 300% no aumento na remuneração para os artistas e selos, sendo uma relação muito mais justa na atual conjuntura do mercado musical global.
Outro diferencial é que ONErpm consegue colocar os álbuns em 48 horas no Itunes e em outras grandes lojas, fato inédito para o mercado nacional, já que nossas concorrentes demoram de trinta a quarenta dias para subir este conteúdo para estes os mesmos players.
Como é que o artista pode vender seu trabalho no iTunes, Amazon etc. por intermédio da ONErpm?
O artista faz o seu cadastro no site www.onerpm.com, depois faz cadastrado de seus álbuns na plataforma “gratuitamente†para venda na loja ONErpm, caso ele se interessar em fazer a distribuição para as outras lojas parcerias da ONErpm, como: Itunes, Emusic, Limewire ele paga um taxa única de até R$ 60,00 por cada álbum cadastrado, e estes tÃtulos serão entregues para estas grandes lojas em 48 horas, e o que for vendido o artista recebe 90% do lÃquido pela ONErpm, fora isso, ele poderá escolher quais os territórios estes álbuns poderão ser comercializados. A plataforma é muito flexÃvel neste quesito, facilitando a vida do artista que à s vezes não pode vender em todos os territórios por causa de antigos contratos. Ou seja, ele tem várias opções de abrangência para venda da sua obra.
Boa parte dos artistas catalogados no site da ONErpm segue no campo da world music. Existirá limitação de estilos musicais ou vai estar aberta para todos os estilos?
Não tenho esta informação, o cadastro dos gêneros musicais na ONErpm são feitos em duas etapas; gênero e subgênero e temos várias opções de gêneros brasileiros. Realmente a música brasileira no mundo é tratada como World Music e sabendo disto os executivos da ONErpm fizeram um esforço para tentar mudar este quadro. Ainda não é o ideal, pois temos muitos e muitos gêneros e subgêneros no Brasil, mas estamos no caminho certo para mudar isso.
Já que temos infinitos gênero e subgêneros na música brasileira, poderiam ser pioneiros em lançar o termo “música brasileira†como um gênero mundial, o que acha?
Acho ótimo, pois a falta de uma classificação adequada da nossa música é um sério problema lá fora, os americanos, por exemplo, chamam de world music tudo que não é americano, imaginem isso numa loja (fÃsica ou digital). ONErpm tem o objetivo de mudar esta história, já que pretende ser um loja de música latina americana com foco principal na música brasileira. Mas ainda precisa ser feito um longo trabalho para que nossa música possa ser classificada adequadamente no mundo em toda sua diversidade.
O site disponibiliza as músicas em streaming gratuitamente. Não acha que esse recurso pode inibir a compra já que internauta pode ouvir quando quiser?
Sim, o streaming no site da ONErpm é ilimitado. Não acredito que este recurso possa inibir a compra, muito pelo contrário, o cliente tem a opção de escutar com qualidade todos os produtos da loja até tomar a decisão da compra. Pois ele não poderá levar o computador (ainda) para o carro ou pra seu lazer fora de casa, e com certeza irá consumir aquilo que ele gosta com qualidade e ter total liberdade na sua utilização.
Vocês não exigem exclusividade do artista que pode optar em utilizar outros canais de distribuição. Quais os limites que o artista tem?
Não exigimos exclusividade do artista na loja da ONErpm, mas ele terá que optar na distribuição digital com quem ele vai distribuir sua música em todos os territórios. Pois não podemos entregar o mesmo produto e no mesmo território nas grandes lojas, ele distribui 100% pela ONErpm ou nos territórios que ainda não tem distribuição. Exemplo: O artista tem distribuição digital nos Estados Unidos por outra distribuidora (e contrato ainda está vigente) mas não tem no resto do mundo, então só podemos distribuir no resto do mundo, e não nos Estados Unidos e assim por diante.
O artista precisa ser contratado de uma gravadora ou selo para vender suas músicas no site?
Não, muito pelo contrário o artista poderá se cadastrar e ter o mesmo tratamento e igualdade de negociação na ONErpm, sendo ele de um selo ou auto-produtor. O trabalho do selo é muito importante sim, mas devido à crise muitos artistas não conseguiram fechar negócio com pequenas gravadoras e nem tem distribuição fÃsica. E isso, muitas vezes fecha as portas ao artista do mercado digital. Mas a ONErpm pensou exatamente nisso, abrir espaço para quem não tem espaço na venda de música digital no Brasil, ou melhor, no mundo.
Quais os artistas brasileiros que já estão no cast da ONErpm?
Bom, a empresa só tem três meses e lançamos aqui no Brasil a pouco mais de um mês na Feira da Música em Fortaleza, aos poucos os artistas estão conhecendo nosso trabalho. Hoje temos a banda Autoramas, BNegão, João Parahyba, Bebel Gilberto (USA), Céu (USA), Otto, Digital Dubs, Gabriel Moura, Dj Hum, Roberta Campos, Renato Godá, Leo Cavalcante, entre muitos outros. Mas estamos fechando também com muitos selos independentes, pois é uma grande vantagem para eles trabalhar direto sem os agregadores nacionais e internacionais. Temos a Deckdisc, Astronauta Discos, Coqueiro Verde, Bolacha Discos, Humbatuque Discos, Yb Brasil, Lua Music, Delira Música, Fine Records, entre outras. Fora isso, estamos conversando com as redes e fóruns de auto-produtores em todo paÃs para eles tenham a mesma oportunidade e igualdade de negociação para colocar sua obra no Brasil e no mundo no formato digital pela ONErpm.
Quando um artista coloca o seu trabalho à venda no site, ele pode optar em distribuir somente em uma determinada região?
Não por região, mas ele pode optar pelo território – Mundo, ou: América no Norte, América do Sul, Europa, Ãsia, Ãfrica e Oceania.
Vai depender dos contratos vigentes de cada álbum que ele coloca na distribuidora.
Como o site tem abrangência mundial, como é, por exemplo, para um artista brasileiro receber de um cliente do Afeganistão?
Havendo o interesse de compra o álbum que está com a opção mundo poderá ser comercializado globalmente sem nenhum problema.
E o artista poderá ver online em sua conta da ONErpm todas as compras de seus álbuns nas moedas de origem, e receber seu pagamento via Paypal [https://www.paypal.com.br] em Real na sua conta bancária. Tudo é muito simples é transparente na ONErpm.
Existe garantia do site para que conteúdo do artista não seja roubado do site (trackers, hackers etc.)?
Foi bom você ter perguntado isso, a plataforma da ONErpm foi desenvolvida pelo Matt Olim, um gênio da informática nos Estados Unidos (Fundador da CD Now, hoje Amazon.com) e esta foi umas das maiores preocupações dos sócios da ONErpm. Eles investiram em simplicidade, qualidade, transparência e principalmente em segurança da plataforma.
O contrato que é assinado segue as leis que vigoram em Nova York. Como no Brasil essa questão ainda não é muito clara, como é lidar com isso?
A empresa é americana e vigora as leis dos Estados Unidos, mas nosso contrato foi feito por brasileiros para o mercado local, e está dentro da jurisprudência do Brasil. Em alguns casos especÃficos e dependendo do conteúdo ainda temos algumas negociações a serem feitas, mas estamos estudando caso a caso.
Se o artista resolve não mais disponibilizar seu trabalho no site, existe algum tipo de multa rescisória?
Claro que não, a ONErpm foi feito para o artista, e é uma plataforma de inclusão, um sistema livre e flexÃvel, ele entra e sai quando quiser a qualquer momento. E é muito simples, só deletar sua conta na plataforma. E mesmo assim terá um relatório para acerto de contas caso tenha venda de seus álbuns.
Quais são as expectativas da ONErpm com essa nova forma de vender música e o que vocês estão preparando?
As expectativas da ONErpm são ótimas, temos um potencial enorme no Brasil. São centenas de selos e artistas auto-produtores no paÃs inteiro que nem conseguiram contratos para distribuição fÃsica, imagina distribuição digital global. A ONErpm está fazendo um trabalho de inclusão digital para a música brasileira, e não importa de onde vêm o artista, se tem selo ou não, todos terão as mesmas condições e o mesmo tratamento, sendo ele do eixo ou fora do eixo. Estamos hoje negociando com novas lojas pelo mundo e com novos parceiros para divulgação desta música globalmente... Entre outras coisas que ainda não estou autorizado a falar. Mas em breve eu falo!
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mais informações sobre a ONErpm:
James Lima - ONErpm Brasil e América Latina
james@onerpm.com
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