Ele é DJ da Banda Vitrola Funk ,além de Percussionista.
DJ Zonattão acaba de lançar o disco “Sampleado e Percussivo†com influências musicais impares, fazendo seu som ser mais swingado e dançante sem perder a essência da mensagem peculiar do Hip Hop. Zonattão falará sobre a música no Rio Grande do Sul, suas influências e muito mais em entrevista exclusiva para a RADIO PROTESTO.
RM: DJ Zonattão, o que aconteceu primeiro na sua vida, as pick-ups ou a percussão?
Foi a percussão. Isso veio da infância mesmo, começou na escola, batucando na classe, com as mãos, ou com caneta e régua. Lembro que isso me rendeu um dia de suspensão. (risos). Já na adolescência a convite de um amigo participei, em um Carnaval de um bloco, que começava os ensaios 3 meses antes. Mas só fui retomar isso vários anos depois, já com o desejo real de fazer música.
Quanto às pick-ups, isso veio logo depois desta retomada, por influência de há anos ouvir Rap e principalmente pelo fato do DJ se tornar instrumentista de uma banda, e lógico, todos nós sabemos que é 1 em um 1 milhão que de uma hora para outra, quer “virar†DJ e chega na loja e compra um par de MK2 e Mixer.
Começei com o 3 em 1 de casa, comprando um fone e um vinil de batidas e efeitos, meses depois um mixer “Old Schoolâ€, usado até hoje, (que vou dar a aposentadoria pra ele logo, logo) depois um MK2, e bem mais tarde o outro.
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RM: Você tem sido destaque na cena independente do Rio Grande do Sul, como estão as coisas em relação a musica no seu estado e fale um pouco sobre a Zulu Nation de qual você faz parte?
Aqui no RS é um dos poucos estados do Brasil, onde existe um circuito interno relativamente forte. Mas esse é o circuito comercial, com apoio da grande mÃdia local (Rádio/TV), basicamente com artistas da capital na maioria dos estilos. No Rap especificamente, apenas o grupo Da Guedes esteve neste circuito em função do talento e de serem da gravadora do mesmo grupo da rede de telecomunicação.
Existe a cena independente e que tem muita coisa de qualidade. Na realidade são duas cenas, a Independente Profissional e a Independente Amadora. A Profissional tem mais força na capital, e é presente em alguns locais do interior. Já a cena Amadora é muito limitada por falta de oportunidade, credibilidade, auto valorização e união.
Mas a Cultura Hip Hop do RS é praticamente tão antiga quanto a de SP. Existem ótimos grupos em atividade há mais de 10 anos. Ótimos Djs, Mcs e Grafiteiros de nÃvel nacional, são tantos que não vou citar o nome pra não haver nenhuma injustiça de minha parte. Quanto ao b.boys, aqui na minha cidade é praticamente o pólo do estado. Nem mesmo na capital tem tantos b.boys como aqui. Vários são de alto nÃvel técnico, disputando pau a pau com os outros estados.
Quanto a Universal Zulu Nation, ela é a principal organização da Cultura Hip Hop no mundo. Ela e seus membros, tem como objetivo propagar os princÃpios da Cultura Hip Hop: Paz, Amor, União e Diversão.
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RM: “Sampleado e Percussivo†Nome do teu disco que já sugere os scratches, samplers e a percussão, quando a gente ouve musicas como Psyco Baião Delic fica claro que se trata de um rap autentico, como surgiu essa idéia?
Pois é... A idéia do disco se trata de levar o elemento DJ mais pra dentro do meio musical, destacar a importância da atividade dele pra construção de novos caminhos na música
Minha idéia pelo menos nesta faixa, era de sair do contexto clássico de instrumental de rap, fazer uma faixa instrumental com banda, uma espécie de Afrobeat com uma “Brasilidadeâ€. O que mais queria na real, é que soasse bem aos ouvidos, independente do estilo que fosse parecer. Logicamente que as guitarras e baixo do Phil Tabordex (Banda La Rosa Negra Quartet) e do Diegão Perin (Banda Vitrola Funk) deram o “creme†no som.
Mas se tu percebeste isso, prova que mesmo eu dando outra roupagem, não perdi a raiz do lance.
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RM: DJ Zonattão, quais são as suas influências musicais?
Meu...são muitas! e de muitos artistas, vou citar alguns e tentar resumir. O Funk de James Brown e do Parliament Funkadelic, o Rap Gringo do KRS One e do Jurassic 5, o Rap Nacional do ThaÃde, Bnegão e Black Alien, o Soul da Aretha Franklin e Isacc Hayes, O Manguebeat de Chico Science e Nação Zumbi, o Samba de Bezerra da Silva e Dicró, o Jazz Soul de Jimi Smith e Jimmy McGriff, o Rock de Jimi Hendrix e Santana, o Dub de Lee Perry Scratch, e Augustus Pablo o Afrobeat de Fela Kuti, o Swuing e Samba Rock de Bebeto e do Trio Mocotó, e é claro, o Turntablism dos Djs Shadow, Madlib, Numark e Cut Chemist. Detalhe, eu juro que me esforcei pra resumir. (risos)
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RM: Seu disco é independente? Onde é possÃvel encontrá-lo?
Sim, é totalmente independente e está saindo em parceria pelo selo Nego Preto Discos do renomado DJ Anderson (Banda Ultramen), que diga-se de passagem deu alta força. Ainda estou fechando outras parcerias, até o momento está disponÃvel em algumas lojas de algumas cidades daqui da região do RS (Bento Gonçalves na Mississipi Records e 182 Tatoo, em Caxias do Sul na Loja Afú Estilo de Rua). Para outros locais pelo e-mail da produtora velhagrooveproducoes@hotmail.com
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RM: Uma das suas musicas que mais chamam a atenção é “Artista Fabricado†como surgiu essa musica?
Há, essa foi interessante. Digamos que foi uma tiragem de onda que virou música.
No ano passado estive na co-produção de estúdio e participando como DJ do álbum do Jhou, o Trampo Solo. Como ele esteve produzindo os próprios beats, ele pegou alguns takes de scratches e colagens que gravei e montou uma introdução, de zoação mesmo. Mas essa intro, ficou fora do disco. Depois de muito tempo me vieram umas idéias dentro do contexto dessa intro. Aproveitei ela, selecionei outras colagens e produzi um beat parecido pra aumentar a base. No estilo Turntablism, ela faz uma crÃtica ao Hip Hop da Moda
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RM: A Internet hoje é um dos principais meios de comunicação musical, você está em alguns sites como Myspace e Trama virtual, e ainda é colaborador em blog, para você qual a importância da Internet em nossa cena musical?
A internet é extremamente democrática, e viabiliza ao artista que não tem espaço na mÃdia convencional (Rádio/TV), a divulgar o seu trampo. Principalmente o artista que não está nos grandes centros. Mas isso já todo o mundo sabe, até mesmo pessoas sem pretensão alguma resolvem fazer arte só pra colocar na internet. Não tenho nada contra. Diversão, porque não!
E como tudo tem os dois lados, por um é maravilhoso como aconteceu semana passada, um maluco americano de Miami ouviu no myspace, mandou e-mail e encomendou o CD. Por outro, tem muita coisa, indiferente de bom ou ruim, por mais que você pesquise não vai conhecer tudo neste meio.
É aquela velha história da agulha no palheiro, a internet hoje virou um Palheiro de 40 andares.
Mas de qualquer forma é o meio mais viável, e sem dúvida, boa parte da minha projeção está sendo com ajuda da Internet.
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RM: Agora aqui, a Radio Protesto deixa um espaço pra você usar como quiser, mandando um salve, um recado, ou melhor, diga o que não deu tempo de dizer no seu disco:
Sobre o disco, entre encarte e faixa perdida no CD tem tudo. Quero agradecer pelo apoio e pelo espaço cedido pela Rádio Protesto, agradecer a todos envolvidos neste meu projeto e a todos que já adquiriam o meu CD.
O meu recado é: Conheça o passado pra saber guiar o seu futuro. Uma coisa é consequência da outra, exemplo sem o Reggae e o Funk não existiria o Rap, e por aà vai. Tenha identidade, busque conhecimento e seja mais crÃtico, nem tudo que vem de fora é o melhor. Fique atento ao que está acontecendo, seja em qualquer aspecto. Existem muitas coisas interessantes e tão boas acontecendo a poucos metros de você!
Obrigado DJ Zonattão, a Radio Protesto.com Agradece irmão!
Por Rodrigo Mendonça
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