Gisele, a Babá e o Choque Cultural

José Roberto Moreira de Melo: Dizia meu saudoso pai, quando chamado a falar de algum escândalo, que infelizmente o malfeito é da conta de todo mundo. Nada mais correto e evidente, diria eu, de olho na notícia veiculada na mídia de que a nossa Gisele Bundchen está se separando, em razão dos malfeitos do marido. O bonitão, jogador de futebol americano, teria sido pego em flagrante delito com a babá dos filhos de um amigo seu, um famoso artista de cinema.

Do episódio, só temos a lamentar. Gisele apesar da fama que possui e da grana superlativa, sempre nos pareceu uma mulher decente e bem intencionada. Tentou a sorte nos Estados Unidos, onde os deuses da bonança lhe sorriram intensamente. Ganhou fama internacional e dinheiro idem, mas parece não ter abandonado a idéia de ter um casamento e uma família, como a maioria das mulheres, um marido fiel e filhos.

Dito isto, passou à realização do sonho, namorando, num primeiro momento, um artista famoso, que a deixou, num episódio não inteiramente explicado. Em seguida, juntou-se ao atual marido pelos sagrados vínculos do matrimônio, adquiriu uma mansão deslumbrante e teve dois filhos com o parceiro.

Agora, no auge do prestígio e da realização profissional, anuncia a separação, para tristeza dos fãs e amigos. É óbvio que a mídia não sossegaria enquanto não apurasse a razão do imbróglio. Conforme noticiam as colunas de fofocas, o desajuste ocorreu em razão da presença indesejável de uma outra mulher, a tal babá, entre o par.

O episódio infausto, não obstante ser coisa corriqueira e muito comum entre os famosos de plantão, desperta em nós, brasileiros, pelo menos uma reflexão. Numa sociedade sofisticada, hedonista e rica como a americana, que cultua a beleza física de seus ídolos e os enche de muito conforto, favores e dinheiro, é difícil imaginar que existam pessoas interessadas na vida simples que o casamento impõe.

Os artistas populares, principalmente, parecem constantemente envolvidos numa disputa pelo parceiro do momento, ou seja, por aquele que lhes aumentará a fama e o prestígio. Sem contar sacrifícios e intermináveis disputas judiciais pelas fortunas envolvidas, atuam o tempo todo como verdadeiros caçadores de dotes. Casam e descasam como se estivessem fazendo compras num supermercado alimentado, o tempo todo, pelas novidades do momento.

No Brasil, entre os famosos, ainda que em menor escala, a coisa se repete. No ambiente artístico, é raro encontrar alguém que esteja casado há mais de cinco anos com o mesmo parceiro, da mesma forma que é raro encontrar um parceiro que perdure na fama por muito tempo. Os galãs e as beldades se vão e são substituídos por novas figuras, num jogo tão impiedoso e rápido quanto grotesco. O que fazia sucesso no ano passado, já não atua neste ano e foi ultrapassado pelo novo rosto da nova novela. E por aí, vamos.

Disso tudo, só pode resultar a conclusão de que a nossa Gisele parece estar procurando algo valioso num lugar não muito propício. Caso esteja realmente interessada em viver uma vida simples como se fosse a mais comum dos mortais, ouso lhe dar um bom conselho: por que não faz como a minha mulher e arranja logo um brasileiro mesmo, um funcionário público em final de carreira, míope e pobre, um tanto feio, mas repleto de seríssimas intenções? Agora que se afastou de vez das passarelas, é provável que ninguém irá notar as diferenças.