Como em toda competição internacional, a turma do provincianismo vira-latas tentará desmoralizar os resultados da delegação brasileira nos Jogos OlÃmpicos do Rio. Agora, por motivos óbvios, com fúria redobrada.
O ramerrão é previsÃvel: contas descabidas forjando custos exorbitantes por medalha, fracasso de expectativas supervalorizadas, comparações absurdas com outros paÃses.
Não defendo o ufanismo cego, nem reduzo toda crÃtica a ressentimento antipatriótico. Apenas cobro consistência argumentativa, a partir de duas premissas complementares.
Primeiro, uma base conceitual e estatÃstica sólida. A referência a qualquer exemplo internacional demanda conhecer seus programas de apoio, suas legislações especÃficas, os valores aplicados em cada modalidade, etc.
Segundo, a adoção de um modelo coerente de investimento, sem esquizofrenias sobre o papel do Estado no incentivo ao setor. Queremos que o esporte de ponta ganhe prioridade no uso do dinheiro público? Ou medalhas são responsabilidade da TV Globo, da Adidas, do Bradesco, da Vale?
Também é necessário superar o mito da formação de atletas olÃmpicos como trabalho de base apenas sócio-educativa. Se alto rendimento esportivo dependesse da qualidade da educação e da saúde oferecidas aos cidadãos comuns, os melhores IDHs do mundo seriam campeões de medalhas olÃmpicas.
Não resta dúvida sobre a importância do esporte para a infância e a juventude, mas pódios exigem mais do que diletantismo e popularidade. Exigem instalações modernas, equipamentos de última geração, laboratórios avançados, especialistas, suporte incondicional da mÃdia. Em suma, um tratamento digno de estratégia geopolÃtica.
Eis o núcleo indigesto do debate sobre nosso rendimento olÃmpico. Antes de aderir a politizações oportunistas e achismos simplórios, a cobrança por medalhas precisa levar em conta o nÃvel de sacrifÃcio e comprometimento necessários para se construir o idÃlio esportivo.
http://guilhermescalzilli.blogspot.com.br/2016/08/medalhas-sao-mesmo-prioridade.html
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