Meu primeiro encontro com a morte

Foi na noite passada, sem sombra de dúvida o sonho mais assustador de toda a minha vida. Para alguns pode ser encarado como um presságio, mas meu ceticismo me fez fer as coisas apenas como um diferente exercício de consciência.
Eu estava numa cidade que eu não lembro de um dia ter conhecido, era uma cidade que era uma mistura de todos os lugares onde eu já estive. A violência era extrema, pessoas moriam ao sair de casa e todos estavam amedrontados, muito mais que o comum nos dias de hoje.
Ao que me lembro, em certa parte do sonho, eu estava em um avião, viajando eu não lembro para onde, com pessoas que eu também não me lembro de um dia haver conhecido. Tudo corria muito bem, porém minutos após a decolagem todos nós, que estávamos na aeronave, sentimos algo como um choque com um objeto qualquer, e em segundos, o avião estava em queda. o timer do sonho, como em quase todos os sonhos, era diferente, eu podia ver pela janela que perdíamos lentamente a altitude quando os passagerios foram bruscamente jogados para a dianteira da aeronave.
Eu tinha plena consciência de que era um sonho e que a qualquer momento eu acordaria e me veria longe de toda aquela tragédia. O avião perdeu altitude até que eu pude sentir o exato momento em que o avião tocou o solo, violentamente, também o momento em que eu fechei os olhos, pela última vez. Estava consciente de que eu havia morrido, porém a segurança de antes já não me acompanhava mais, fora substituida por uma profunda angústia.
Parece que o que veio ao meu subconsciente foi a imagem comum dos filmes de cinema, uma luz branca e forte que eu podia perceber de olhos fechados. Aos poucos, abri os olhos e percebi que à medida que a luz branca se apagava ela era substituída por uma luz amarelada e, ao mesmo tempo, eu estava seguindo uma trajetória rumo a um lugar abaixo do que eu estava. As luzes foram substituidas por chamas, chamas de um amarelo dourado.
Era o meu primeiro sonho com a morte, e nele eu me via rumo ao inferno!
As chamas amarelas se seguiram de chamas vermelho-alaranjadas. Minha angústia tornou-se insuportável. Não havia demônios, eu não sentia calor, mas a sensação de total imobilidade confrontada com tudo que dizem os religiosos a respeito da eternidade nas chamas do submundo me fizeram temer.
Acordei, com aflição e medo.
Já fui dos que acreditam em Deuses e demônios, em vida após a morte e coisas mais carregadas de mistério. Hoje sou totalmente cético. Por incrível que pareça, gostei do sonho, foi uma experiência única que, apesar de todos os meus esforços, não é passível de ser narrada em detalhes.
Nunca tive medo da morte e continuo não tendo. Hoje o que temo é o que pode ou não vir após ela.