“Muitas culturas, com ou sem razão, se sentem ameaçadas pela ofensiva de um assalto global uniformizante e desvalorizadorâ€.
Assim escreveu com clareza Carlos Fuentes em seu livro “Contra Bushâ€.
É verdade. A exacerbação do “ocidentalismo†gerada pelas conseqüências do atentado de 11 de setembro de 2001, além de ampliar o abismo cultural, que apesar da globalização continua uma realidade, reforçou aspectos que, em nossos dias, pensávamos superados.
A resposta polÃtico-militar, desastrosa e açodada, inibiu a verdadeira e acertada resposta, que deveria ser sócio-econômica, mais sensÃvel à s causas reais e mais profundas do atentado. Observação esta valida, também, para as relações internas aos estados, como o caso da violência nas grandes cidades e no campo.
O que seria o chamado “fim da históriaâ€, preconizado por alguns, foi na realidade o florescimento de um novo começo ou, se preferirem, de uma nova história.
Isso, porque a crise em que o planeta mergulhou por conta da aventura tresloucada da “luta contra o terror†favoreceu, também, à busca da consolidação de blocos regionais emergentes, como o Mercosul, por exemplo, dando outra dinâmica às relações internacionais.
Além disso, favoreceu ao resgate de valores ancestrais, como a lÃngua, os sentimentos tribais e outros valores “históricos†que podem se configurar em graves problemas atuais que merecem especial cuidado, haja vista a Revolução Bolivariana na Venezuela, a volta de Daniel Ortega, na Guatemala e as inquietações tribais na BolÃvia e no Equador, para ficar, quem diria, só na América latina.
Não obstante essa ameaça às conquistas democráticas já alcançadas, existe o aspecto positivo do resgate dessas culturas ancestrais, como a pré-colombiana, nas Américas, valorizando uma das culturas mais espetaculares da história mundial que, uma vez resgatada e entendida, pode jogar luz sobre as nossas origens a ponto de nos aproximarmos mais de nós mesmos e, conhecendo-nos melhor, ajudarmo-nos melhor.
Também dentro desse quadro, o fundamentalismo islâmico, levado ao extremo desde o desencadear das respostas de Bush ao desastre do WTC e o surgimento de “pontos fortes†de resistência à polÃtica norte-americana, como o Irã e a Coréia do Norte, além do próprio Iraque e Afeganistão, são sintomas maiores do abismo que se está criando, prenunciando um hiato no processo da globalização, principalmente nos campos polÃticos e sociais, justamente onde se espera que os efeitos da globalização sejam mais positivos e, por isso, a onda globalizante está em cheque e segue sendo questionada na sua forma de condução.
Nesse contexto, o papel da economia cresce de importância, pois para resgatar o sócio-polÃtico ferido pela crise mundial, somente medidas de efeitos benéficos em escala global podem dar novo rumo à humanidade, por meio de uma aplicação mais humana e aglutinadora dos mecanismos econômicos, permitindo que os povos mais pobres, as tribos e os famintos da terra tenham acesso ao trabalho, à moradia, à saúde e à educação.
ImpossÃvel? Talvez? Mas esse é o preço a ser pago pela nossa geração, pela vindoura e, principalmente, pelos “donos do poder econômicoâ€, se os homens quiserem viver em um mundo habitável. Parece utópico, mas pode acontecer se começarmos, desde já, a humanizar a prática econômica, reduzindo as desigualdades abismais entre os povos e entre seres humanos dentro de uma mesma sociedade.
Santa economia! Mas até que cheguem esses tempos dourados..., preparemo-nos para viver grandes emoções.
Alex V. L. Costa
03/04/07
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